26 Mai 2022
O Dicionário de Favelas Marielle Franco, o WikiFavelas, fez uma parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) para realizar 28º Curso de Comunicação Popular do NPC, no Rio de Janeiro, no período entre abril e setembro deste ano. O curso, que é realizado desde 2004, forma lideranças das favelas e das periferias em comunicação contra-hegemônica, aproveitando a experiência das lideranças na comunicação que realizam em suas comunidades ou em movimentos sociais.
A reportagem é de Icict Fiocruz, 24-05-2022
Com aulas aos sábados, na parte da manhã, o curso começou no dia 2 de abril, com o Encontro de Comunicadores Populares, roda de conversa e lançamento dos livros “Almanaque da Comunicação e Sindical no Rio de Janeiro” e “Comunicação Comunitária e Midiativismo”. A coordenadora geral do WikiFavelas, Sonia Fleury, e sua equipe participam ativamente em duas disciplinas “Dicionário de Favelas”, ministrada no dia 30 de abril último, e “Pesquisa e coleta de dados”, ministrada em 28 de maio.
Crédito: Núcleo Piratininga de Comunicação/Divulgação
No curso, com carga horária de 85 horas, são ministradas aulas de teoria e prática de comunicação; sobre a realidade do Rio de Janeiro e a história dos trabalhadores e trabalhadoras. Os alunos também são levados a “circular pela cidade”, conhecendo as experiências em comunicação popular, além de outras atividades.
A parceria partiu de um convite à Sonia Fleury para ministrar uma oficina no curso oferecido pelo Núcleo, depois no lançamento do Dicionário de Favelas, o NPC foi convidado a colaborar com o Wikifavelas, com verbetes, e a integrar o Conselho Editorial do Dicionário. Para Clara Polycarpo, coordenadora de Comunicação do Dicionário de Favelas Marielle Franco, a experiência do Núcleo que já trabalhar há 30 anos com a temática de comunicação popular, sendo que apenas em 1997 foi formalizado juridicamente o Núcleo: “essa experiência de muitos anos na formação de comunicadores(as) populares torna o NPC um parceiro muito importante em qualquer projeto que envolva o resgate à história e à memória das lutas de trabalhadores(as) e moradores(as) de favelas e periferias do Rio de Janeiro - e do Brasil”.
Para Cláudia Santiago, coordenadora do NPC, a integração do Dicionário com o curso de Comunicação Popular busca levar alunos e alunas do curso a “se apropriarem da ferramenta ‘Dicionário’; sentindo-se parte dele”. Ela também defende que a parceria com o Wikifavelas, propõe ampliar o universo que é trabalhado no curso: “por exemplo, o caso dos quilombos urbanos, produzindo e recebendo informações. Queremos que os participantes do Curso de Comunicação Popular aprendam sobre pesquisa, escrevam para o Dicionário e o utilizem como fonte de pesquisa”.
A oficina “Pesquisa e coleta de dados”, ministrada por Sonia Fleury e a coordenadora de Produção de Verbetes do Dicionário, Palloma Menezes, é uma ferramenta que visa a habilitar os comunicadores para que venham a “dominar certas técnicas como questionário, entrevista e grupo focal, para terem um recurso a mais para coletar dados em seus territórios e poderem analisar e escrever sobre esta realidade com base em instrumentos e técnicas das ciências sociais”, como explica Clara Polycarpo. Segundo a coordenadora de Comunicação do Dicionário de Favelas Marielle Franco, considerando o que muitos atores e coletivos já vêm desenvolvendo antes e durante da pandemia, “fica evidente a importância da produção de dados e informações a partir dos próprios territórios e seus(as) moradores(as). Por isso, aproveitamos a parceria para compartilhar - e aprender - com estes atores”.
O curso de Comunicação Popular que nessa edição conta com 40 participantes, que representam diversas instituições, como Sinpro-Rio, Jornal Voz da Comunidade, Projeto Luar de Dança, Jornal O Cidadão, Casarão Cultural, Conexões Periféricas, Sepe-Lagos. Ocupação Quilombo da Gamboa, BemTV, Frente Maré, CEASM, dentre outros.
“Precisamos contar nossas histórias. É espetacular para nós que somos comunicadores e pesquisadores contarmos com fontes confiáveis que tratam da vida do povo, assim como tanto se dedicam contar a história de ‘senhores, barões, chefes supremos’, explica Cláudia Santiago.
O Dicionário de Favelas Marielle Franco lança a 12ª edição do seu Boletim Informativo, abordando a violência e a segurança pública, com artigos que analisam a violência em operações policiais no Rio de Janeiro e uma discussão mais ampla sobre as políticas de segurança pública em atuação. O destaque da publicação fica com as reflexões sobre o programa estadual de segurança intitulado “Cidade Integrada", que, até o momento, tem reforçado o ciclo de medo e violência vivido por moradores e moradoras das favelas do Jacarezinho e de Muzema, na Zona Norte da cidade. Como propostas de ocupação permanente que se iniciam através de invasões e violações de direitos, as políticas de segurança pública se atualizam no agenciamento de diferentes ilegalismos para perpetuação de suas práticas racistas.
Crédito: Divulgação
O Boletim Informativo tem como objetivo a divulgação dos verbetes compartilhados na Plataforma Wikifavelas e todos eles são escritos por intelectuais, moradores e moradoras de favelas e periferias ou acadêmicos. São 12 edições do Boletim e, a partir de cada temática escolhida, são selecionados os verbetes que melhor se relacionam para dialogar.
O Boletim Informativo do Dicionário Marielle Franco pode ser acessado aqui.
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Dicionário de Favelas Marielle Franco une-se ao NPC em curso de comunicação popular - Instituto Humanitas Unisinos - IHU