Em painel da ONU sobre genocídio, pesquisadora diz que “destruição dos povos indígenas vai além do extermínio físico”

Foto: Pexels | Canva Pro

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Março 2025

A convite do Cimi, professora Fernanda F. Bragato propõe aprimoramento de práticas investigativas e fatores de risco para povos indígenas.

A informação é publicada pelo Conselho Indigenista Missionário - Cimi, 05-03-2025.

“É urgente reconhecer que a destruição sistemática dos povos indígenas vai além do extermínio físico”, declarou por vídeo a professora e pesquisadora de Direitos Humanos da Unisinos, Fernanda F. Bragato, no início da manhã desta quarta-feira, 5, durante o Painel sobre alerta precoce e prevenção de genocídios na 58a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

A convite do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a professora, especialista em direitos indígenas, propôs à Assembleia dos Estados Partes “o estabelecimento de um grupo de trabalho sobre os povos indígenas para aprimorar as práticas investigativas e de acusação no TPI (Tribunal Penal Internacional) e que os escritórios competentes desenvolvam fatores de risco específicos para os povos indígenas a fim de integrar os mecanismos de alerta precoce do sistema”.

Lembrou ainda à comunidade internacional que a “jurisprudência internacional já reconheceu que a destruição cultural pode constituir um crime internacional e que a perseguição sistemática pode ser considerada genocídio”.

Eis o pronunciamento.

Senhor Presidente,

A interpretação restritiva de genocídio, moldada por escolhas políticas, tem ignorado a complexidade das culturas não europeias, perpetuando padrões de colonialismo tardio. Como resultado, crimes hediondos contra os povos indígenas continuam impunes. Governos e setores da sociedade atacam os territórios e modos de vida indígenas por meio de técnicas genocidas sofisticadas.

É urgente reconhecer que a destruição sistemática dos povos indígenas vai além do extermínio físico ou “o que ocorre na mente do perpetrador”. Deve também incluir a ruptura de seus alicerces existenciais. A jurisprudência internacional já reconheceu que a destruição cultural pode constituir um crime internacional e que a perseguição sistemática pode ser considerada genocídio.

Essa revolução legal exige um melhor acesso à justiça internacional, uma reavaliação dos mecanismos de diligência dos estados e a inclusão dos povos indígenas em uma discussão de prevenção com abordagens culturalmente apropriadas.

Propomos que este Conselho recomende à Assembleia dos Estados Partes o estabelecimento de um grupo de trabalho sobre os povos indígenas para aprimorar as práticas investigativas e de acusação no TPI e que os escritórios competentes desenvolvam fatores de risco específicos para os povos indígenas a fim de integrar os mecanismos de alerta precoce do sistema.

Obrigada

Leia mais