25 Mai 2022
Da periferia de Roma junto com a Comunidade de Santo Egídio até a liderança do episcopado italiano.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 24-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Aqueles que o conhecem bem dizem que ele não esperava demais sua nomeação como presidente da CEI, mesmo sabendo que estava entre os favoritos junto com o cardeal Paolo Lojudice. No entanto, o Papa o escolheu depois que seu nome foi o mais votado por seus colegas bispos na lista tríplice.
Matteo Zuppi, "Dom Matteo" para todos, 66 anos, romano, arcebispo de Bolonha, sempre se manteve fiel à simplicidade que caracterizou primeiro seu sacerdócio, depois o episcopado. Quando em 2019 Francisco o nomeou cardeal, não por acaso ele disse: "O cardeal é vermelho porque deve testemunhar até o sangue. Esperamos ser boas testemunhas do Evangelho: o de hoje é muito claro". E ainda: "Devemos sempre tentar ser os últimos no amor e nos colocar sempre ao serviço dos outros".
Matteo Zuppi. (Foto: Francesco Pierantoni | Flickr CC)
Pertencente à Comunidade de Santo Egídio desde os anos do liceu, no Virgílio de Roma (aqui conheceu Andrea Riccardi, "um rapaz um pouco mais velho do que eu – contou ele - que falava do Evangelho a muitos outros rapazes de forma tão direta e ao mesmo tempo com muito conhecimento"), uma licenciatura em letras, depois a escolha do sacerdócio em Roma, e por anos sempre próximo dos últimos e dos pobres, foi escolhido pelo Papa também por sua capacidade de unir as diferentes almas presentes em sua comunidade, desde as mais próximas ao pontificado em andamento, entre elas a escola Dossettiana, até as mais conservadoras que expressas nos bispos que o precederam. De certa forma, um exemplo disso são os atestados de estima que grande parte do mundo político e religioso lhe presta nestas horas.
Zuppi, que também foi pároco assistente de Vincenzo Paglia em Santa Maria in Trastevere, Roma, sempre se destacou por sua ação incansável em apoio aos mais pobres, imigrantes, ciganos, sem excluir a atividade diplomática exercida com a Santo Egídio.
Chegar a Bolonha vindo de Roma não era algo garantido. Ainda mais para se tornar cardeal e, depois, hoje presidente dos bispos italianos, levando em conta também que há anos na cátedra de São Petrônio haviam se sucedido bispos não contíguos à linha conciliar posta em prática pelo inovador Giacomo Lercaro de 1952 a 1968. Significativas, nesse sentido, as primeiras palavras que Zuppi dirigiu à diocese. Citando o Concílio Vaticano II, D. Oscar Romero e João XXIII, disse que a Igreja deve ser "de todos, justamente de todos, mas sempre especialmente dos pobres".
Em Bolonha, Zuppi sabe interpretar melhor aquela Igreja dos pobres que teve uma expressão própria em Dom Paolino Serra Zanetti, no Padre Marella e nas Casas de Caridade. Desde o início Zuppi decidiu não viver no arcebispado, mas na casa do clero. "Sempre vivi junto com os outros - disse há algum tempo à Repubblica -. Viver numa casa onde moram outros padres é para mim uma oportunidade de confronto num caminho em que sinto a necessidade de partilhar".
Nele Francisco talvez reveja a si mesmo, nos anos de Buenos Aires. Como o Papa, de fato, Zuppi sempre valorizou aquela piedade popular que outros padres têm dificuldade para entender. No Trastevere, em Roma, nos primeiros anos, sentiu-se tentado a considerar essas manifestações como resquícios do passado. Em vez disso, ele disse: "descobri nelas muita profundidade espiritual".
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Quem é Matteo Zuppi, o cardeal que ficou com o coração nas ruas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU