‘O Silêncio das Ostras’ denuncia tragédias da mineração em drama que mistura ficção e realidade

Cena do filme "O Silêncio das Ostras" (Foto: Reprodução)

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27 Junho 2025

Estreou nesta quinta-feira (26), em 12 cidades do Brasil, o longa O Silêncio das Ostras, primeiro filme de ficção do premiado documentarista mineiro Marcos Pimentel. A obra entrelaça elementos documentais e narrativos para denunciar os impactos sociais e ambientais da mineração em Minas Gerais, com referências diretas aos crimes de Mariana (2015) e Brumadinho (2019).

A reportagem é de Adele RobichezAline Macedo e Kaique Santos, publicada por Brasil de Fato, 26-06-2025.

“O filme é a história da Kaylane, uma menina que vive numa vila de trabalhadores de mina e que, ao longo da vida, vai perdendo pessoas queridas enquanto tenta sobreviver com sensibilidade num mundo muito bruto”, explica o ator Lucas Oranmian, que interpreta o personagem Kaique.

A trama é contada em três momentos da vida da protagonista — infância, vida adulta e velhice — e combina cenas ficcionais com imagens reais, captadas em locais marcados pelas tragédias. “Temos imagens documentais absurdas do que aconteceu e cenas ficcionais gravadas em lugares que foram realmente atingidos”, revela o ator. “Fica nosso apelo para que todos assistam e cobrem cada vez mais dos governantes políticas públicas que responsabilizem os autores desses impactos”, pede.

Oranmian conta que a experiência de filmar em Minas Gerais, terra natal de seu pai, teve impacto pessoal e profissional. “É o primeiro filme que faço em Minas. Gravamos em Paracatu de Baixo, onde aconteceu a tragédia de Mariana, e em Machipó, uma vila da Zona da Mata. Em uma cena, contraceno com trabalhadores reais de uma mina. É impossível não se impactar por isso”, relata.

Para o ator, o cinema tem um papel fundamental ao levar essas histórias a públicos diversos. “É isso que eu gosto de fazer, esse tipo de trabalho no limiar entre realidade e ficção, que gera questionamentos. […] A arte tem esse poder de nos fazer abrir novos horizontes, criar outras narrativa porque não podemos parar. Precisamos estar muito cientes do mundo em que estamos e no que podemos fazer para mudar tudo isso.”

O filme vem de uma série de pré-estreias e passagens por festivais internacionais. Segundo Oranmian, o público estrangeiro costuma se chocar ao perceber que parte da narrativa é baseada em fatos reais. “Muitas pessoas saem querendo saber mais sobre o impacto das mineradoras. […] É real, não tem IA [Inteligência Artificial]. É muito triste. Contamos isso tudo com muita poesia e beleza, mas com o intuito de alarmar e falar sobre isso cada vez mais”, declara.

Neste sábado (29), O Silêncio das Ostras será exibido em Machipó, uma das localidades onde foi filmado.

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