11 Janeiro 2021
Mais de 370 líderes religiosos de todo o mundo pedem isso ao mundo em uma declaração conjunta. "Não às terapias que visam mudar ou remover a orientação sexual".
A reportagem é publicada por Riforma, 08-01-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Pedimos que todo o possível seja feito para acabar com as práticas comumente conhecidas como ‘terapias de conversão’ que visam mudar, remover ou cancelar a orientação sexual, a identidade de gênero ou a expressão de uma pessoa, e pedimos que essas práticas prejudiciais sejam banidas”.
Esta manifestação foi tirada de uma declaração assinada por mais de 370 líderes religiosos e leigos em nome da "sacralidade da vida e dignidade de todos", publicada em dezembro por iniciativa da "Comissão inter-religiosa mundial LGBT +", com sede em Londres, que visa questionar a opinião pública sobre os perigos dessas iniciativas destinadas a mudar a orientação sexual de uma pessoa. “Encorajamos todas as pessoas de fé a assinarem esta declaração para enviar uma mensagem clara a todos os países de que os ensinamentos religiosos não toleram preconceitos e nunca deveriam ser usados para justificar a discriminação”, disse Jayne Ozanne, diretora da Global Interfaith Comission. Um levantamento de 2018 com mais de 100.000 membros da comunidade LGBT britânica evidenciou que 2% haviam sido submetidos a terapias desse tipo e que elas haviam sido oferecidas a outros 5%, muitas vezes com consequências traumáticas.
A Declaração reconhece ainda que "certos ensinamentos religiosos muitas vezes, ao longo dos séculos, causaram e continuam a causar profunda dor e ofensa" às pessoas LGBT + e "criaram e continuam a criar sistemas opressivos que alimentam a intolerância, perpetuam injustiça e se traduzir em violência”.
Questões de sexualidade e identidade de gênero causaram, por exemplo, amargas divisões dentro da Comunhão Anglicana global, liderada pelo arcebispo de Canterbury, Justin Welby, por décadas. Os líderes da Igreja em países como Nigéria, Uganda e Ruanda apoiam o tradicional ensinamento da Bíblia sobre a questão. No entanto, Sarah Mullally, Bispa de Londres e número três na Igreja da Inglaterra, enviou uma mensagem de "sincero incentivo" aos autores da Declaração. "Quando os ensinamentos cristãos são distorcidos para incitar à violência, isso é um terrível abuso da mensagem do Evangelho", ela declarou.
A declaração foi assinada pelos líderes da Igreja Anglicana na Escócia e no País de Gales. Paul Bayes, bispo de Liverpool, é co-presidente da Global Interfaith Commission on LGBT + Lives disse: “Por tempo demais os ensinamentos religiosos foram utilizados de maneira imprópria - e ainda são utilizados impropriamente - para causar profunda dor e ofensa àqueles que são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer e intersexo. Isso deve mudar”.
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“Não às terapias que visam mudar ou remover a orientação sexual”. Manifesto de mais de 370 líderes religiosos mundiais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU