07 Março 2011
"Tornar-se divino é tornar-se uno com a Criação". Essa frase de Gandhi ilustra bem a proposta e a motivação dos debates acerca da espiritualidade e da ecologia dentro do programa Páscoa IHU 2011. Essa temática será abordada em dois eventos especiais, ambos no dia 7 de abril, com a presença do Ir. Marcelo Barros de Souza (foto), da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo - ASETT.
O primeiro deles é a palestra Diálogo inter-religioso e Ecologia, das 17h30min às 19h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros - IHU.
O segundo encontro é o painel das religiões Espiritualidade e Ecologia. Uma perspectiva inter-religiosa, em conjunto com o Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo - Gdirec, das 19h30min às 22h, no Auditório Central da Unisinos.
Marcelo Barros é monge beneditino, biblista e escritor, além de assessor do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST e das Comunidades Eclesiais de Base. Como membro da Comissão da Coordenação Latino-americana da ASETT, Barros se dedica especialmente ao macroecumenismo e às relações com as religiões afrodescendentes e indígenas.
Em seu mais recente livro, O Amor Fecunda o Universo (Ed. Agir, 2009), com coautoria de Frei Betto, Barros afirma que "o ser humano só mudará a sua forma de relacionar-se com os seus semelhantes e com os outros seres vivos se optar por um olhar de amor sobre o Universo e, ao aprofundar a relação consigo mesmo, aceitar vislumbrar por trás de cada ser do Universo a marca divina".
Por isso, afirma, a teologia bíblica e cristã pode ajudar no desenvolvimento de uma espiritualidade ecológica e ecumênica, que pode, por sua vez, "colaborar com um projeto de ecossocialismo alternativo ao sistema capitalista vigente", que nasça a partir das comunidades populares.
Em entrevista à IHU On-Line, Barros indica que, "para responder aos `gemidos da criação`, temos antes de ser capazes de `escutá-los` e compreendê-los em sua natureza complexa e suas causas". Por isso, é preciso repensar a cultura do consumo, que atinge grande parte dos seres vivos não humanos. "Quem aprofunda uma espiritualidade ecológica – afirma – começa a pensar em um vegetarianismo de paz e não-violência com as outras espécies animais".
Uma das formas de vivenciar essa espiritualidade, testemunha o monge, é o que ele chama de "teologia ecológica da eucaristia", ou seja, "a ceia da partilha e da comunhão na qual a presença de Cristo se dá através dos elementos básicos da vida e da natureza". Assim "podemos compreender que todo o universo, com a imensidade da sua `comunidade da vida`, não somente se torna uma espécie de presépio permanente para a manifestação humana de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, mas também é assumida mesmo pela encarnação como uma espécie de extensão do corpo do Cristo".
Além da presença de Marcelo Barros, a programação da Páscoa IHU 2011 aprofunda ainda a reflexão sobre o cuidado da vida na cultura contemporânea por meio da exibição dos filmes A Era da Estupidez, de Franny Armstrong (2009, 98 min.), no dia 30 de março, das 19h30min às 22h, e Home – Nosso Planeta, Nossa Casa, de Yann Arthus-Bertrand (2009, 90 min.), no dia 26 de abril, no mesmo horário, ambos na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros - IHU.
Veja aqui a programação completa.
(Por Moisés Sbardelotto)
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Ecologia: um desafio para a espiritualidade contemporânea - Instituto Humanitas Unisinos - IHU