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Brumadinho como “Lugar Teológico”: O Evangelho de um Deus enlameado aos insepultos

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05 Fevereiro 2019

"Considerando o Cristo crucificado, podemos, pensar e sentir Deus como um Deus soterrado em Brumadinho, Deus com lama dos pés à cabeça. Essa face de Deus captada a partir dos vitimizados da história não traz a notícia de um Deus super-homem ou sempre vitorioso (como nas “missas da vitória”), mas traz, sim, o Evangelho de um Deus enlameado que grita, exige justiça e, identificado, desde as entranhas, com os sofredores, dá sua vida para salvar outras vidas; e quando a lama encobre seu corpo, esse Deus solidário sequer tem boca livre para dar o grito derradeiro… Deus está enlameado, não há sequer um José de Arimatéia para pedir seu corpo; não se vê corpo… só lama. O céu se abriu em intraduzíveis exéquias e Deus foi quem mais trabalhou. Fez-se a um só tempo: oficiante, corpo e sepulcro", escreve Padre Gegê, mestre em teologia (PUC-RJ) e doutorando em ciência da religião (PUC-SP), em artigo publicado por Portal das Cebs, 04-02-2019.

Eis o artigo.

Na fileira audaciosa daqueles e daquelas que, com temor e tremor, buscam sentir e pensar Deus (teologia) a partir das grandes dores, desgraças e perplexidades humanas (como a de Auschwitz, por exemplo), a tragédia criminosa produzida pela Empresa Vale em Brumadinho traz, como tantos outros infortúnios, interrogações à fé, que pode, inclusive, chegar ao ponto de comprometer a imagem de Deus. Uma pergunta emerge a não poucos crentes (e descrentes): Onde estava Deus quando a lama descia?

Outra indagação pertinente aparece com legitimidade no âmago da fé cristã: Deus (onisciente, onipresente e todo poderoso) não quis ou não pode intervir cessando o horror a céu aberto?

Pelo breve exposto, podemos dizer que se a fé cristã questiona a vida, essa mesma fé é também questionada pelos mais diversificados contextos de dor, sobretudo diante de grandes calamidades, mesmo quando são produzidas pelo desejo insano e voraz de um grupo abastado cujo único deus é o Capital. Em outros termos, Brumadinho questiona nossa imagem sobre Deus. Nesse horizonte, o grito do Cristo sofredor na cruz (“Pai, Pai, por que me abandonaste?”) nos leva à compreensão de um Deus que compartilha de todos os gritos e sofrimentos humanos, inclusive do sentir-se abandonado por Ele. Não é desse assombro que fala Castro Alves quando indaga ao “Senhor Deus dos desgraçados”? Para Ariano Suassuna a questão do sofrimento é a pergunta mais séria que um não crente pode fazer a quem crê. A propósito, não é de dentro da dor que Jó duela com Deus? Suassuna cita o rei da poesia do sertão , Leandro Gomes de Barros, que confessa: “Se eu conversasse com Deus, eu iria perguntar: Por que é que sofremos tanto quando viemos pra cá?[…] Por que existem uns felizes e outros que sofrem tanto?[…] Quem foi temperar o choro e acabou salgando o pranto?”. No rastro das indagações do poeta, poderíamos também perguntar no contexto de Brumadinho: teria Deus perdido à medida? Ou mais radicalmente: Deus se compraz com o sofrimento humano? Ou ainda: É Deus sádico ou insensível? São, pois, questionamentos que brotam da dor extrema, do assombro e do desespero ante o caos irremediável. Nessas horas escabrosas, palavras prontas, ditas inadvertidamente por muitos cristãos, do tipo: “já deu tudo certo”, “Deus já deu a vitória” ou “Deus está no controle”, constituem, no mínimo, um insulto ao sofrimento alheio. Melhor seria que tais cristãos seguissem o exemplo do sambista Paulinho da Viola que diante de um corpo estendido no chão toma respeitosa atitude. Narra o sambista na canção “Coisas do mundo, minha nega”: “Não tirei minha viola. Parei, olhei, fui-me embora. Ninguém compreenderia um samba naquela hora”.

Considerando, pois, o Cristo crucificado, podemos, pensar e sentir Deus como um Deus soterrado em Brumadinho, Deus com lama dos pés à cabeça. Essa face de Deus captada a partir dos vitimizados da história não traz a notícia de um Deus super-homem ou sempre vitorioso (como nas “missas da vitória”), mas traz, sim, o Evangelho de um Deus enlameado que grita, exige justiça e, identificado, desde as entranhas, com os sofredores, dá sua vida para salvar outras vidas; e quando a lama encobre seu corpo, esse Deus solidário sequer tem boca livre para dar o grito derradeiro… Deus está enlameado, não há sequer um José de Arimatéia para pedir seu corpo; não se vê corpo… só lama. O céu se abriu em intraduzíveis exéquias e Deus foi quem mais trabalhou. Fez-se a um só tempo: oficiante, corpo e sepulcro.

Deus ama tão engajadamente que está onde estão os soterrados, os desgraçados pela Vale da Lama, Vale do lamaçal, Vale do Capital – Lama sujado do mal.

O Deus enlameado faz-Se, pois, protesto contra essa lama infernal. E do silêncio ensurdecedor desse Deus enlameado e “desaparecido”, desse Deus agarrado às centenas de corpos, igualmente submergidos,transparece a face de um Deus solidário. Desse modo, por debaixo das lamas de Brumadinho aparece um Deus, desconcertante e profundamente diferente do Deus anunciado pelo status quo. O Deus “desaparecido” redime assumindo, sem preocupação asséptica ou profilática, os enlameados da história. Esse rosto de Deus que se esvazia de si torna-Se não só um convite mas, sobretudo,uma exigência à Igreja para que também ela, deixando uma possível compulsão à pureza, seja capaz de enlamear-se com os enlameados, chorar com os que choram, morrer com os que morrem e lutar esperançosa com os que lutam.

Desse modo, Brumadinho, à luz da fé cristã, converte-se em “lugar teológico”, isto é, lugar/situação a partir da qual podemos refletir em que Deus somos crentes e em que Deus somos ateus. Brumadinho teve sua sexta-feira da paixão antecipada e nela está o Cristo, enlameado e agarrado aos soterrados: homens, mulheres, águas, plantas e animais. Do Cristo, também soterrado pela Vale da lama, sequer se pode avistar os cabelos de sua cabeça. Deus “desapareceu”; desceu com os seus à mansão dos mortos. O Verbo se fez carne e a carne fez-se lama… E essa descida de Deus (“descensus ad inferos”) é Evangelho!

Deus não larga a mão de ninguém!!!

Mas, esse anuncio não pode ser dado pela boca de uma Igreja apática, ensimesmada, insensível e triunfalista. Somente uma Igreja humanizada, sensível, engajada, agônica, martirial e enlameada (como o Cristo), pode, no Espírito, proferir em terra devastada uma mensagem tão cheia de consolo e esperança pascais.

Então, pensando a Páscoa, a partir de Brumadinho, podemos dizer que ela já está sendo gestada desde as profundezas da terra. Aquele que modelou no oculto, no oculto realiza a obra de resgate. E a Páscoa não se dará sem que o Cristo traga em suas mãos o último soterrado e com ele as águas ofendidas, os peixes apavorados e as árvores generosas. Nem o latido inocente do último cachorro soterrado será esquecido por Deus. Conforme crê Adélia Prado: “…nunca nada está morto. O que não parece vivo, aduba, O que parece estático, espera!

Mas, vale dizer que a mensagem pascal não nos tira da história, tampouco das diversificadas trincheiras que nos fazem dizer não a um tipo de Vale que não vale à pena, porque ancorada num modelo político e econômico que privatiza o “rio do doce” como o mel e socializa a lama mais amarga que o fel. Podemos, pois, dizer, à luz da fé, que o Deus enlameado é o já ressuscitado é o já ressuscitado é o ainda enlameado no romper das sinistras barragens do capital.

Mas, no interior das contradições e atrocidades humanas (pessoais e estruturais), Deus diz em “noites traiçoeiras” aos sobreviventes de Brumadinho: “Coragem, eu vencia o mundo”! E aos insepultos, o mesmo Deus revela: Lá aonde o bombeiro mais bravo não chegou, lá onde a mão humana mais solidária não alcançou, Eu (igualmente,enlameado) vos encontrei… Estarei convosco até o fim… Não vos deixarei órfãos… Hoje mesmo estareis comigo no paraíso… Eu vencia a lama do mundo – Sou vossa Páscoa! Eis o Evangelho do Cristo enlameado! “Humano assim só sendo Deus mesmo”. Por isso, apesar dos pesares, Brumadinho, conforme o “Credo” da afropoetisa Elisa Lucinda, é possível crer “na ressurreição da tarde e na vida bela. Amém!”

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