13 Setembro 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 15,1-32, que corresponde ao 24° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
O gesto mais provocador e escandaloso de Jesus foi, sem dúvida, sua forma de acolher com especial simpatia a pecadoras e pecadores, excluídos pelos dirigentes religiosos e socialmente marcados pela sua conduta à margem da Lei. O que mais irritava era o costume de Jesus de comer amigavelmente com eles.
Normalmente esquecemos que Jesus criou uma situação surpreendente na sociedade de seu tempo. Os pecadores não fogem dele. Pelo contrário, sentem-se atraídos pela sua pessoa e a sua mensagem. Lucas diz-nos que “os pecadores e publicanos costumavam aproximar-se de Jesus para ouvi-lo”. Aparentemente, encontram nele um acolhimento e compreensão que não encontram em nenhum outro lugar.
Enquanto isso, os setores fariseus e os doutores da Lei, os homens de maior prestígio moral e religioso ante o povo, só sabem criticar, escandalizados, o comportamento de Jesus: “Esse homem acolhe os pecadores e come com eles”. Como pode um homem de Deus comer na mesma mesa com aquelas pessoas pecadoras e indesejáveis?
Jesus nunca fez caso das suas críticas. Sabia que Deus não é o Juiz severo e rigoroso de que falam com tanta segurança, aqueles mestres que ocupam os primeiros assentos das sinagogas. Ele conhece bem o coração do Pai. Deus entende os pecadores; ofereça seu perdão a todos; não exclui ninguém; perdoa tudo. Ninguém deve obscurecer e desfigurar seu perdão insondável e gratuito.
Portanto, Jesus oferece-lhes sua compreensão e amizade. Aquelas prostitutas e cobradores devem sentir-se acolhidos por Deus. Isso vem primeiro. Nada devem temer. Podem sentar-se à sua mesa, podem beber vinho e cantar cânticos com Jesus. Seu acolhimento vai curando-os por dentro. Liberta-os da vergonha e da humilhação. Devolve-lhes a alegria de viver.
Jesus acolhe-os como são sem exigir-lhes nada. Vai contagiando-os com sua paz e sua confiança em Deus, sem ter certeza de que responderão mudando o seu comportamento. Faz confiando totalmente na misericórdia de Deus que já os está esperando com os braços abertos, como um bom pai que corre ao encontro do seu filho perdido.
A primeira tarefa de uma Igreja fiel a Jesus não é condenar os pecadores, mas os compreender e acolher amistosamente. Em Roma pude comprovar faz alguns meses que, sempre que o papa Francisco insistia que Deus perdoa sempre, perdoa tudo, perdoa a todos, as pessoas aplaudiam com entusiasmo.
Certamente é o que muitas pessoas de fé pequena e hesitante precisam ouvir claramente hoje da Igreja.
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O gesto mais escandaloso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU