13 Março 2023
“Um gigante que está mudando a Igreja sem medo de ficar sozinho, e sem temer inevitáveis divisões. Uma noite, o telefone tocou e justamente o Papa estava na linha.
"Nunca na minha vida eu teria esperado algo assim. Foi uma emoção muito forte, que logo deu lugar a um entendimento profundo e, se me permitem dizer, a uma verdadeira amizade”.
A entrevista com Carlo Petrini é de Maurizio Crosetti, publicada por La Repubblica, 12-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Vocês se encontraram várias vezes e depois nasceu um livro, "Terrafutura". O que é?
Bergoglio escreveu a encíclica Laudato si' falando sobre ecologia integral, muito além do ambientalismo. Trata-se de um texto social que explica como o sofrimento da Terra é o mesmo que o dos seres humanos, especialmente dos mais pobres. Estou em total sintonia com ele, que vejo quase como um viajante de Terra Madre, animado por uma sabedoria camponesa.
A mesma das suas famosas avós?
Sim. As avós foram um dos nossos primeiros temas de diálogo. A dele, imbuída de sabedoria piemontesa, repetia que o sudário não tem bolsos e que não tem sentido viver para acumular; a minha era muito religiosa, mas compartilhava as ideias de um marido comunista. O papa sabe bem que a sabedoria importa mais do que a cultura: saber o que é certo fazer, não saber e pronto.
É verdade que vocês falam em dialeto?
Francisco conhece e lembra muitos termos da língua de seus ancestrais, é bom conversar assim, e é bom trocar presentes: eu lhe mando ‘itajarìn’ e ‘agnolotti del plin’ do nosso Piemonte, ele me envia rosários. Ele me chama de ‘o piedoso agnóstico’.
Você acredita que o alerta do Papa Francisco sobre o cuidado com a Terra será ouvido?
Não temos escolha, porque já estamos à beira do abismo: o desastre se aproxima, apenas podemos contê-lo. A emergência climática é uma evidência gritante, e a está sofrendo mais o Sul do mundo que é menos responsável por ela. O papa sabe bem disso e não se cansa de repetir.
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Francisco. “Um viajante de Terra Madre, animado por uma sabedoria camponesa”. Entrevista com Carlo Petrini - Instituto Humanitas Unisinos - IHU