A mídia russa e o Papa Francisco: o que dizem sobre a entrevista de Bergoglio ao Corriere

Fonte: Vatican News

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05 Mai 2022

 

“Se o Papa vier a Moscou, não espere um tapete vermelho a seus pés”, comenta o apresentador do telejornal do Rossiya-1, o primeiro canal russo.

 

A reportagem é de Marco Imarisio, publicada por Corriere della Sera, 04-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Amplo espaço, em todos os jornais russos, às palavras do Pontífice ao Corriere sobre a guerra na Ucrânia e sobre o desejo de se encontrar com Putin. Das agências de estado às mídias mais neutras, eis como as palavras do Santo Padre foram relatadas.

 

Esta manhã, todos falaram sobre isso. Todo o leque das mídias russas deu amplo espaço à entrevista do Pontífice sobre a guerra na Ucrânia. Começando pelas três principais, as agências estatais Ria Novosti, Interfax e Tass, que divulgaram o texto quase completo. Mas a escolha de passagens específicas de parte de cada jornal revela a orientação de cada um deles.

 

Os meios de comunicação mais neutros, como os sites independentes agora banidos pela Rússia, ou os diários de notícias econômicas, do Kommersant ao Business Russia, postam manchetes sobre o fato de o Papa ter manifestado sua intenção de ir a Moscou.

 

"Se o Papa vier a Moscou, não espere um tapete vermelho a seus pés", comenta o apresentador do noticiário do Rossiya-1, o primeiro canal russo, lendo grandes trechos da entrevista do Corriere della Sera com Francisco. “A sua missão não será fácil, as relações entre nós e 'eles' estão agora demasiado comprometidas”.

 

Alguns meios de comunicação mais nacionalistas e mais próximos do Kremlin, como Moskovsky Komsomolets e Russia Today, "abriram" citando as palavras de Francisco sobre o fato de que uma das causas da invasão russa foi "o ladrar da OTAN às portas da Rússia".

 

Vzglyad, o site político-econômico online, é um dos poucos que permite que os leitores comentem as notícias. Alguns certamente não são amigáveis com o Pontífice. "Tanto a Rússia quanto a Ucrânia nazista foram ortodoxas, enquanto a Igreja Católica sempre foi anti russa". "Eles querem dividir a Igreja Ortodoxa com seu catolicismo tingido de azul". Azul, na gíria russa, é a cor que identifica os homossexuais.

 

Mais interessante é a reação da Zargrad, televisão e site muito próximo da Igreja Ortodoxa, financiado pelo "santo" oligarca Konstantin Malofeev, defensor da monarquia e próximo aos círculos do nacionalismo religioso. É a única mídia que publicou imediatamente um comentário sobre a entrevista do Corriere della Sera com Francisco.

 

“Curioso como o Papa logo após o início da Operação Militar Especial tenha chamado Zelensky, enquanto não tenha enviado um único pensamento a nós russos. Cada um de seus passos é recortado nas silhuetas do Ocidente. Bem-vinda esta sua súbita iluminação, que o Papa seja bem-vindo. Mas saiba que nunca aceitaremos aquela paz indecente que todo o mundo ocidental está pedindo à Rússia”.

 

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