"A partir de Roma, a Sinodalidade que era apenas episcopal (Sínodo dos Bispos), o papa a tornou dimensão eclesial: o jeito normal de toda a Igreja ser. Quando o papa propõe que nesse processo sinodal, sejam ouvidas todas as pessoas, mesmo aquelas que não frequentam as comunidades, está indicando essa nova dimensão de comunidades que não têm sua demarcação definida de modo tão estrito. As Cebs seriam esse espaço de comunhão e de vida na fé de pessoas e grupos que querem caminhar juntos, valorizam as bandeiras da caminhada libertadora, mas em relação à pertença mais estritamente eclesial, não se situam nos grupos paroquiais, nem nas pastorais mais internas das Igrejas".
O artigo é de Marcelo Barros, monge beneditino, teólogo e assessor das Comunidades Eclesiais de Base e de movimentos sociais.
Para nós, que pertencemos à Igreja da Caminhada Libertadora, o processo sinodal proposto e coordenado pelo papa Francisco nos pede a tarefa de discernir o tipo de Sinodalidade que seria próprio das Cebs e da caminhada de inserção eclesial. Também precisamos aprofundar como viver isso na comunhão de toda a Igreja, com as dificuldades que essa tem de ligar Sinodalidade e a cultura hierárquica que, durante séculos, a caracteriza.
Proponho tratarmos isso na linha do ver, julgar e agir, ou seja,
1º - tentar compreender a realidade eclesial católica, no mundo e no Brasil.
2º - analisar essa realidade a partir da eclesiologia que floresceu entre nós a partir do Concílio Vaticano II e Medellín.
3º - Finalmente, buscar pistas e luzes sobre como viver a Sinodalidade que seria própria das Cebs e da Igreja da Caminhada no diálogo e comunhão com o conjunto da Igreja Católica e sua hierarquia.
(Publico essas páginas ainda como um texto provocativo e aberto ao diálogo, a discussões e a qualquer correção que os irmãos e irmãs julgarem oportuno fazer).
Há cardeais e bispos que suspeitam de que, ao propor a Sinodalidade como modo normal da Igreja ser, o papa esteja conduzindo a Igreja Católica por caminho herético e perigoso. Desde o segundo milênio, a Igreja Latina se construiu em torno da autoridade do papa. De acordo com o Direito Canônico, o papa exerce o poder absoluto. Pode contestar a quem quiser e não pode ser contestado por ninguém.
É verdade que o Concílio Vaticano II ressaltou a importância das Igrejas locais, como realização concreta do mistério da Igreja (Cf. Lumen Gentium 23 e Christus Dominus 11). No entanto, o Concílio não conseguiu tirar as consequências disso no plano organizacional, que continuou organizada como Cristandade. Logo depois do Concílio, o papa Paulo VI instituiu o Sínodo dos Bispos, mas como órgão consultivo do papa. Por trás de tudo isso, há a compreensão da Catolicidade compreendida como consenso de submissão à autoridade do papa e da hierarquia da Igreja.
Na cultura católica vigente, é católico quem aceita todos os ensinamentos e doutrinas que a hierarquia proclama como sendo o modo de pensar da Igreja. Quando alguém critica o papa, ou afirma discordar de alguma norma eclesiástica, sempre há quem reaja com afirmações do tipo: “Quem discorda deveria deixar a Igreja. Se não está satisfeito, se retire”. Isso ocorre por parte de setores conservadores, ao criticar progressistas e, infelizmente, acontece, igualmente, em meios progressistas. Ao verem vídeos ou lerem pronunciamentos de grupos tradicionalistas que criticam a CNBB ou se posicionam contra a Campanha da Fraternidade, ou contra o papa Francisco, há pessoas ligadas à nossa caminhada que reagem dizendo o mesmo: quem discorda deve sair. O que está por trás disso é a concepção equivocada de que Catolicidade significa consenso obrigatório e uniformidade de doutrina e de caminho. Esse é o modelo de unidade, praticado na Igreja-Cristandade, centralizada em Roma e sob a autoridade inquestionável e absoluta do papa.
É essa compreensão que faz com que o processo sinodal avance mais lentamente e possa dar a impressão de que, no diálogo no Espírito, ao menos até aqui, tenham se evitado tratar os problemas mais candentes e desafiadores que, hoje, dividem a Igreja.
É normal e compreensível que a busca da Sinodalidade, através do diálogo no Espírito, tenha como objetivo buscar o consenso possível em relação aos desafios novos da pastoral e da organização eclesial. No entanto, se essa busca for profética, ou seja, se fundamentar realmente na escuta do Espírito, não pode ser simples acomodamento às instâncias da hierarquia como poder constituído. Se a Sinodalidade como caminhar juntos não puder se realizar na diversidade e mesmo em meio ao dissenso, nada mudará substancialmente em relação à velha cultura católica colonial.
Na assembleia sinodal que ocorreu em Roma e em todo o processo sinodal, os responsáveis têm deixado claro que a Sinodalidade proposta não põe em risco a função da hierarquia e a autoridade dos bispos e ministros ordenados (por exemplo, ver no Documento de Síntese, o número 11). No entanto, fica o desafio de aprofundar que tipo de sinodalidade pode se realizar a partir do princípio hierárquico compreendido como poder sagrado.
Infelizmente, ainda se confunde ministérios e hierarquia. Em alguns de seus livros, o teólogo Yves Congar afirmava que, na Igreja Católica, antes do Concílio Vaticano II, não havia Eclesiologia e sim uma hierarcologia. a teoria de uma Igreja “sociedade perfeita, por essência desigual e hierárquica” [1].
Muitas vezes, se identifica “natureza hierárquica da Igreja” com sua dimensão ministerial, como se ministério e hierarquia fossem a mesma coisa. Para grande parte da hierarquia, do clero e de grupos católicos, o caráter hierárquico da Igreja é dimensão essencial do seu modo de ser e não pode ser colocado em questão.
Medard Kehl (1942- 2021), teólogo alemão que aprofundou a Eclesiologia, ensinava que o termo hierarquia, (poder sagrado) é conceito neoplatônico – e foi introduzido na linguagem eclesial pelo pseudo-Dionísio, no século VI. O modelo piramidal de Igreja, no qual a escada desce do papa que está no pico da pirâmide até os leigos e leigas que estão em baixo, não existia nos primeiros séculos do Cristianismo e, dificilmente, se harmoniza com a igualdade fundamental de todos os fiéis, proposta pelo Concílio Vaticano II. E esse teólogo não tem dúvida em afirmar que esse modelo de Igreja merece a denúncia que Jesus fez contra os religiosos do templo e contra os governantes dos povos e seus métodos‟ (Mt 20, 25ss) [2].
Ministério e hierarquia se tornaram praticamente sinônimos a partir da inserção da Igreja no império romano e, a partir daí, a experiência histórica do modelo de Igreja que, comumente, chamamos de Cristandade.
Conforme o querido e saudoso Pablo Richard, “Cristandade é uma forma determinada de relação entre Igreja e a sociedade civil, relação cuja mediação fundamental é o Estado”. Para ele, “em um regime de Cristandade, a Igreja procura assegurar sua presença e expandir seu poder na sociedade civil, utilizando antes de tudo a mediação do Estado” [3].
Evidentemente, o modo como esse casamento entre Igreja e o poder do Estado se desenvolveu mudou bastante desde o século IV, quando o imperador Constantino acolheu o Cristianismo no Império. Desde então, se criou uma “religião civil” e uma sociedade dita cristã, em formas diferenciadas, mas cujo núcleo é o mesmo. Gira em torno do poder e, até nossos dias, mantém elementos ainda fortes na sociedade dominante e no modo de ser Igreja.
O papa Francisco tem proposto a imagem da pirâmide invertida e denuncia o clericalismo, como abuso do ministério. No entanto, o que caracteriza o clericalismo é mais do que o abuso de usar o ministério ordenado para buscar privilégios. Enquanto se mantiver como essencial a diferença entre pessoas batizadas, quem é ordenado e quem não é, não há como superar o clericalismo. Uma Igreja hierárquica é, necessariamente, clerical. Não há como dissociar clericalismo e hierarquia.
Querendo ou não, todos nós somos condicionados a identificar Igreja Universal com Cristandade católico-romana, em seu modelo de Cristandade. Mesmo pensadores abertos e de opção libertadora defendem que a pertença à Igreja exige obediência e submissão aos bispos e ao papa. Fomos formados e habituados a conviver com a Cristandade explicitamente colonial. Atualmente, convivemos com um contexto novo: uma Igreja tradicional e agarrada aos valores da Cristandade constantiniana, embora coordenada por um papa aberto ao mundo e em diálogo com a humanidade. Para isso, ele se mantém chefe de Estado e líder de uma instituição que continua com todo o aparato da Cristandade tridentina, mesmo se já usa terminologia de comunhão de Igrejas locais e de sinodalidade.
Provavelmente, isso não poderia ser de outro modo e damos graças a Deus pelo caminho percorrido. No entanto, é importante nos dar conta de que mesmo os avanços conquistados se situam dentro desse modelo que está estruturalmente esgotado e que espiritual e teologicamente não tem mais sentido. Mudar isso é difícil porque pede conversão e senso crítico, em primeiro lugar dos próprios setores mais abertos que, ainda, muitas vezes, advogam uma espécie de Cristandade de esquerda, mas Cristandade.
Essa mudança exige aprofundamento teológico e espiritual. Supõe coragem, despojamento e abertura interior para caminhar no escuro e não ter respostas já prontas para todos os desafios. É como caminho no deserto, sem mapas pré-fabricados, sem roteiros turísticos pré-definidos e sem certeza do amanhã, a não ser a confiança no Espírito que sopra hoje essa mudança fundamental e urgente. Estrutural e não apenas cosmética.
O padre Yves Congar, estudioso da Eclesiologia, na sua história foi um dos teólogos que mais contribuíram para a mudança teológica sobre a Igreja realizada pelo Concílio Vaticano II. Ele considerava que a definição de Igreja como sociedade era legítima como conceito sociológico e evidente na observação da realidade material da instituição eclesial romana atual. No entanto, ver a Igreja como sociedade não ajuda como caminho pastoral, nem para conceituar teologicamente a Igreja. Conforme Congar, enquanto se olhar a Igreja preponderantemente como “sociedade”, não se vai além da categoria de Igreja hierárquica, consagrada pelo Concílio de Trento (1545).
No ensaio Pode-se definir a Igreja? (1961), ele se interroga sobre o conceito mais apropriado para definir a Igreja. Conclui que a realidade e o mistério da Igreja podem ser compreendidos a partir de quatro categorias: as noções de Povo de Deus, Corpo de Cristo, Sociedade e Comunhão. No fim, conclui que a categoria fundamental é a de Povo de Deus, enriquecida com a imagem de “Corpo de Cristo” [4]. E foi essa a visão aceita e adotada pelo Concílio na constituição sobre a Igreja (Lumen Gentium).
Por vários motivos, o Concílio Vaticano II não pode tirar todas as consequências do seu ensinamento sobre a Igreja como Povo de Deus, encarnado, concretamente, em cada Igreja local. Propôs conceitos como comunhão das Igrejas, colegialidade dos bispos e a compreensão da fé que o conjunto do povo de Deus tem (sensus fidelium) como categorias fundamentais e critérios de fé. No entanto, um elemento como a Sinodalidade decorre da teologia conciliar, mas só está podendo ser desenvolvida 60 anos depois. Isso mesmo em parte, em processo gradual.
Em 1999, no documento preparatório para o Sínodo sobre a Ásia, a Federação das conferências episcopais da Ásia afirmou: “A compreensão que a Igreja tem de si mesma é a de ser verdadeiramente e sempre Igreja local, incarnada em um povo, autóctona e inculturada É o corpo do Cristo feito real e encarnado em um povo particular, no tempo e no espaço”(Doc dos bispos asiáticos, n. 1[5] ).
Essa perspectiva de uma organização eclesial que parta realmente das Igrejas locais é a única perspectiva de superação da velha Cristandade latina e abre portas para uma real Sinodalidade. Na realidade, enquanto a Igreja Católica e outras Igrejas ainda se moverem dentro das velhas estruturas de Cristandade, o tipo de Sinodalidade possível é muito limitado.
Pedro Casaldáliga afirmava: “a Igreja de Jesus Cristo não é democrática, não porque seja indiferente à Democracia e sim porque, para a Igreja, ser democrática é pouco. Ela deve ser mais do que democrática. Deve ser comunhão”.
A Igreja de Jesus Cristo não é democrática, não porque seja indiferente à Democracia e sim porque, para a Igreja, ser democrática é pouco. Ela deve ser mais do que democrática. Deve ser comunhão - Pedro Casaldáliga
A tensão entre instituição e profecia se dá pelo fato de que, enquanto a instituição eclesiástica se legitima e se fortalece a partir de uma ideologia de consenso, a profecia não busca o consenso a qualquer preço. Os/as profetas sabem que a unidade é dom divino e é o que há de mais sagrado para manter vivo o corpo da Igreja. No entanto, a unidade não pode ser pretexto para a uniformidade institucional que mantém a aparência de unidade, garantida através do autoritarismo de quem detém o poder e não quer perdê-lo. Se o contexto é de Cristandade, facilmente, a busca do consenso pelo consenso legitima o autoritarismo da maioria dominante e facilita a desresponsabilização de quem diverge. Esse tipo de unidade não vem do Espírito e nada tem de sadio.
Na Bíblia, de acordo com a tradição deuteronômica, quando o poder do rei de Judá se tornou despótico sobre as tribos do norte, Deus inspirou não a unidade, mas a divisão, ou seja o cisma. Quando o rei Roboão quis lutar para recuperar a unidade e trazer de volta ao seu reino as tribos do norte, de acordo com o texto bíblico, a palavra do Senhor foi dirigida ao profeta Semei: “Fala a Roboão: volta para casa e não tenta recuperar a unidade com Israel. Essa divisão fui eu que fiz” (1 Reis 12, 22- 24).
Na Bíblia, muitas vezes, os profetas se colocaram contra os sacerdotes do templo que se colocavam como se fossem proprietários de Deus, os únicos a poderem falar em nome dele.
Ao denunciar a religião ritual como sendo mera busca de segurança humana, os profetas se colocavam contra a cultura popular que gosta da religião e contra o consenso da unidade formada a partir do poder sacerdotal. Alguns profetas foram ameaçados de morte por sacerdotes. Basta lembrar o caso de Amós e de Jeremias. Os profetas e profetizas proclamaram que a aliança que Deus fez com o povo hebreu no Sinai tinha como base que todo povo se tornasse sacerdotal, isso é, mediador do Amor Divino em relação à humanidade e ao universo: “Vós sereis para mim, um reino de sacerdotes, uma nação toda santa” (Ex 19, 6).
No Novo Testamento, as comunidades paulinas se organizavam dentro das sinagogas. Paulo e sua equipe missionária viveram como membros do Judaísmo, mas em dissenso e como contraponto ao Judaísmo rabínico do primeiro século. Só nos anos 80, as comunidades cristãs tiveram de sair do Judaísmo e ao que parece pelo fato de terem sido expulsas.
Para a Igreja que quer ser de Jesus Cristo, a unidade é sempre meta fundamental. Para a construção da unidade, é importante que se busquem consensos e unanimidades, mas não a qualquer preço. A busca do consenso tem de ser libertada do compromisso de acomodação ao poder. A Igreja deve aceitar ser sempre desafiada pelo espírito da novidade da profecia.
Não por acaso, na primeira geração cristã, não se falava em sacerdotes ordenados nem clero. Havia comunidades apostólicas, como aparecem nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), mas há também comunidades como a do Discípulo Amado, a qual temos acesso através do 4º evangelho. Esta só conhece discípulos e em nenhum momento faz distinção entre quem é ministro e quem não o é.
Durante toda a história da Igreja, a profecia foi exercida por grupos que se colocavam dentro da Igreja, sem romper, mas também sem se acomodar simplesmente às regras do poder eclesiástico. Isso foi assim com o movimento monástico do século IV, com o franciscanismo do século XIII, com as beguinas e beguinos dos últimos séculos medievais.
Na Reforma, isso não foi possível, porque o papa e a hierarquia eclesiástica romana excomungaram Lutero e os/as reformadores/as. E esses também se moviam dentro do mesmo universo da Cristandade. Lutero precisou buscar apoio junto a príncipes alemães e acabou por se colocar do lado dos príncipes na luta contra Thomas Munzer e os camponeses.
Em nossos tempos, a experiência de bispos como Dom Helder Camara ou Pedro Casaldáliga revela a sabedoria de viver a profecia no dissenso que consegue evitar rupturas, mas não se deixa incorporar.
Ambos, tanto Dom Helder Camara, como Pedro Casaldáliga não conseguiram mudar instituições. A arquidiocese de Olinda e Recife, mesmo no tempo do pastoreio de Dom Helder, continuou sendo uma Igreja conservadora, embora com grupos da caminhada libertadora e com a missão profética animada pelo Dom e por seu pequeno grupo de colaboradores/as (sobre isso, vale a pena reler o belo livro de Eduardo Hoornaert: Helder Camara: quando a vida se faz dom. Paulus, 2021).
A prelazia de São Félix do Araguaia nunca foi totalmente transformada pela experiência pastoral que Pedro Casaldáliga e a sua equipe animaram. Eles irradiaram para o Brasil e para o mundo a profecia de um novo jeito de ser Igreja. No entanto, na própria prelazia, tinham base pequena e minoritária. Não trabalharam com a busca do consenso, nem com a ideia de uma Igreja Cristandade, acomodada à realidade tradicional dominante.
A partir do Concílio Vaticano II, durante quase dez anos, Dom Helder Camara ainda buscou o consenso e a aprovação das instituições romanas para o seu projeto de um Cristianismo profético como fermento de um mundo fundamentado na Justiça e na Paz. No começo dos anos 1970, o Dom se dá conta de que tal projeto só avança até certo ponto. Os compromissos necessários e a busca do equilíbrio interno faz com que as instituições nunca se abram totalmente à profecia.
A partir da experiência de ter fracassado ao propor a profecia a partir do consenso, Dom Helder faz uma mudança importante em seu projeto de missão. Toma consciência de que, na Igreja, o princípio do consenso sempre acaba legitimando a autoridade da hierarquia e a manutenção de um status quo, contrário ao projeto divino.
A partir do começo dos anos 1970, Helder Camara começa a reler a Bíblia a partir do resto de Israel, dos pobres de Javé e lança o apelo a grupos minoritários e mesmo marginalizados pelas estruturas. Esses grupos que ele chama de “minorias abraâmicas”, gente sem poder e marginalizada, mas com a energia do Espírito é que serão convidados a ser sinais e instrumentos de um mundo novo possível. Serão comunidades e pequenos grupos que não se identificam com a instituição, em alguns casos não a obedecem, mas não rompem com ela.
No século XIII, Santa Clara de Assis foi a Roma pedir ao papa Inocêncio III a aprovação de sua regra (para as clarissas). O papa a recebeu e lhe disse: - Minha filha, aprovamos a sua regra, mas decidimos dispensar vocês de viverem uma pobreza tão rigorosa como a proposta nessa regra.
Clara lhe respondeu, cara a cara:
- Santo Padre, eu lhe peço que perdoe os meus pecados, mas não que nos dispense de viver o evangelho de Jesus.
Há quem se pergunte se ainda há verdadeiramente Cebs nas nossas Igrejas locais. Documentos recentes do episcopado identificam Cebs com “pequenas comunidades”, como se qualquer capela do interior ou grupo de novena na paróquia pudesse ser visto como comunidade eclesial de base.
Os esforços de João Paulo II e Bento XVI em reavivar a velha Cristandade ocidental concentrou toda a vida e a missão da Igreja na paroquialização e muitas das comunidades eclesiais de base que eram o rosto da Igreja no mundo foram cooptadas e se tornaram um grupo paroquial entre outros, sem as características para que foram criadas em décadas anteriores.
Atualmente, além desse fenômeno da paroquialização das Cebs, se assiste também e talvez mais ainda a certo processo de desaparecimento ou invisibilidade. Essa invisibilidade das Cebs se explica pela desagregação de muitas comunidades rurais, levadas a uma urbanização forçada na direção das periferias. Deve-se ao agravamento da crise econômica e do trabalho e às novas faces da pobreza bem menos “bonitas e limpas” do que se apresentavam nos anos 80 e mesmo 90.
Hoje, menos do que em outros tempos, é impossível elaborar uma carteira de identidade única das Cebs e querer enquadrar as comunidades concretas no modelo pré-confecionado em textos.
Se olhamos para a realidade muito diferenciada existente nas diversas regiões, encontramos, principalmente, no Nordeste e no Centro-oeste, comunidades de fé e de caminhada que resistem no estilo dos anos 80 e 90: grupos que se reúnem semanalmente em torno da Palavra de Deus e nos quais as pessoas se ajudam, se apoiam e, muitas vezes, mantêm um serviço de solidariedade organizada aos mais empobrecidos ou carentes.
Há também grupos nos quais a base não é mais a vizinhança física. Alguns se reúnem como categoria social, operários/as, lavradores/as, grupos de PJ, grupos animados pela Caritas e outros. Esses vivem a eclesialidade na luta social e política assumida como caminho de fé. Podem ser considerados como sendo da linha das Cebs. E há grupos que nem se situam exatamente dentro da Igreja institucional. São cristãos e cristãs desigrejados, mas que se sentem membros da caminhada e se identificam com a cara das Cebs e dos grupos de pastorais sociais. (Nas diversas regiões, qual a relação entre as equipes de Caritas e de movimentos como o Movimento de Trabalhadores Cristãos (antiga ACO – Ação Católica Operária e a Igreja hierárquica?).
A Sinodalidade proposta pelo papa Francisco representa um passo novo e importante na retomada da eclesiologia do Concílio Vaticano II e resgata, para nós, da América Latina, o melhor do que representou a 2ª conferência do episcopado latino-americano em Medellín (1968); experiência profética que teve pouca continuidade nas assembleias posteriores do episcopado latino-americano e caribenho.
Ao afirmar que a Sinodalidade é um modo normal da Igreja ser, o papa Francisco confirma a experiência que, desde a década de 1960, no nosso continente, os chamados grupos do evangelho, comunidades da Palavra e comunidades eclesiais de base (Cebs) viveram na busca de inserção entre as camadas mais empobrecidas e sofredoras da população e em diálogo com os movimentos populares que lutam por transformar o mundo.
Depois de décadas de marginalização e de exílio dentro da sua própria Igreja, finalmente se faz justiça a tantos irmãos e irmãs que foram objeto de perseguições e incompreensões de todo tipo, por parte dos pastores que deveriam apoiá-los e confirmá-los na fé. Sofreram e deram a vida pela causa do reino de Deus.
Francisco retoma o diálogo amoroso e evangélico com a humanidade, interrompido desde os tempos do papa João XXIII e suscita nos próprios ambientes internos da Igreja uma cultura do diálogo que não existia. No entanto, os desafios são muitos para que esse caminho profético da Igreja nas bases não seja interrompido.
Entre os vários desafios que, em nossos dias, as Cebs enfrentam, sem dúvida alguma, um dos mais importantes é como se relacionar com os padres e bispos em muitas dioceses. No XV Encontro intereclesial de Cebs em Rondonópolis (julho de 2023), todos os grupos de trabalho trouxeram esse desafio: a dificuldade de muitos padres nas paróquias e mesmo muitos bispos aceitarem as Cebs e respeitarem a caminhada própria das comunidades. Sem dúvida, o processo sinodal proposto pelo papa Francisco traz um elemento novo para essa questão e é possível que a solução esteja em clarear o tipo de eclesialidade, e portanto, de sinodalidade que seria adequado e próprio para as Cebs.
Sinodalidade é sinônimo de Caminhada e para o Cristianismo da Libertação se traduz por “caminhada de inserção libertadora”. É a partir da caminhada concreta de cada comunidade que se pratica a sinodalidade como propunha o papa Francisco, como “modo normal de ser Igreja”.
Caminhar juntos supõe que cada um tenha o direito de caminhar com seus próprios pés e no caminho que lhe é próprio. Na Igreja Cristandade, isso é impossível. Aparentemente, só existe o velho modelo hierárquico e a comunhão com a Igreja só se dá na submissão ao bispo e aos padres. No entanto, é preciso lembrar que, mesmo dentro desse modelo dominante e sem precisar romper com a Igreja local, ou com os bispos, sempre existiram casos especiais e situações em que o Direito Canônico abriu exceções.
A partir da Idade Média, as ordens religiosas são consideradas isentas. Não dependem diretamente dos bispos locais e sim de Roma, através dos superiores/as da ordem. Em nossos dias, o papa João Paulo II alargou esse “direito pontifício” para novos movimentos eclesiais.
Hoje, à luz de uma eclesiologia de comunhão, centrada nas Igrejas locais, não há sentido em falar de isenção em relação ao poder do bispo local. O que se torna possível na linha da Sinodalidade é propor nova forma de relação que não seja de submissão e dependência e sim de comunhão em um caminho comum. É possível pensar um estatuto jurídico no qual as CEBs e as pastorais sociais vivam um tipo de pertença eclesial, que possibilite a profecia e, ao mesmo tempo, não seja paralelismo herético ou deserção.
No Brasil, em décadas recentes, em várias dioceses engajadas e com trabalhos proféticos, quando o bispo foi substituído, dentro de pouco tempo, o sucessor fechou tudo e extinguiu as pastorais sociais.
Para reagir a esse tipo de arbitrariedade, em Recife, quando Dom Helder Camara renunciou ao cargo de arcebispo, as pastorais sociais se reuniram e fundaram dois centros, um de documentação (CEDOC) e outro de educação (CENDHEC) que abrigaram as pastorais sociais e puderam lhes dar certa autonomia e garantir a continuidade de trabalhos eclesiais que a nova administração da arquidiocese não aceitava.
No começo dos anos 1970, ficou definido que, na CNBB, há organismos que pertencem ao quadro da pastoral oficial, como é o caso do CIMI, Conselho Indigenista Missionário e há organismos ligados à CNBB, mas com autonomia, como é o caso da CPT, Comissão Pastoral da Terra. Nos organismos que pertencem à CNBB são os bispos que definem quem coordena. Nos organismos anexos, a assembleia é autônoma para eleger a coordenação. Tanto o CIMI como a CPT são organismos de Igreja, embora a responsabilidade do episcopado em relação a uma e a outra seja diferente.
Em nossos dias, de forma diferente, vivemos um quadro que se parece a esse aqui recordado. Quando, para manter a unidade, há o risco de diminuir a profecia e, às vezes, até impedi-la, é sinal de que chegou o momento de definir novo estatuto jurídico das comunidades eclesiais de base, das pastorais sociais e movimentos populares ligados à Igreja.
Há tempos, as Cebs convivem com o debate se devem ser mais estruturadas na linha de movimento ou se continuam como são. À medida que se organizam conferências eclesiais como a CEAMA (Conferência Eclesial da Amazônia), talvez as Cebs possam se ligar mais à coordenação de um organismo laical e ecumênico como devem ser as conferências eclesiais e não especificamente à conferência dos bispos. Talvez o mais importante não seja apenas definir a liberdade da caminhada, mas em que esta exatamente consiste. Concretamente, isso significa ver claro o que, hoje, constitui uma comunidade que pretenda manter a identidade de Cebs.
Quando, na segunda metade dos anos 1960 e começo da década de 70, as Cebs surgiram, a partir da experiência dos círculos bíblicos e das comunidades da Palavra, o desafio era o diálogo e a inserção com os movimentos de libertação. A novidade era que muitos cristãos e cristãs participavam dos movimentos populares como cidadãos e queriam aprofundar a relação entre fé cristã e revolução social. Ainda hoje, muitos cristãos e cristãos vivem a sua fé na inserção em movimentos populares da cidade e do campo. Em nossos dias, diferentemente de como era há 50 anos, a realidade da fé é vivida em situação de diáspora.
Os primeiros livros da Teologia da Libertação falavam ainda a uma Igreja de Cristandade que se abria ao mundo dos pobres. A caminhada libertadora dialogou e se inseriu em expressões do Catolicismo popular como romarias em santuários populares e outras expressões da devoção. As Romarias da Terra, ainda vigentes em várias regiões do Brasil e muito estimadas pelos lavradores e pelos agentes de Pastoral ainda mantêm muito da cultura de Cristandade, mesmo uma Cristandade mais inserida e popular.
Até nossos dias, algumas dessas manifestações continuam, mas cada vez mais sentimos que precisam ser revistas e atualizadas, no contexto de um mundo secularizado e de uma fé vivida na diáspora em relação à Igreja e ao mundo.
Há 50 anos, as Cebs eram a presença viva da Igreja no diálogo com os movimentos revolucionários e na inserção no mundo dos empobrecidos organizados. Hoje, o quadro no qual as Cebs vivem sua missão é o mundo urbano secularizado. É a nova visibilidade das culturas originárias e negras. É a emergência dos movimentos ligados à liberdade corporal, aos direitos da mulher e das minorias sexuais e outras pautas identitárias.
Essa abertura distingue as Cebs de outros grupos eclesiais que ficam apenas no ambiente religioso. Por isso, mesmo sem se chamar de Cebs, grupos ligados ao Movimento de Trabalhadores Cristãos (MTC – antiga Ação Católica Operária), aos movimentos populares, a movimentos feministas e à população LGBTQI+ e a grupos que buscam um mundo novo possível constituem novos rostos das Cebs.
No começo do Cristianismo, Paulo chamou os grupos de discípulos e discípulos de Jesus de ekklesia. No seu mundo, Igreja era o nome dos conselhos municipais de cidadãos das cidades do mundo greco-romano. Era um termo político e foi usado para deixar claro que o projeto divino é social e político e não apenas religioso: é o projeto do reino de Deus que deve transformar todo o mundo.
Segundo Paulo, Igreja é o termo usado para deixar claro que o projeto divino é social e político e não apenas religioso: é o projeto do reino de Deus que deve transformar todo o mundo - Marcelo Barros
Talvez, ao ler essas páginas, alguém pense que a proposta seja as Cebs saírem da Igreja ou fazerem uma Igreja popular alternativa, ou nova Igreja ou algum tipo de organização civil, fora do ambiente eclesial.
Não se trata disso. Estamos falando em levar a sério a proposta do papa de “Igreja em saída” e pensar na vivência comunitária da fé, mas em diáspora em relação ao mundo, mas também às próprias Igrejas muito instituídas. Esse foi o caminho dos monges e monjas que, no século IV, ao verem a Igreja institucional casar com o império, foram para o deserto. Não para deixar de ser cristãos, ou romper com a Igreja hierárquica e sim para serem sinais proféticos de um modo de viver a fé martirial e profético.
A eclesialidade das Cebs e das pastorais sociais não se restringe à pertença institucional aos quadros eclesiásticos. Atualmente, no Brasil e em outros países, grupos católicos, dioceses e paróquias que rejeitam a renovação da Igreja proposta pelo papa Francisco não podem refazer a velha Cristandade através do poder civil. Então, buscam ressuscitar as formas superadas do Catolicismo devocional barroco de antes do Concílio Vaticano II. Não precisam aprofundar teologia. Basta valorizarem símbolos de outros tempos e desenterrarem devoções, as mais estranhas possíveis, sejam correntes de servos e servas de Maria, sejam devoções medievais retocadas para nossos dias. Por toda parte se criam santuários novos. Há 70 ou 80 anos atrás, esse tipo de Catolicismo era limitado, mas inocente. Hoje, se tornou arma de combate contra a proposta eclesial do papa Francisco.
Por isso, para quem quer viver a fé na caminhada libertadora e, portanto, para as Cebs que resistem, não há outra alternativa que viver a fé na diáspora, dispersão do mundo não religioso. E nessa diáspora, retomar as características que garantem a eclesialidade, ou seja, ser Igreja no mundo.
Tradicionalmente, sempre se afirmou que as características da Igreja são a unidade, a sua dimensão universal (catolicidade) e o seu caráter apostólico (apostolicidade). Desde os anos 1980, a eclesiologia latino-americana destacava que a característica mais importante de uma Igreja cristã é se parecer com Jesus no seguimento do seu caminho e no testemunho do reino de Deus. É a partir dessa base que se pode valorizar o caráter eclesial das Cebs no sentido da eclesialidade aberta, defendida por Yves Congar e pelo Cardeal Walter Kasper. Yves Congar rejeitou que a regra da fé na Igreja fosse sempre definida pela hierarquia romana. Para ele, a regra da fé passa pelo sensus fidelium (compreensão comum que os fiéis têm da fé). Esse sensus fidelium deve ser o comum a todas as Igrejas, portanto, de caráter ecumênico, porque as Igrejas podem ser divididas, mas o Cristo é um só e só tem um corpo e a esse corpo pertencem visivelmente todas as pessoas batizadas. Portanto, a unidade da Igreja não depende apenas da adesão à fé de Roma e sim a do povo de Deus em caminhada [6]. Nessa perspectiva, o consenso que a Igreja deve buscar – não deveria ser a dos dogmas, nem a do Direito Canônico e sim a compreensão do Evangelho de Jesus para a comunidade eclesial [7].
A apostolicidade é muitas vezes entendida como ligação com o passado no sentido de fidelidade à tradição dos apóstolos. Sim, é isso, mas não no sentido de submissão aos bispos e sim de movimento de volta ao evangelho de Jesus. Segundo Salvador Pié-Ninot, no decorrer da história, a Apostolicidade foi reduzida à crença na sucessão apostólica (que os bispos são sucessores dos apóstolos). De fato, todo cristão e cristã é sucessor/a dos apóstolos, pois estes constituíam a comunidade inicial da fé cristã [8].
Em nossos tempos, alguns autores compreendem a Catolicidade no sentido da necessária abertura para uma dimensão universal do mistério da Igreja. Concretamente, isso se expressa pelo esforço de desocidentalizar o Cristianismo e de lhe dar uma dimensão holística, ou seja, “uma catolicidade que conote ausência de barreiras, ilimitação e transcendência” [9].
Em nossos dias, as Cebs e pastorais sociais concretizam essa profecia. A proposta de “Igreja em saída” do papa Francisco não diz respeito apenas à atividade missionária e sim a uma forma de ser Igreja, em diáspora no mundo. Não por não ter outro jeito e sim por sua vocação para se inserir no mundo. Daí que a laicidade e a necessária dessacralização são elementos inerentes e essenciais do modo de viver a fé cristã (o mistério da encarnação). Para as Cebs e pastorais sociais, a consequência disso é certa invisibilidade institucional e fragilidade, no sentido de que os grupos são instáveis, os momentos juntos são menos frequentes, a pertença comunitária mais fluida. As fronteiras entre o religioso e o não religioso menos definidas.
Essa realidade pode ser vista nas mais diversas regiões do Brasil. Não é algo utópico. Já acontece. No XV Encontro intereclesial de Cebs em Rondonópolis, (julho de 2023), a participação de centenas de pessoas ligadas às pastorais sociais e organismos de solidariedade revelava que isso já está acontecendo. Lá ninguém perguntou quem era de Cebs e quem não era.
Talvez faltem os círculos bíblicos que tínhamos na década de 70, talvez precisemos reorganizar melhor as celebrações autônomas e de ágapes eucarísticos que não dependam apenas de ministros ordenados e possibilitem as comunidades viverem a memória de Jesus e a partilha da comunhão.
A partir de Roma, a Sinodalidade que era apenas episcopal (Sínodo dos Bispos), o papa a tornou dimensão eclesial: o jeito normal de toda a Igreja ser. Quando o papa propõe que nesse processo sinodal, sejam ouvidas todas as pessoas, mesmo aquelas que não frequentam as comunidades, está indicando essa nova dimensão de comunidades que não têm sua demarcação definida de modo tão estrito. As Cebs seriam esse espaço de comunhão e de vida na fé de pessoas e grupos que querem caminhar juntos, valorizam as bandeiras da caminhada libertadora, mas em relação à pertença mais estritamente eclesial, não se situam nos grupos paroquiais, nem nas pastorais mais internas das Igrejas.
Há mais de vinte anos, o mundo viveu um tempo de fóruns sociais e fóruns temáticos, como de saúde, educação e outras áreas. A profecia das Cebs é contaminar o mundo com a sinodalidade em todas as áreas, em todas as instâncias e a cada momento. É missão profética das Cebs e das pastorais sociais fazer com que se possa novamente afirmar hoje o que no século III e IV diziam os pais da nossa fé: “A Igreja deve ser organizada e deve viver como ensaio de como o mundo deveria ser”.
[1] CONGAR, Yves M.-J. Igreja serva e pobre. Lisboa: Editorial Logos, 1964. CONGAR. A Igreja como Povo de Deus. in Concilium. t.1, fasc. 1, 1965.
[2] KEHL, Medard. A Igreja: uma eclesiologia católica. São Paulo, Loyola, 1997, pp. 107- 108.
[3] RICHARD, Pablo. Morte das Cristandades e Nascimento da Igreja. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 9.
[4] Essa discussão foi mais aprofundada em CONGAR, Yves: Sainte Église - Études et Approches Ecclésiologiques, Paris: Les Éditions du Cerf, 1963.
[5] Cf. FEDERAÇÃO DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA ÁSIA, O que o Espírito diz às Igrejas, Documento de Síntese, Sínodo sobre a Ásia, publicado pela FABC em 1999. Tradução brasileira in SEDOC 281/ julho-agosto de 2000, p. 39.
[6] Cf. CONGAR, Yves. Igreja e papado. São Paulo, Loyola, 1997, p. 343.
[7] PASTOR, Felix Alexandre. A Igreja como problema. In: CONVERGÊNCIA, no. 129 – jan./fev. – 1980, p. 28.
[8] PIE-NINOT, Salvador. Introdução à Eclesiologia. São Paulo, Loyola, 1998, p. 87.
[9] DULLES, Avery. Catholicity and Catholicism. Concordia Theological Quaterly - CTQ, n. 2, v. 50, april 1986, p. 81-82. Disponível em: <http://www.ctsfw.net/media/pdfs/dullescatholicity.pdf>. Acesso em 11 dez. 2018.