Por: João Flores da Cunha | 28 Março 2017
A população de Cajamarca, cidade do estado de Tolima, na Colômbia, rejeitou em consulta popular realizada no dia 26-3 um projeto de extração de ouro que seria instalado no município. O resultado da votação foi contundente: 97,9% dos votos foram contrários ao empreendimento.
De acordo com ambientalistas contrários ao projeto de mineração a céu aberto, ele ameaçaria os recursos hídricos da região de Tolima. Um dos lemas da campanha contra o empreendimento foi “Sem ouro se vive, sem água se morre”.
6.165 pessoas rejeitaram o projeto, e apenas 76 (1,2%) foram favoráveis a ele. A cidade tem cerca de 20 mil habitantes, e 16.312 pessoas estavam habilitadas a votar.
Cajamarca, Colombia, dijo NO en consulta popular a uno de los proyectos mineros a cielo abierto más grandes del mundo. #CajamarcaVotaNo pic.twitter.com/QajJkOBZZo
— AIDA Español (@Aidaespanol) 27 de março de 2017
A empresa sul-africana de mineração de ouro AngloGold Ashanti tem uma concessão do Estado colombiano que lhe permite explorar uma mina em Cajamarca. Intitulado La Colosa, é um dos maiores projetos de mineração do país, e poderia se converter em uma das maiores minas de ouro da América do Sul.
Após a derrota na consulta, a AngloGold Colômbia afirmou em comunicado divulgado em seu site respeitar “os mecanismos de participação cidadã e seus resultados”. A empresa também lamentou “que por conta de um debate mal colocado sobre a mineração na Colômbia, ponha-se em risco que o país e a região recebam os benefícios da mineração bem-feita e responsável”.
A população foi perguntada se estaria de acordo com a execução de projetos e atividades mineiras na cidade. Embora a campanha tenha tido como enfoque a mina de ouro da AngloGold, o resultado da consulta também veta outros projetos, desde que as autoridades locais mantenham a vontade expressada pela população.
O ministro de Minas e Energia do país, Germán Arce Zapata, matizou as implicações legais da consulta. “6.100 pessoas que votaram em Cajamarca não têm capacidade de romper o Estado social de direito”, afirmou à BLURadio, cadeia local de rádio.
Ele reconheceu o “caráter político” da decisão da população local, mas notou que as autoridades de Cajamarca poderiam revertê-la. O ministro enfatizou que a consulta não tem valor retroativo, e não se aplica para outras áreas do país. Também alertou para os problemas gerados pela mineração ilegal, sugerindo que a rejeição do projeto da AngloGold abre caminho para esse tipo de mineração.
A fala do ministro gerou reações na Colômbia. O senador Iván Cepeda afirmou, por meio do Twitter, que “após derrota contundente em consulta de Cajamarca, o governo e a Anglo Gold Ashanti querem burlar o resultado e impor catástrofe mineira”. Após a divulgação dos números da votação, ele havia declarado que “Cajamarca é o novo nome da dignidade e da soberania do nosso povo”.
Luego de contundente derrota en consulta de Cajamarca, Gobierno y Anglo Gold Ashanti quieren burlar el resultado e imponer catástrofe minera
— Iván Cepeda Castro (@IvanCepedaCast) 27 de março de 2017
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Colômbia. Município de Cajamarca vota contra projeto de mineração - Instituto Humanitas Unisinos - IHU