10 Novembro 2020
O Instituto de Estudos da Religião (ISER) construiu o projeto “Religião e Poder – A relação das religiões com a política no Brasil”, uma plataforma que vai apresentar dados, análises, reportagens, e acompanhar as ações e os projetos de parlamentares vinculados às frentes Parlamentar Evangélica, Parlamentar Católica Apostólica Romana e Parlamentar dos Povos Tradicionais de Matriz Africana.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O ponto de partida, explica o ISER, é um banco de dados que reúne os parlamentares nas diferentes frentes com as quais se identificam e as descrições de suas principais atividades no Congresso. Deputados das frentes religiosas somam 76% da Câmara federal.
Dos 594 parlamentares do Congresso Nacional, 203 estão na Frente Parlamentar Evangélica (FPE), 216 na Frente Parlamentar Católica (FPC) e 218 na Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (FPTMA). Um quarto dos parlamentares não é signatário de nenhuma frente religiosa.
O ISER aponta, contudo, para um dado interessante: dos 203 deputados e senadores que estão na FPE (195 deputados federais e oito senadores), apenas 93 se declaram evangélicos, o que significa menos da metade (46%) da Frente.
O texto pergunta, então, o que leva os outros 54% a se identificarem com a Frente? A exigência regimental para a formalização de uma frente depende de um terço do total de parlamentares e, por parte desses, há o reconhecimento da influência dos atores articulados nesses grupos.
“São múltiplas as camadas que motivam essa atuação parlamentar e a identidade religiosa é apenas uma delas. Essas Frentes, e seus núcleos de articulação, simbolizam e protagonizam projetos políticos que, dependendo do contexto, ganham maior ou menor adesão e força política professando o parlamentar a religião A ou B. O contexto atual direciona os nossos olhares para as Frentes Evangélica e Católica”, explica a pesquisadora e diretora-executiva do ISER, Ana Carolina Evangelista.
O mais antigo desses grupos é a FPE, constituída em 2004, nove anos antes da FPC, integrada por 207 deputados e nove senadores. Desses, 140 (67%) mantêm vínculos com o catolicismo. A mais recente é a FPDPMT, surgida em 2011, conta com 218 signatários e se apresenta na atual legislatura como a maior frente das frentes de identidade religiosa, embora seus integrantes não declararem pertencimento a religiões de matriz africana.
Há cinco décadas o ISER reúne pesquisas sobre religião. A plataforma foi lançada em setembro passado. O projeto é coordenado pelas pesquisadoras Ana Carolina Evangelista, Magali Cunha e Lívia Reis e está disponível em aqui.
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Projeto vai acompanhar atuação de parlamentes das frentes religiosas no Congresso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU