28 Novembro 2023
"Que dar só por dar não basta: é preciso fazê-lo com delicadeza. Que reivindicar tudo como um direito não é sensato: devemos, ao contrário, aprender a praticar com maior empenho a arte da gratidão", escreve José Tolentino Mendonça, cardeal português e prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, em artigo publicado por Avvenire, 25-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Qual o segredo da gentileza, dessa forma afetuosa de administrar a realidade e as relações? Acredito que resida na sabedoria de não colocar como força motriz da vida a desconfiança nos outros ou a indiferença, mas uma capacidade concreta de empatia com os nossos semelhantes, tanto nas coisas grandes quanto naquelas que nos parecem migalhas, meros detalhes. A gentileza exige de nós que antes de qualquer julgamento, nos coloquemos no lugar do outro e com mais frequência nos perguntemos o que ele está sentindo, do que precisa, que desejo daria alívio ao seu espírito ou faria reacender seu sorriso.
A gentileza é aquela pureza de coração que nos permite olhar para o outro sem julgamentos prévios, com uma verdadeira disposição para ouvir e compreender.
A gentileza nos ensina que amar não é suficiente: deve ser feito com elegância. Que dar só por dar não basta: é preciso fazê-lo com delicadeza. Que reivindicar tudo como um direito não é sensato: devemos, ao contrário, aprender a praticar com maior empenho a arte da gratidão. A gentileza nos impele a construir presenças que não sejam sufocantes, conversas que não ocupem inutilmente, presentes que não prendam, mas colocar o outro no centro, escolhendo para nós o escondimento de quem sabe que a verdadeira alegria está em servir.
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A gentileza. Artigo de José Tolentino Mendonça - Instituto Humanitas Unisinos - IHU