29 Setembro 2022
Semana passada escrevi sobre a controvérsia em torno do bispo alemão Franz-Josef Bode, que disse na quinta-feira que não renunciará ao cargo, apesar de um relatório que diz que ele havia transferido padres acusados de abuso sexual ou má conduta – em alguns casos para serviços na pastoral juvenil – mesmo quando a probabilidade de sua culpa estava bem estabelecida.
O comentário é de J. D. Flynn, publicado por The Pillar, 27-09-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Bode, vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, disse em entrevista coletiva que não deixará seu cargo diocesano porque está equipado de maneira única para liderar os esforços de reforma lá. E ele disse que sobre isso havia consultado o padre jesuíta Hans Zollner, um influente especialista do Vaticano em questões de abuso sexual infantil.
Algo não está certo sobre isso, escrevi na semana passada (neste link, em inglês).
Ou Zollner não apoiou o plano de Bode de ficar por perto – e Bode o deturpou – ou um homem-chave do Vaticano sobre abuso não viu uma razão para um bispo demonstrativamente negligente deixar o cargo.
Em ambos os casos, escrevi, isso é um problema para a credibilidade dos esforços de reforma da Igreja – e será desmoralizante para as vítimas de abuso sexual clerical que lutam para confiar na Igreja.
Bem, um intrépido leitor de The Pillar me enviou uma entrevista digna de nota (neste link, em alemão).
Em janeiro, Zollner pressionou fortemente pela renúncia de bispos que foram negligentes no cargo.
O padre criticou “bispos que dizem ‘eu gostaria de renunciar, mas o papa não me deixa’”.
“Em vez disso, eles devem ser homens o suficiente para dizer: ‘Não importa o que o papa diga, não posso continuar [no cargo] e não estou disposto a fazê-lo. Ponto final”.
Ponto final.
Alguma coisa mudou entre janeiro e agora?
Zollner realmente acreditava, em janeiro, que os bispos deveriam ser ‘homens o suficiente’ para renunciar por liderança negligente e mudar de ideia em setembro? Ou Bode está sugerindo que ele tem apoio de Zollner quando na verdade não tem?
Não sei, mas também não acho que esse seja o tipo de coisa que devemos deixar de lado.
E, pairando sobre a coisa toda, está uma questão muito maior: se Bode se mudou ou protegeu padres acusados de forma crível nas primeiras décadas de seu ministério – como o relatório de sua diocese diz que fez –, por que cabe a ele decidir o que acontece na sequência?
Não temos um processo para isso? Não é a tal carta apostólica chamada de “Vos estis lux mundi”? Não era para reformar tudo?
O que aconteceu com tudo isso? Continuaremos perguntando.
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Alemanha. Polêmica em torno das acusações e renúncia de dom Franz-Josef Bode. E a “Vos estis lux mundi”? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU