28 Junho 2022
O apoio psicossocial para refugiados é essencial nos programas humanitários, assim como o são as redes de cooperação e alfabetização de fé dentro de organizações seculares e religiosas para “entender a linguagem uns dos outros”. Atores religiosos podem desempenhar papel vital no combate à xenofobia e na coexistência pacífica.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A conclusão é d@s 80 líderes religiosos, ativistas nacionais e trabalhador@s humanitári@s de 37 países que participaram em Genebra, dias 20 e 21 de junho, do encontro “Acolhendo o estrangeiro, moldando o futuro”. O encontro foi organizado pela Federação Luterana Mundial (FLM) em parceria com a Islamic Relife Worldvide (IRW) e a organização judaica de ajuda aos refugiados HIAS, com o apoio da agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Foto: Federação Luterana Mundial
CONIC
Criar espaços de encontros através do uso da arte, música, comida ou esporte podem ser ferramentas eficazes para acabar com o medo e a ignorância que alimentam a hostilidade contra os imigrantes, apontou a representante da IRW na ONU em Genebra, Kate Wiggans. Também é importante equipar imigrantes com o conhecimento dos costumes locais para a sua integração nas comunidades de acolhimento, agregou.
Ao identificar soluções sustentáveis para os desafios enfrentados por grupos religiosos em diferentes partes do globo, @s participantes do encontro insistiram na importância de “permitir que os próprios refugiados sejam protagonistas deste trabalho”.
A coordenadora regional do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (Conic), Paula Mazzini Mendes, expressou que as narrativas negativas em torno dos refugiados venezuelanos no Brasil mostram que “devemos sempre ouvir os dois lados da história”. Ela também alertou que nem sempre o que queremos dar é o que refugiad@s esperam, por isso é vital ouvir primeiro. Sugeriu, ainda, que “não limitemos, como comunidades religiosas, nossa fé às liturgias, mas encontremos novas maneiras de adorar fornecendo comida aos famintos”.
Uma mesa redonda reuniu pessoas que trabalham na linha de frente com refugiados e que receberam ameaças por causa de suas atividades em seus países. Heidy Quah, fundadora e diretora do Refúgio para Refugiados na Malásia, foi presa e levada a tribunal por ter denunciado os maus tratos que o governo promoveu a@s refugiados na pandemia. O reverendo Moses Atuhaire, que lidera uma rede de organizações religiosas no oeste de Uganda, contou como o escritório em que trabalha foi atacado depois que ele denunciou em emissora de rádio a corrupção do governo local e a injustiça que praticava no tratamento das minorias.
Foto: Federação Luterana Mundial
CONIC
A coordenadora dos Serviços Jesuítas para Refugiados na Sérvia, Jelena Djurdjevic, descreveu a discriminação que sofre por causa de seu trabalho, embora também se sinta recompensada com cada refugiad@ assentad@ que constrói novas possibilidades de vida. “Nós nos acostumamos com problemas com a polícia, mas você tem que viver sabendo que alguém está te vigiando”, lamentou a relatora do programa da Aliança Jovem de Muçulmanos do Quênia, Farida Abdulbasit, segundo matéria do serviço de imprensa da FLM.
O bispo da Igreja Evangélica Luterana da Baviera, Heinrich Bedford-Strohm, destacou que “ver o mundo pelos olhos do outro é um requisito básico para as pessoas religiosas, e orar a Deus não é possível sem olhar também para o próximo”.
Dados da Acnur reportam um recorde mundial de 100 milhões de pessoas forçadas a deixar seus lares por causa de guerras, violência e perseguições, um número que cresce ano a ano.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Orar a Deus só é possível olhando também para o próximo, diz bispo luterano alemão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU