A Igreja e as uniões do mesmo sexo. Um diagnóstico à luz dos teólogos Todd Salzman e Michael G. Lawler

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11 Junho 2021

 

Dois dos principais teólogos morais da atualidade estarão nesta sexta-feira, 11-06-2021, debatendo um dos temas mais controversos da doutrina católica: a união de pessoas do mesmo sexo. Os professores Todd Salzman e Michael G. Lawler, ambos da Creighton University dos EUA, discutirão no IHU os impactos pastorais do responsum da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano ao questionamento enviado pela Conferência dos Bispos dos EUA sobre a possibilidade de bênção a casais do mesmo sexo. Eles são autores dos seguintes livros: "A Pessoa sexual. Por uma antropologia católica renovada" (Editora Unisinos, 2012), e "Sexual Ethics: A Theological Introduction" (Georgetown University Press, 2012. Em tradução livre, "Ética sexual: uma introdução teológica").

 

 

“Em 15 de março de 2021, a Congregação para a Doutrina da Fé - CDF, observatório doutrinário do Vaticano, emitiu um Responsum a uma pergunta relativa a uma proposta da Conferência Episcopal Alemã e da maior organização católica leiga da Alemanha, a Zentralkomitee der deutschen Katholiken, de abençoar as uniões civis de pessoas do mesmo sexo. Esse Responsum faz várias coisas. Ele enfatiza novamente o amor incondicional de Deus por todas as pessoas, reitera o ensino da Igreja sobre a moralidade dos atos homossexuais e insiste que não abençoar as uniões do mesmo sexo não é uma forma de ‘discriminação injusta’. O Responsum, em nosso juízo, é uma declaração moralmente distorcida de que Deus ‘não abençoa nem pode abençoar o pecado’, calunia gays e lésbicas que seguem as suas consciências bem-formadas e promove discriminação e mesmo violência contra estas pessoas. Primeiramente, explicaremos o nosso juízo e, em seguida, detalharemos as implicações pastorais do Responsum que trazem esperança às pessoas LGBTQs na Igreja”, apontam os autores.

Os professores Todd Salzman e Michael G. Lawler concederam ao IHU a íntegra de sua discussão concernente à Igreja e às uniões de pessoas do mesmo sexo. O documento está contemplado na 153ª edição dos Cadernos Teologia Pública.

“Já se passaram mais de cinquenta anos desde que o Vaticano II recusou-se a declarar a procriação como o fim primário do casamento e ensinou, em vez disso, que a procriação e a promoção da união dos cônjuges eram fins iguais, porém este ensinamento não se incorporou plenamente ainda à antropologia sexual da Igreja. Existe o indício, em Amoris Laetitia, de que Francisco está se movendo, de forma inovadora, nessa direção teológica quando critica a apresentação do casamento em que ‘o seu fim unitivo, o convite a crescer no amor e o ideal de ajuda mútua ficaram ofuscados por uma ênfase quase exclusiva no dever da procriação’ (AL, n. 36). A ênfase que ele dá ao significado unitivo do casamento demonstra a sua teologia movendo-se organicamente à conclusão teológica de que os fins procriativos e unitivos do casamento são iguais. Quando essa posição se tornar plenamente aceita por uma maioria na Igreja, o que dados estatísticos mostram que já acontece, o argumento procriativo contra o casamento do mesmo sexo não mais irá valer”, relatam os professores.

 

Imagem: Capa dos Cadernos Teologia Pública número 153, de Todd Salzman e Michael G. Lawler.

 

O texto pode ser acessado na íntegra através deste link.

 

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