06 Junho 2022
A decisão é extremamente rara: a pedido do Vaticano, nenhum padre será ordenado no final do mês de junho na diocese de Fréjus-Toulon, muito pródiga em vocações. Expressando sua "dor", o bispo Mons. Dominique Rey fala de questões levantadas por diversos dicastérios sobre a "reestruturação do seminário" e sobre a "política de acolhimento da diocese".
A reportagem é de Benoît Fauchet, publicasda por La Croix, 03-06-2022. A tradução da versão italiana é de Luisa Rabolini.
Decisão totalmente inesperada na diocese de Fréjus-Toulon: as ordenações de padres e diáconos em 2022 em vista do presbitério não ocorrerão no final de junho, durante o período da festa de São Pedro e São Paulo, como estava previsto no departamento de Var como em todos os demais lugares da França.
Uma decisão tanto mais amarga quanto o seminário diocesano de La Castille, que celebra este ano seu centenário, é um dos mais fecundos da França em vocações sacerdotais. Este ano, quatro padres e seis diáconos deveriam ser ordenados em 26 de junho, mas não serão, declarou o serviço de comunicação da diocese ao La Croix. O bispo, D. Dominique Rey, deu explicações em um comunicado publicado na quinta-feira, 2 de junho, no site da diocese. O pedido de adiamento dessas ordenações vem de Roma e acontece depois de uma "visita fraterna" feita nos últimos meses pelo arcebispo metropolitano de Marselha, D. Jean-Marc Aveline, que será nomeado cardeal em 27 de agosto.
"Ao lado dos numerosos e belos frutos que derivam do anúncio do Evangelho e da missão de cristãos empenhados - clero, consagrados e leigos - em nossa diocese tiveram que ser enfrentadas algumas questões que alguns dicastérios romanos levantaram em torno da reestruturação do seminário e da política de acolhimento da diocese”, escreve D. Rey.
Um recente encontro com o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, “possibilitou oferecer complementos úteis”, assegura o bispo de Toulon. Mas "no aguardo das respostas a essas conversas em andamento com os dicastérios romanos, foi solicitado o adiamento das ordenações diaconais e presbiterais previstas para o final de junho".
Neste ponto, resulta difícil saber se esta decisão extremamente rara é disciplinar ou meramente uma medida de precaução. É possível que tenha vindo diretamente do Cardeal Ouellet, e é provável que tenha passado por vários departamentos romanos, incluindo o dele. "Acolhemos este pedido com dor, mas também com confiança, na consciência da prova que representa sobretudo para aqueles que se preparavam para receber a ordenação", comenta D. Rey, cuja diocese recebe várias "communautés nouvelles" ('novas comunidades') de "discípulos missionários", às vezes de países distantes, em particular da América Latina.
Os jovens que deveriam ser ordenados este ano terão que esperar mais um ano? “Suas ordenações foram suspensas, não anuladas. Não temos indicação dos tempos relativos ao adiamento”, responde a responsável pela comunicação da diocese, Virginie Marrocq.
Uma coisa é certa: os jovens envolvidos “vivem dolorosamente este adiamento e estão em atitude de expectativa”, conclui padre Lionel Dalle, um dos três vigários gerais de Mons. Rey.
A falta de explicações oficiais alimenta especulações sobre as acusações feitas ao bispo e sua política de acolhimento e formação. A Santa Sé censuraria talvez o seminário por deixar entrar sem restrições, sem o necessário discernimento, padres que sairiam com uma formação insuficiente? Essa é a pergunta que se fazem os detratores - tão numerosos quanto os defensores - desse bispo, "ponta de lança" da "nova evangelização", no cargo na mesma sede episcopal há vinte anos, praticamente um recorde.
D. Rey, 69, informou seus padres da notícia dizendo que estava "consciente da tristeza e emoção que isso causará" neles. E convidou os fiéis a rezar pelos seminaristas e pela diocese como um todo, "enquanto espera que a situação possa se esclarecer para o bem de todos".
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As ordenações da diocese de Fréjus-Toulon são suspensas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU