12 Setembro 2018
Em meio à grande crise civilizatória, um grupo de pensadores-ativistas propõe um encontro para articular novas resistências e utopias concretas.
O texto é da Fundação Audácia em nome da Humanidade, publicado por Outras Palavras, 10-09-2018. A tradução é de Inês Castilho.
Qual a razão deste convite? Agir como habitantes da Terra contra a mercantilização e a privatização de todas as formas de vida. Os seres humanos não têm de pedir reconhecimento dos direitos e dignidade à classe dominante, às multinacionais e ao mercado.
A fonte legítima do poder pertence aos seres humanos, aos povos e à humanidade. Numa verdadeira democracia, o poder está difundido por todo lado, compartilhado entre todas e todos. Na verdadeira sociedade dos direitos e da justiça, cada ser humano pode viver nos lugares da Terra que escolheu viver. Não há clandestinos na Terra, nem habitantes de segunda ou terceira classe.
A humanidade deve colocar-se e existir como sujeito principal da autorregulação do viver juntos em escala global, responsável pela vida na Terra e pela vida da própria Terra. Convidamos vocês a compartilhar experiências da humanidade ferida e da nova humanidade que está sendo construída na concreta convicção utópica de que seja possível pensar e dar à luz um futuro mais feliz e mais justo para toda a humanidade, cada homem, cada mulher e cada ser vivente.
Os cidadãos e os povos da Terra não participam mais das decisões sobre o futuro da humanidade e da vida. O mínimo de democracia alcançada até os anos 1980 tornou-se apenas uma lembrança. O futuro no mundo foi deixado à arbitrariedade e à dominação de um círculo cada vez mais restrito de poderosos grupos sociais e privados que lutam por seus poderes e enriquecimento (“America first”, “China first”, “Italy first”). Os direitos das pessoas, das comunidades humanas e dos povos foram negados. A humanidade está despedaçada.
Neste 2018, vamos celebrar o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os habitantes da Terra têm que reivindicar a força da vida, a liberdade e a justiça alcançadas por meio dos direitos conquistados até agora. Têm de equipar-se com instituições e meios para assumir a gestão de seu futuro comum sobre uma base pluralista, cooperativa e participativa a partir das comunidades “locais”. A seguridade da existência e o bem viver são juntos um assunto coletivo, comum e global.
Por isso, um grupo pessoas na Europa, América Latina, América do Norte, África e Ásia construiu, em dezembro de 2017, o programa de ação “Audácia em nome da Humanidade” [leia versão em castelhano], cujo objetivo é promover ações para sensibilizar e mobilizar os cidadãos sobre a necessidade e urgência de reconhecer a humanidade como atriz-chave para a regulação política, econômica e social em todo o mundo. Só a humanidade pode falar e agir efetivamente para transformar o mundo no sentido de favorecer e proteger a vida na Terra e todos seus habitantes (incluídas aí todas as espécies viventes). Nesse contexto, a primeira ação é a Ágora dos Habitantes da Terra (AHT).
É parte de uma longa viagem para os habitantes da Terra, com a finalidade de criar outras histórias que estão se desenvolvendo. Os passos nessa direção são numerosos e múltiplos em todo o mundo, testemunhando a grande diversidade e criatividade individual e coletiva. Nossa travessia é parte dos caminhos da rebelião, da resistência e da construção de alternativas às tendências dominantes. Não acreditamos que a prioridade seja recorrer à classe dominante para pedir que sejam menos depredadores, façam menos guerras, sejam menos excludentes e mais “humanos”. Nossa aposta é na audácia.
Pensamos em três tipos de audácia:
1. Erradicar a guerra;
2. Colocar fora da lei os fatores estruturais que geram o empobrecimento no mundo e a exclusão do outro;
3. Eliminar o atual sistema financeiro especulativo depredador.
– O primeiro, contribuir com o processo de construção da humanidade examinando e desenvolvendo novos horizontes para transformar o futuro e, para isso, aprovar um documento de orientação de base, uma “Carta da Humanidade” em direção a um pacto da humanidade. A “Carta” recuperará os grandes valores afirmados e vividos pela humanidade até hoje, e expressará as visões e utopias concretas dos habitantes da Terra para realizá-las. Em particular, tratará de assentar as bases de um dos caminhos mais decisivos, ou seja, a formação de baixo para cima de um Conselho de Segurança para Bens Comuns Públicos. Num momento em que tudo pode converter-se em “bem comum” privado, é fundamental que os bens e os interesses públicos sejam protegidos pela vida;
– O segundo, lançando a iniciativa “Habitantes da Terra – Carteira de Identidade”, promovida pelas redes de Conselhos/ Municipalidades (Autoridades locais) de diferentes continentes, com particular atenção à entrega aos cidadãos de uma Carteira de Identidade Mundial pelos Conselhos, pois são “Habitantes da Terra”. A carteira não terá nenhum valor legal e formal e não pode ser considerada uma nova forma de passaporte. Seu valor será simbólico, humano e social. Graças a esse cartão, os conselhos reconhecerão que todos os seres humanos, enraizados em seus múltiplos espaços de vida (oikos), são habitantes da Cidade-Terra e, portanto, membros da mesma “Comunidade Humana” e a mesma “comunidade de vida” da Terra, antes e para além de serem chineses, brasileiros, finlandeses, gregos, tunisianos, cazaques, japoneses, senegaleses, colombianos, húngaros, norte-americanos, latino-americanos, russos, argentinos, ingleses, franceses, ugandess, uzbeques, vietnamitas, australianos, romenos, alemães, malaios, indianos, iranianos ou quebequenses.
13 de dezembro:
Chegada dos participantes 18h00: Início dos trabalhos. Evento criativo e alegre sobre o tema “a revolta dos habitantes da Terra. Mais além da desigualdade e o roubo da vida”. O evento poderia dar voz e visibilidade aos artistas considerados “marginais” e suas experiências.
14 de dezembro:
Foco na “Carta da Humanidade. Em direção a um pacto da Humanidade”.
Manhã: sessão plenária (eleição dos temas, informes dos grupos de trabalho que trabalharam antes da Ágora, eleição dos campos da Fundação “Audácia em nome da Humanidade” análise e ação e constituição dos grupos de aprofundamento). Tarde: sessões paralelas dos grupos de aprofundamento.
Noite: espaços de música, projeções, exposições
15 de dezembro
Manhã: encerramento do trabalho da Carta da Humanidade
Tarde: Foco em “Os habitantes da Terra”. Primeira parte: sessão plenária Segunda parte: sessões paralelas (grupo de trabalho)
16 de dezembro
Manhã: sessão plenária centrada nos primeiros passos: “Em direção a um Pacto de Humanidade”.
13h30-16h30 Almoço e festa final da Ágora: “A Humanidade em construção. O Pacto de Fraternidade”.
Organização
Entrada livre. Agradece-se uma colaboração simbólica e voluntária (por exemplo, 10 euros).
Figueiras (Figueres) é uma cidade pequena e formosa ao norte da Catalunha, na Espanha, próxima a fronteira francesa. Pode-se chegar por trem (ferrovia Barcelona/Montpellier/Paris) e por avião (aeroportos de Girona e Perpignan). Figueiras é conhecida também como a cidade natal de Salvador Dali.
As atividades da Ágora serão realizadas no “Chateau Sant Ferran”. Ali poderão também ser organizadas atividades culturais e artísticas programadas. Os idiomas serão espanhol, catalão, francês e inglês. Cada participante terá de pagar seu alojamento diário (entre 41 e 55 euros), com café da manhã incluído.
Pode-se escolher entre diferentes hotéis. Cada participante é livre para escolher ou deixar de escolher nossas sugestões. Nossa organização não receberá nenhuma comissão.
Cada participante se encarrega de pagar sua viagem e nós, os membros da equipe promotora da Ágora, tentaremos criar um fundo de solidariedade como ajuda, se possível, aos jovens participantes da África, America Latina e Ásia.
Composição da Equipe Promotora do Ágora (em 15 de Julho de 2018)
África (Guido Barbera, Jean-Pierre Wauquier); Alemanha (Francesco Comina e Genny Losurdo); Argentina (Anibal Faccendini); Ásia (Francine Mestrum, Siddhartha, Fireflies); Bélgica (Fabienne Minsart e Alain Adriaens), Brasil (Marcelo Barros, Marcos Arruda,); Chile (Luis Infanti de la Mora,); Espanha (Charles Ruiz), Catalunha (Rinaldo Muscolino); França (Corinne Ducrey); Internacional em geral (João Caraça, Henri-Claude de Bettignies, Curzio Maltese, Rinaldo Muscolino, Riccardo Petrella, Roberto Savio, Patrick Viveret); Itália (Paola Libanti, Paolo Cacciari,); Quebec (Raphael Canet, Carminda Mac Loin), Tunísia (Domeico Rizzuti).
Fundação “Audácia em nome da Humanidade”
Para qualquer contato
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (Paola Libanti, Ricardo Petrella) Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (Francesco Comina, Genny Losurdo)
Website: https://audacia-umanita.blogspot.com
Grupo no Facebook: L’agorà degli abitanti della Terra
Reservas
Reservar clicando nese link: https://btn.ymlp.com/xgeuqshbgmgeh
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Por uma Ágora da Terra, contra o mundo-mercadoria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU