05 Outubro 2022
“Inundações apocalípticas, longos períodos de secas, ondas de calor desastrosas e ciclones e furacões catastróficos tornaram-se o novo normal nos últimos anos; eles continuam hoje; amanhã, eles vão piorar. Da perturbação climática e da degradação ambiental fluem perdas de vidas e meios de subsistência, deslocamento forçado e conflitos violentos. Esses não são desafios que qualquer um pode resolver sozinho”, afirmou o cardeal jesuíta Michael Czerny, em discurso na apresentação do documentário “A Carta”, sobre o poder da humanidade em resolver a crise ecológica, 04-10-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Em 2015, o Papa Francisco lançou sua grande carta encíclica Laudato si'. Teve um impacto generalizado no cenário global, como muitos comentaristas testemunharam, e na Igreja em geral. E, no entanto, nos sete anos desde então, a crise ambiental de nossa casa comum agravou-se drasticamente, como explicará em alguns momentos o Dr. Hoesung Lee, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Claramente, o grande tesouro da sabedoria da Laudato si' precisa ser muito mais conhecido e efetivamente colocado em prática.
É por isso que, há alguns anos, o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral aceitou de bom grado colaborar com o cineasta Nicolas Brown e sua equipe da Off The Fence Productions, bem como com o Movimento Laudato si' e o Dicastério para a Comunicação, para criar um documentário que transmite as mensagens da Laudato si'.
A ideia de uma “carta” é tão importante que dá o título do filme. Em primeiro lugar, Laudato si' é uma Carta Encíclica, ou seja, uma carta de um Papa que circula entre o povo, tradicionalmente passada de Igreja em Igreja. Em segundo lugar, nosso Dicastério enviou uma carta aos protagonistas do filme convidando-os a encontrar o Santo Padre para um diálogo com ele. Assim, o filme “A Carta” destaca o conceito-chave de diálogo. O diálogo é central para a visão do Santo Padre para a paz da humanidade com o Criador, com toda a criação e entre nós humanos.
Para que este diálogo seja autêntico, todas as vozes devem ser ouvidas. Mas as vozes das periferias geralmente são ignoradas nas cúpulas globais e na tomada de decisões ambientais, geralmente dominadas por poderosos interesses corporativos. Nas periferias, as vozes dos jovens, dos pobres, dos povos indígenas e até da vida selvagem costumam definhar e não serem ouvidas. Em vez disso, líderes notáveis que podem falar por essas vozes negligenciadas foram convidados, primeiro em uma conversa com o Papa Francisco em Roma e depois compartilhando suas histórias por meio deste filme.
O filme e as histórias pessoais mostram poderosamente que a crise ecológica chegou e está acontecendo agora. Acabou o tempo da especulação, do ceticismo e da negação, do populismo irresponsável. Inundações apocalípticas, longos períodos de secas, ondas de calor desastrosas e ciclones e furacões catastróficos tornaram-se o novo normal nos últimos anos; eles continuam hoje; amanhã, eles vão piorar. Da perturbação climática e da degradação ambiental fluem perdas de vidas e meios de subsistência, deslocamento forçado e conflitos violentos.
Esses não são desafios que qualquer um pode resolver sozinho. Como a Carta propõe, precisamos de uma conversa que inclua todas as partes interessadas. O mundo precisa de encontros inclusivos entre pessoas de diferentes “salas” de nossa casa comum, para aprender umas com as outras e desenvolver soluções reais para os desafios prementes.
Em sua carta Laudato si', o Papa Francisco diz: “Gostaria de entrar em diálogo com todas as pessoas sobre nossa casa comum” (Ls 3). O filme “A Carta” oferece um caminho para esse encontro e diálogo. Este belo filme – uma história comovente, mas esperançosa – é um grito de clarim para as pessoas em todos os lugares: Despertem! Levem a sério! Conheçam! Organizem-se! Trabalhem já!
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Michael Czerny: “A crise ecológica chegou e está acontecendo agora. Acabou o tempo da negação e do populismo irresponsável” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU