11 Março 2019
A caderneta voltada para a saúde dos adolescentes que Jair Bolsonaro sugeriu que pais “rasguem” foi objeto de dois anos de preparação. Antes do lançamento, que aconteceu em 2009, o Ministério da Saúde ouviu especialistas, pais e jovens. E, um ano antes, fez um teste em cinco cidades – Tabatinga (AM), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Petrópolis (RJ) e Rio Branco (AC).
A informação é publicada por Outra Saúde, 11-03-2019.
Entrevistada pela Folha, Thereza de Lamare, que coordenou essa área do Ministério da Saúde entre 2004 e 2015, disse que a cartilha foi responsável pelo aumento no número de adolescentes cadastrados nas unidades básicas de saúde. Com 40 páginas, o documento orienta sobre cuidados com a saúde, transformações no corpo, primeira menstruação e prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis – parte que incomodou Bolsonaro. “As pessoas têm a visão de que, se não falar sobre isso, está protegendo o adolescente. Mas as pesquisas mostram o contrário", disse ela.
Questionado, o Ministério afirmou que não tem informações sobre como pretende recolher o material. Até agora, mais de 32 milhões de cartilhas foram adquiridas. O material passou a ser entregue durante consultas em unidades de saúde e por meio do programa Saúde na Escola, com palestras que explicassem os assuntos abordados.
E tem mais: segundo o Estadão, o ministro da Educação Ricardo Velez já disse que o programa Saúde nas Escolas deverá ser “atualizado” para se adequar aos padrões das “famílias”. A reportagem liga a insatisfação da bancada evangélica com o governo Bolsonaro aos arroubos contra cartilhas educativas, que começaram em janeiro com o documento do Ministério da Saúde que se dirigia à população trans.
Segundo o jornal, são acenos que pretendem substituir a fome por cargos. Mas, ao que parece, não está funcionando. Por exemplo: na última sexta, quando várias exonerações aconteceram – deixando de fora inclusive parte do pessoal alinhado a Olavo de Carvalho no MEC –, uma indicação da bancada evangélica também caiu. Trata-se de Pablo Tatim, que trabalhava na Casa Civil.
Na última sexta, gente como o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) usou o Twitter para dizer que o governo não se comunica com a bancada e, por isso, é um gigante com pés de barro. Outro parlamentar, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), reclamou: “A bancada nunca teve espaço, mas agora está pior. Ele [o presidente] só dialoga com os militares e com os filhos”.
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A caderneta e a saúde dos adolescentes. “Rasguem”, sugere Jair Bolsonaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU