29 Março 2022
"Certamente este livro será uma ferramenta básica que permitirá aos estudantes e estudiosos o que a teologia patrística ofereceu/oferece como modo distinto de pensar a fé", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ao comentar o livro de Antônio Sagrado Bogaz, Vocabulário teológico: teologia patrística (Paulinas, 2022, 352 p.).
A teologia patrística recebe este nome por ser produzida pelos pais (padres) da Igreja. Começa no século II com a Didaqué, o primeiro catecismo da Igreja, passa pelos padres apostólicos e vai até o século VI, para uns historiadores, e até o século VIII, para outros. Pe. João Batista Libanio (1932-1914) e Ir. Afonso Murad caracterizam a teologia patrística como: bíblica, litúrgica, crística, eclesial, criativa, inculturada e plural. Desta forma, a patrística tem um valor imenso para a teologia atual, tanto pelos conteúdos que ela gestou quanto pela forma mesma de compreender a reflexão da fé a serviço da Igreja no mundo. Os escritos dos Padres da Igreja influenciaram enormemente vários textos dos documentos conciliares no Concílio Vaticano II, pois fornecem critérios para a reestruturação do edifício teológico e espiritual da fé cristã.
Por sua vez, Bogaz destaca estarmos diante da era mais fecunda da vida do cristianismo, em que seus protagonistas, edificaram os pilares da fé cristã, sua doutrina, vida litúrgica, estruturação eclesial e os caminhos da salvação. Essa é a identidade da patrística: a tradição bíblica formulando a tradição histórica.
Capa do livro "Vocabulário teológico: teologia
patrística" (Paulinas, 2022, 352 p.)
(Foto: Editora Paulinas)
Nesta perspectiva foi elaborada a obra: Vocabulário teológico: teologia patrística (Paulinas, 2022, 352 p.), de autoria de Antônio Sagrado Bogaz, doutor em Teologia e Filosofia, professor de Liturgia e Patrística do Instituto São Paulo de Estudos Superiores. O presente volume inaugura a Coleção Vocabulário Teológico, com verbetes referentes à era Patrística. Este vocabulário, segundo o referido autor representa um mergulho extenso, profundo e intenso no oceano impressionante da Patrística.
A obra é composta de sessenta e seis (66) verbetes. Estes verbetes são entendidos dentro de um esquema dinâmico, seguindo a própria identidade: compreensão etimológica e filológica, contexto histórico, situação eclesial, protagonistas, evolução semântica e definições.
Em ordem alfabética estão assim elencados: adocionismo (p. 19-22), apolionarismo (p. 22-25), apologia (p. 25-29), arianismo (p. 30-33), cânon (p. 33-46), catecumenato (p. 46-54), catequeses mistagógicas (p. 54-64), cenobitas (p. 64-72), chistotókos (p. 72-77), cisma (p. 77-86), collegium illicitum (p. 87-94), concílio (p. 94-102), consignatio (p. 102-104), controvérsia pascal (p. 104-107), cristandade (p. 107-115), docetismo (p. 115-117), dogma (p. 117-122), domus ecclesiae (p. 122-128), donatismo (p. 128-130), doutrina patrística social (p. 130-143), Édito de Milão (p. 144-147), eremitas (p. 147-156), escola de Alexandria (p. 156-163), escola de Antioquia (p. 163-169), eutiquismo-monofisismo (p. 169-179), Filioque (p. 172-174), fontes patrísticas (p. 174-178), gnosticismo (p. 178-185), heresia (p. 185-191), hipóstase (p. 191-193), homoousios (p. 193-197), iniciação cristã (p. 197-203), lapsos (p. 203-208), libelli (p. 208-213), línguas patrísticas (p. 213-217), logos spermatikós (p. 217-222), macedonianismo (p. 222-224), maniqueísmo (p. 224-228), martírio (p. 228-240), modalismo (p. 240-241), monarquismo (p. 241-250), monarquianismo (p. 250-256), monoteletismo/monogertismo (p. 256-258), montanismo (p. 258-261), nestorianismo (p. 261-264), nicolaísmo (p. 265-271), Padres da Igreja (p. 271-276), Padres apologistas (p. 276-284), Padres apostólicos (p. 285-290), patriarcado (p. 290-294), patrística (p. 294-297), patrologia (p. 298-299), patrologia grega (p. 299-301), patrologia latina (p. 301-304), pax christiana (p. 304-306), pelagianismo (p. 306-308), pentarquia primitiva (p. 309-315), períodos patristicos (p. 315-318), ressurrectio carnis (p. 319-322), sacramentário (p. 322-326), sínodo (p. 326-328), sol invictus (p. 328-331), theotókos (p. 331-334), traditio reditio symboli (p. 334-339), vulgata (p. 339-342).
Estamos diante de um rico vocabulário para mergulhar no universo eclesial. A patrística é um patrimônio do cristianismo. Patrimônio a ser conhecido, pois, é a base para qualquer interpretação e hermenêutica bíblica, teológica e pastoral. O conhecimento da patrística oferecerá ao leitor uma sólida base hermenêutica para atualizar e fazer com que o cristianismo seja sempre atual – “ecclesia semper reformanda”.
O objetivo, portanto, desta obra é ajudar entender os verbetes para entender a fé cristã, a vida litúrgica, a eclesiologia e a ética cristã. Estes verbetes sucintos e didáticos apresentados por Antônio Sagrado Bogaz nesta obra mostram como a história da teologia é a história de conceitos que serviram para expressar e formular a fé transmitida historicamente em cada tempo e lugar. O conhecimento desses conceitos esclarece e fundamenta os conteúdos da fé, situa o processo de transmissão da mesma em contínua renovação e contribui com o diálogo crítico e criativo entre os diversos modelos teológicos. Certamente este livro será uma ferramenta básica que permitirá aos estudantes e estudiosos o que a teologia patrística ofereceu/oferece como modo distinto de pensar a fé.
Concordamos com João Décio Passos quando na Apresentação (p. 7-9) ressalta que os padres da Igreja, autênticos inventores da teologia e das fontes da tradição cristã podem ser acessados por meio de verbetes que jamais sintetizam e esgotam o vasto universo, mas, antes de tudo, abrem as janelas para as questões axiais e convidam cada usuário a dar os primeiros passos na direção desses pilares do cristianismo, servindo ainda, segundo Bogaz (p. 13), para entendermos mais e mais nossa profissão de fé, iluminar nossa mística cristã, comprometer-nos com a comunidade eclesial e servir ao sonho divino de um mundo melhor: nossa história convertida em Reino de Deus.
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Vocabulário teológico: teologia patrística - Instituto Humanitas Unisinos - IHU