16 Mai 2019
“A 100 anos de seu nascimento, a CGT [Confederação Geral do Trabalho] aclama Evita Santa do Povo”. Assim se intitula um documento distribuído pela central operária, na tarde desta terça-feira, convocando para um ato no salão Felipe Vallese, do histórico edifício da Rua Azopardo, que foi o ponto de largada para o início da campanha da CGT para alcançar a beatificação de Eva Perón.
A reportagem é publicada por Clarín, 14-05-2019. A tradução é do Cepat.
A oficialização da campanha foi realizada logo após a CGT anunciar que realizará uma paralisação geral contra o Governo, no próximo dia 27 de maio.
No momento, a Argentina conta com apenas três santos: Nazaria Ignacia March, José Gabriel del Rosario Brochero e Héctor Valdivielso Sáez. Há, além disso, 13 beatos, entre os quais está Ceferino Namuncurá.
No último dia 7 de maio, completou-se o centenário do nascimento de Eva Perón, que morreu em julho de 1952. Toda a diretoria da CGT está por trás da movimentação pela beatificação de Evita, embora um de seus impulsionadores seja o advogado Julio Piumato.
O que a central sindical peronista propõe pode levar anos. O processo de canonização se inicia na Diocese onde morreu o candidato.
Como Evita morreu em Buenos Aires, se iniciaria aqui. O processo se inicia com a proposta e o bispado inicia seu estudo. Deve ser detidamente estudado primeiro na Diocese local e, na sequência, também passa a ser estudado no Vaticano.
Uma vez que se considere que o candidato viveu uma vida cristã exemplar, passa a ser declarado “venerável” pelo Vaticano. Depois, é necessário concluir que Deus operou um milagre pela intercessão do candidato, para ser declarado beato. E um segundo milagre para ser declarado santo.
O Papa pode abrir mão do milagre, quando chega o caso. Contudo, é muito excepcional que haja assim e de qualquer maneira declare o candidato beato.
Quando se trata do martírio, ou seja, do assassinato por ódio à fé, aí é possível abrir mão do milagre. Foi o que aconteceu, por exemplo, em abril passado, com o bispo Enrique Angelelli, que foi beatificado junto aos chamados “mártires de La Rioja”.
“Com a presença de todo o Conselho Diretor dos trabalhadores, de representantes dos ‘padres vileiros’ e da comunidade em geral, será realizado este ato que representa um freio à contracultura que parece nos dizer tudo o que se pode, por isso a humilhação, até em sua fé”, diz o texto no qual a CGT convocou para o início da campanha pela beatificação de Eva Perón.
Segue: “Eva Perón entregou sua vida em um mandato providencial que foi a missão de resgate da dignidade da pessoa humana em seu sentido mais transcendente. Síntese de uma profunda fé em seu povo e em Deus, que a cem anos de seu nascimento permanece no coração popular e nos altares do povo humilde junto à Virgem Maria”.
“Eva Perón sentiu e assim foi a missão de vir ao mundo para fazer obras boas que entregou como dom ao povo argentino e ibero-americano e a todos os povos com sede de justiça. Seu amor não foi complacente a não ser no difícil e doloroso caminho da Cruz, de fazer justiça e verdade”.
E completa: “É neste marco profundamente cristão, católico e humanista que esta Confederação Geral do Trabalho entende a mensagem e a obra incomensurável de Eva Perón e não no pequeno cenário da tribuna cheia de palavras e vazia de realizações”.
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Argentina. Central sindical pede ao Vaticano a beatificação de Eva Perón - Instituto Humanitas Unisinos - IHU