Agora a Santa Sé quer baixar o tom e chegar a um acordo

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25 Junho 2021

 

A sensação é que a Secretaria de Estado com a Nota Verbal sobre o projeto de lei Zan “elevou demais a aposta”. Um prelado diz isso e confirma que "em parte há incredulidade". Tanto é que hoje a vontade da Santa Sé é baixar o tom. A convicção, de fato, é que o texto seguirá seu curso, ainda que permaneça a esperança de que a Nota "favoreça um diálogo, uma espécie de acordo", que possa levar a uma mudança em parte do próprio texto, especialmente na parte que diz respeito às escolas particulares e às iniciativas que elas deveriam tomar por ocasião do Dia Contra a Homofobia.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 24-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

A Nota não veio do nada. Já na celebração dos Pactos de Latrão, no passado mês de abril, no Palácio Borromeo, os dirigentes da CEI e da Secretaria de Estado tinham procurado em vão respostas às dúvidas. Nos meses seguintes, as hierarquias tentaram um diálogo com o chanceler Di Maio, sem sucesso. Daí a iniciativa do cardeal Parolin e do arcebispo Gallagher de elevar a aposta, tornando efetiva a decisão do cardeal Bertone de advogar para si o controle das relações com a política. Mas não é tudo. A intervenção do Vaticano também veio após significativas pressões sofridas pela segunda seção da Secretaria de Estado de políticos católicos mais ou menos partidários e, ao mesmo tempo, de alguns bispos italianos.

A maioria do episcopado é contrária ao texto do projeto de lei. O que divide os prelados é a modalidade com a qual a Igreja deveria manifestar essa discordância. Está bem presente na Conferência uma fatia dos bispos contrária à linha soft posta em campo pelo Cardeal Bassetti na esteira do magistério de Francisco. É sobretudo esta parte que alimenta um descontentamento que tem um peso e que nos últimos dias tem influenciado a dupla Parolin-Gallagher. Mas o Papa quer evitar qualquer tipo de ruptura interna. Por isso, tenta consertar e mantém o silêncio.

A Nota Verbal também surpreendeu os dirigentes da CEI. A decisão destas horas de pedir a todos os prelados que não intervenham nos meios de comunicação resulta da vontade de deixar o campo livre para aqueles que decidiram ir ao confronto com o governo. Bassetti, após a manifestação em meados de maio de algumas associações católicas que saíram às ruas contra o projeto de lei Zan, interveio para dizer que não queria o arquivamento do texto, mas sim uma correção. Alguns meios de comunicação da área católica o criticaram abertamente, definindo suas palavras como "um infeliz e irresponsável ato de sabotagem, uma manobra política que além disso divorcia-se da verdade proclamada pela Igreja, como bem explicou o Papa Bento XVI". Palavras duras que, no entanto, refletem os sentimentos de alguns bispos.

Nas últimas semanas e meses, mais bispos se manifestaram publicamente contra o projeto de lei Zan. Por trás de suas palavras, parece evidente a necessidade do retorno de um intervencionismo que parecia ter ficado arquivado após os vinte anos de Ruini. Monsenhor Antonio Suetta, bispo de Ventimiglia-Sanremo, um dos bispos mais ativos no tema, disse: “O Papa diz que os católicos não devem usar a doutrina como pedras a serem atiradas contra hipotéticos adversários ... Mas quando digo a uma pessoa que a sua conduta é pecaminosa, o sentido da minha intervenção não é instigar o ódio contra essa pessoa ou marginalizá-la, mas preservá-la para a salvação eterna”.

O tom é quase sempre o mesmo: mesmo que Francisco pregue a moderação, nós - alguns bispos parecem dizer - não podemos ficar em silêncio. Algum tempo antes de Suetta, também se manifestou o bispo de Pavia, Corrado Sanguineti, que havia falado de um projeto de lei baseado em uma ideologia que nega "o princípio da realidade", a partir da identidade sexual, e responde a lógicas de "totalitarismo sutil" alimentado pelo "poder cultural da mídia de massa".

 

Nota do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

 

No dia 21 de julho de 2021, às 10h, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU realiza a conferência A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas, a ser ministrada pelo MS Francis DeBernardo, da New Ways Ministry – EUA. A atividade integra o evento A Igreja e a união de pessoas do mesmo sexo. O Responsum em debate.

 

A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas

 

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