01 Dezembro 2022
Concluiu-se hoje o encontro de dois dias na Secretaria Geral do Sínodo com os presidentes e coordenadores das Assembleias continentais. Ontem, audiência de duas horas com o Papa para apresentar os resultados da fase consultiva nas Igrejas locais. A saudação do relator geral: “Nas mídias a tentação de viver e pensar a Igreja com a lógica da política”. O secretário-geral, cardeal Grech: "No caminho sinodal, escutar a todos e não excluir ninguém".
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 30-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Apesar da tentação de alguns de "paratrasismo" e de "politizar" a Igreja – usando as mesmas palavras do cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo – o processo sinodal desejado e iniciado pelo Papa nas Igrejas dos cinco continentes avança e se torna cada vez mais ativo. Tendo em vista o início da etapa continental, a segunda das três que marcam o percurso sinodal sobre o tema da sinodalidade iniciado em outubro de 2021, os presidentes e coordenadores das Assembleias continentais reuniram-se em 28 e 29 de novembro, em Roma, na Secretaria Geral do Sínodo. Ontem foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco, a quem, em cerca de duas horas, apresentaram os frutos, resultados, instâncias e propostas que surgiram durante a fase consultiva, ou seja, aquela de diálogo e escuta com o povo de Deus nos respectivos continentes ou regiões.
Diálogo e escuta que agora prosseguem, mas se ampliam para envolver não apenas as dioceses individuais, mas as Igrejas de continentes inteiros. As assembleias serão, de fato, o momento culminante desta segunda fase do processo sinodal que se concluirá com o encontro dos bispos no Vaticano, recentemente desdobrado pelo Papa em outubro de 2023 e em 2024. O texto base e orientador dos trabalhos será ser o Documento para a Etapa Continental, apresentado em 27 de outubro passado, ponto de partida e convergência das sínteses das Igrejas locais que colocam preto no branco as temáticas a serem abordadas ao longo do caminho sinodal.
O próprio documento foi um dos temas sobre os quais discutiram os líderes das forças-tarefas durante o encontro no Vaticano. Um encontro que demonstrou a vivacidade da Igreja, como afirmou o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, ao final dos dois dias. “Sinto gratidão e admiração. Ouvi o testemunho de uma Igreja viva!”, disse o cardeal. “A partilha desses dias mostra que o caminho já está bem encaminhado e que temos muito que aprender uns com os outros. Tenho muita esperança na nossa tarefa que é e continua sendo sobretudo a evangelização: o anúncio da boa nova de Jesus Cristo”.
“Não devemos excluir ninguém e escutar a todos!”, reiterou Grech, como já fez em outras ocasiões. “Mesmo aqueles que estão fora do recinto formal da Igreja, porque, às vezes, a Igreja está presente onde não esperávamos encontrá-la”. “Este é o caminho sinodal. Nesse caminho não devemos ter medo das tensões que também podem ser saudáveis".
Tensões que são diferentes das tentações, de que falou ontem o cardeal Hollerich na saudação inicial à audiência com o Papa. A primeira, disse o arcebispo de Luxemburgo, vem das mídias: “É a tentação da 'politização' na e da Igreja, ou seja, viver e pensar a Igreja com a lógica da política. Alguns têm uma agenda para a reforma da igreja; eles sabem muito bem o que deve ser feito e querem usar o sínodo para isso: isso e manipular o sínodo. Isso é politização”.
Ao contrário, disse o cardeal, retomando uma palavra cunhada pelo próprio Papa Francisco, existem “os 'paratrasistas' (indietristi, no original) que não entendem que uma verdadeira tradição católica evolui mesmo permanecendo tradição em seu tempo. Eles também gostariam de travar o processo sinodal”.
Novamente Hollerich disse: “Com a fase continental do processo iniciamos nosso discernimento missionário. Com essa etapa do Sínodo estamos, de fato, já vivendo uma primeira dimensão universal do processo. De fato, essa Etapa diz que as diversas Igrejas não devem ficar isoladas em seu caminho e o diálogo circular das assembleias continentais beneficiará as Igrejas de todos os continentes”.
Afirmando que “uma sinodalidade que quer ser católica precisa do cuidado e do conselho de Pedro”, o cardeal disse ao Papa: “Precisamos do senhor, porque precisamos de uma indiferença sadia que dê testemunho da liberdade no Espírito, mas depois porque também notamos algumas tentações neste caminho". “Nós, ao contrário – acrescentou – queremos poder entrar em um verdadeiro discernimento, um discernimento apostólico, missionário, para que a Igreja sinodal possa realizar sua missão no mundo. Queremos caminhar juntos, com o senhor e sobretudo com o Espírito Santo e com Jesus para embelezar a nossa Igreja”.
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Sínodo, o processo continua. Hollerich: não a “voltas para trás” e “politizações” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU