21 Março 2018
“A Ceia do Senhor, sublinham os evangélicos, é precisamente Ceia do Senhor, e não da Igreja. É Ele quem convida, e cabe a cada crente, independentemente de sua pertença confessional e apesar das eventuais diferenças na compreensão do significado desse gesto, responder ao convite do Senhor.”
A opinião é do pastor italiano Luca Maria Negro, presidente da Federação das Igrejas Evangélicas na Itália (FCEI), em artigo publicado por Riforma, publicação das Igrejas evangélicas batistas, metodistas e valdenses italianas, 23-03-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Boas notícias ecumênicas para os casais interconfessionais: durante sua última assembleia, realizada no fim de fevereiro, a Conferência Episcopal Alemã anunciou a publicação de um guia pastoral sobre a partilha da eucaristia por parte dos casais interconfessionais.
Um guia pastoral que, finalmente, deveria prever aberturas para os numerosos casais formados por um protestante e um católico, casais unidos na vida de todos os dias, mas separados à mesa do Senhor. A abertura ainda não será generalizada: deverá ser decidida caso a caso, e a decisão final deveria caber aos responsáveis pelo cuidado das almas, a quem o documento é dirigido principalmente.
No entanto, trata-se de um passo importante, que incorpora um dos compromissos assumidos por católicos e luteranos em Lund (Suécia) em 31 de outubro de 2016, quando, em sua declaração conjunta, afirmavam a “responsabilidade pastoral comum” de responder à “sede e fome espirituais” de muitos fiéis que desejam “receber a eucaristia à mesma mesa, como expressão concreta da plena unidade”.
É um passo importante também porque o Sínodo dos bispos sobre a família, ocorrido em Roma em 2015, rejeitou os pedidos de abertura provenientes da Rede Internacional das Famílias Interconfessionais e reiterou que, “embora os cônjuges de um matrimônio misto tenham em comum os sacramentos do batismo e do matrimônio, a partilha da Eucaristia não pode ser senão excepcional”.
Pouco depois do posicionamento do Sínodo dos bispos, porém, uma abertura inesperada veio do Papa Francisco que, em visita à Igreja Luterana de Roma e questionado sobre o tema, perguntou-se se “partilhar a Ceia do Senhor é o fim de um caminho ou é o viático para caminhar juntos” e concluiu com um apelo à consciência dos casais envolvidos: “Vejam vocês... É um problema a que cada um deve responder. Falem com o Senhor e sigam em frente”.
E do ponto de vista das Igrejas evangélicas? Digamos que o problema não se coloca: a Ceia do Senhor, sublinham os evangélicos, é precisamente Ceia do Senhor, e não da Igreja. É Ele quem convida, e cabe a cada crente, independentemente de sua pertença confessional e apesar das eventuais diferenças na compreensão do significado desse gesto, responder ao convite do Senhor.
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Hospitalidade eucarística: boas notícias ecumênicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU