O mundo está cada vez mais ávido por armas, as vendas aumentaram 6,8%

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24 Abril 2024

Não é uma surpresa. Com duas guerras em curso nas áreas do Mediterrâneo e da Europa, que envolvem indiretamente os grandes do mundo – por meio de fornecimentos militares bilionários a Israel e à Ucrânia pelos Estados Unidos e à Ucrânia pelos países europeus - não era difícil prever que 2023 teria passado à história como o ano do aumento recorde nos gastos militares no mundo. O Relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) certifica isso.

A reportagem é de Anna Maria Brogi, publicada por Avvenire, 23-04-2024. Tradução de Luisa Rabolini.

O Sipri é o mais respeitado instituto independente de pesquisa e análise em segurança global. Ele fechou as somas: no ano passado foram gastos 2.443 bilhões de dólares em armamentos, o equivalente a 2.293 bilhões de euros. Nunca haviam sido tantos assim. O equivalente a 2,3% do produto interno global. O aumento foi 6,8% num ano: nunca tão alto desde 2009. Também pela primeira vez desde 2009, os gastos aumentaram em todas as cinco regiões geográficas. “Não há nenhuma área do mundo onde a situação tenha melhorado” observa Nan Tian, pesquisadora do Sipri.

Dos conflitos, naquela que o Papa Francisco definiu como a Terceira Guerra Mundial em pedaços, já há muitos – nas periferias africanas e asiáticas da geopolítica – mas nos dois últimos anos desceram diretamente no campo de batalha Estados equipados com armas nucleares, como a Federação Russa e Israel. Apoiada, a primeira, por suprimentos vindos de duas outras potências militares: a Coreia do Norte, nuclear e o Irã, que se prepara para se tornar. A respeito de Pyongyang, sobre os gastos militares do Estado mais secreto do mundo, não existem números oficiais. E, portanto, a Coreia do Norte não aparece no ranking: segundo estimativas dos EUA, gastaria 16% do PIB para a defesa que, no entanto, equivale a menos de 5 bilhões de euros por ano, dado que se trata de um país decididamente pobre.

Em valor absoluto, os 15 estados que mais gastaram em 2023 são, pela ordem:

  • Estados Unidos (860 bilhões de euros, +2,3% em relação a 2022),
  • China (278 mil milhões, +6%),
  • Rússia (102 bilhões, +24%),
  • Índia (78,6 bilhões, +4,2%),
  • Arábia Saudita (71,2 bilhões, +4,3%),
  • Reino Unido (70,4 bilhões, +4,3%),
  • Alemanha (62,8 bilhões, +9%),
  • Ucrânia (60,9 bilhões, +51%; além de ter recebido 32 bilhões em ajudas),
  • França (57,6 bilhões, +6,5%),
  • Japão (47,2 bilhões, +11%),
  • Coreia do Sul (45 bilhões, +1,1%),
  • Itália (33,3 bilhões, -5,9%),
  • Austrália (30,3 bilhões, -1,5%),
  • Polônia (29,7 bilhões, +75%) e
  • Israel (25,8 bilhões, +24%).

Só os Estados Unidos cobrem 37% das despesas mundiais e 68% daquela da OTAN.

Mas quando se olha o quanto de sua riqueza cada estado gasta em armamentos (relação despesa militar/PIB), exceto pelo suposto 16% da Coreia do Norte, a Ucrânia, compreensivelmente, parece ser a mais militarista (37%), seguida pela Argélia (8,2%), Arábia Saudita (7,1%), Rússia (5,9%), Omã (5,4%) e Israel (5,3%). Nos últimos dez anos, os 5 estados que mais aumentaram os seus gastos militares são, além da Ucrânia (+1.272%): Polônia (+181%), Dinamarca (+108%), Romênia (+95%) e Finlândia (+ 92%).

Todos europeus, quatro em cinco fazem fronteira com o bloco Rússia-Bielorrússia ou com a Ucrânia.

Se é verdade que os gastos militares italianos sofreram um declínio no último ano, desde 2014 aumentou 31%, equivalente a 1,6% do PIB.

Em nível da União Europeia, foram gastos quase 295,2 bilhões de euros: +20% que em 2022, +50% em dez anos. Os europeus cobrem 28% das despesas dos 31 países da OTAN, que equivale a 1.260 bilhões (55% do total global).

“Estamos sofrendo as consequências de uma abordagem militarista nas relações internacionais e nas emergências globais, imposta pelos países do Norte" denuncia Rete Pace Disarmo, lembrando também "os danos ambientais" resultantes dos conflitos e da militarização.

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