Papa critica párocos que não batizam filhos de mães solteiras: "Eles estão escandalizando o povo de Deus"

Foto: His Noodly Appendage | Flickr CC

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20 Outubro 2017

Párocos que não batizam filhos de mães solteiras. Alguns padres que, sim, fazem-no, mas são obrigados a não entrar no templo. "Isto acontece hoje. Os fariseus, os Doutores da Lei, não são coisas de antigamente". O Papa criticou com dureza os pastores que fecham suas portas, escandalizando o povo de Deus", caindo "na corrupção", durante sua missa matutina em Santa Marta.

"Hoje, há também muitas destas missas. Por isto é necessário rezar por nossos pastores. Rezar, para que não percamos a chave do conhecimento e não fechemos a porta para nós mesmos e para as pessoas que querem entrar", clamou Bergoglio, em sua homilia.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 19-10-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.

O Papa recordou dois exemplos de dita corrupção: uma, faz tempo, em Buenos Aires. A outra, "há três meses", muito próximo de Roma. "Em meu país escutei muitas vezes de párocos que não batizavam os filhos das mães solteiras, porque não haviam nascido dentro do matrimônio canônico. Fechavam a porta, escandalizavam o povo de Deus, mas por que? Porque o coração destes párocos havia perdido a chave do conhecimento. Sem ir tão longe no tempo e no espaço, há três meses, em um determinado país, em uma determinada cidade, uma mãe queria batizar seu filho recém-nascido, mas ela estava casada no civil com um divorciado. O pároco disse: ‘Sim, sim. Batizo a criança, mas o seu marido está divorciado. Que ele fique lá fora, pois ele não pode estar presente na cerimônia'".
Todas estas atitudes, denunciadas por Bergoglio, denotam a importância da "responsabilidade" dos pastores e a necessidade de recordar a "gratuidade" da salvação, a importância de sermos pessoas que "ajudam a abrir a porta", para si mesmos e para os demais.

A liturgia falava das discussões entre escribas e fariseus, e a atitude de Jesus ante eles, demonstrando-lhes que apenas Deus é justo. "Há de se entender o coração de Deus, compreender a salvação Dele. Se não, há um esquecimento grave. A gratuidade da salvação é esquecida; a proximidade de Deus é esquecida e também a Sua misericórdia. E os que esquecem da gratuidade da salvação, a proximidade de Deus e a Sua misericórdia, é por que perderam a chave do conhecimento".

Deste modo, quando "a gratuidade é esquecida", alguns anunciam "um monte de prescrições que, na verdade, convertem-se na salvação". A lei "é sempre una resposta ao amor gratuito de Deus", que tomou "a iniciativa" de nos salvar. E "quando a gratuidade é esquecida da salvação, se cai, se perde a chave da inteligência da história da salvação", perdendo "o sentido da proximidade de Deus".

"Para eles, Deus é quem fez a Lei. Este não é o Deus da revelação. O Deus da revelação começou a caminhar conosco desde Abraão até Jesus Cristo, o Deus que caminha com seu povo. Quando esta relação próxima com Senhor é perdida, recai-se nesta mentalidade obtusa que acredita na autossuficiência da salvação com cumprimento da Lei. A proximidade de Deus".

Na realidade, quando falta proximidade com Deus, quando falta oração - evidenciou o Papa - "não se pode ensinar a Doutrina" e nem sequer "fazer teologia", menos ainda "teologia moral". Francisco reafirmou que teologia "se faz de joelhos, sempre perto de Deus". Disse também que a proximidade com o Senhor chega "ao ponto mais alto em Jesus Cristo crucificado", tendo sido nós "justificados" pelo sangue de Cristo, como diz São Paulo.

Por esta razão - explicou o Pontífice - se pode tocar na carne de Cristo com as obras de misericórdia, "tocar o Cristo que sofre em uma pessoa, tanto corporal quanto espiritualmente". Além disso, advertiu que quando se perde a chave do conhecimento, chega-se também "à corrupção".

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