24 Junho 2021
"Os direitos civis estão em jogo, vamos buscar pelo menos representações à altura da batalha que queremos travar", escreve Marcello Neri, teólogo e padre italiano, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 22-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Deixamos para mãos mais experientes os comentários necessários sobre a nota verbal entregue pela Secretaria de Estado do Vaticano à Embaixada da Itália junto à Santa Sé. Sobretudo depois de ter tomado conhecimento do conteúdo e de quais são as razões formais invocadas - porque só destas se trata, ou seja, um respeito de ambas as partes de um acordo bilateral entre dois Estados soberanos. Algo que ultrapassa por si a forma concordatária a que toda a mídia (ainda) faz referência.
Enquanto o PD confirma seu apoio ao conteúdo da lei, e tenta reativar algum contato com o Vaticano, o governo silencia, com razão, tanto porque as leis são feitas pelo Parlamento, quanto por causa do perfil diplomático da questão em que se joga a confiabilidade internacional de país, o mundo do espetáculo se levanta como censor da suposta intransigência do Vaticano. Desde o "paguem os impostos imobiliários" de Fedez (rapper, NT) ao "agradecimento especial a seus pais que não me batizaram" de Elodie (cantora, NT).
Coisas que têm muito pouco a ver com o próprio Pl Zan, e menos ainda com a formalidade diplomática da nota vaticana - que, provavelmente, alguma pertinência deve ter (segundo os primeiros comentários de quem entende algo sobre o tema). A disponibilidade de acolher esse tipo de endosso do mundo do espetáculo por parte dos partidários do projeto de lei Zan, sem se preocupar com as consequências que poderia eventualmente ter para as liberdades dos cidadãos italianos, é uma indicação preocupante da condição da cultura democrática em que o país se encontra.
O risco de que resulte uma lei confusa, cuja finalidade, entre outras coisas, iria além da função do direito em um regime democrático, é algo que já foi apontado. O fato de deixar a questão dos direitos civis nas mãos daqueles que buscam principalmente ganhar um holofote na mídia para aumentar seus seguidores, deveria preocupar mais - e a todos.
Se o influenciador é tudo o que resta da profissão que outrora pertencia aos intelectuais, então não acredito que estamos bem como sociedade civil.
Os direitos civis estão em jogo, vamos buscar pelo menos representações à altura da batalha que queremos travar - e se os homens e mulheres do espetáculo quiserem se pronunciar, como deve ser, eles que usem a linguagem da arte que dominam como profissão, e prestarão um melhor serviço ao país. Confesso que tenho saudades do “Affacciati affaciati” de Edoardo Bennato - e pensar que eram apenas canções...
No dia 21 de julho de 2021, às 10h, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU realiza a conferência A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas, a ser ministrada pelo MS Francis DeBernardo, da New Ways Ministry – EUA. A atividade integra o evento A Igreja e a união de pessoas do mesmo sexo. O Responsum em debate.
A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas
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Não se deixem representar apenas por Fedez e Elodie - Instituto Humanitas Unisinos - IHU