09 Janeiro 2024
- "Não estamos nos opondo ao Papa Francisco, mas nos opomos firmemente e radicalmente a uma heresia que mina gravemente a Igreja, Corpo de Cristo, porque é contrária à fé e à Tradição católicas", afirma o cardeal guineense.
- Pode um cardeal - ou um bispo, ou um padre - declarar herético ou blasfemo um texto que faz parte do magistério ordinário de Francisco? O que teriam dito se dois cardeais da Cúria tivessem feito o mesmo com João Paulo II ou Bento XVI?
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 08-01-2024.
"Não estamos nos opondo ao Papa Francisco, mas nos opomos firmemente e radicalmente a uma heresia que mina gravemente a Igreja, Corpo de Cristo, porque é contrária à fé e à Tradição católicas". O cardeal Robert Sarah, ex-prefeito da Congregação para o Culto Divino, critica duramente o Fiducia Supplicans, o texto publicado pela Doutrina da Fé, e endossado pelo próprio Papa, que abre a porta para bênçãos pastorais a casais em situação 'irregular'.
Sarah, em um texto divulgado por Sandro Magister, volta a se posicionar como um dos adversários de Bergoglio, em forte competição com outro ex-líder da Cúria, o cardeal Müller, que falou em "blasfêmia" ao se referir ao documento que, insistimos, é endossado diretamente pelo Pontífice em exercício. Como recordou o cardeal Cobo em conversa com a RD, todos os padres (e um cardeal, até que se prove o contrário, é um padre) fazem um juramento de fidelidade ao Papa. Daí a pergunta do título: Pode um cardeal - ou um bispo, ou um padre - declarar herético ou blasfemo um texto que faz parte do magistério ordinário de Francisco? O que teriam dito se dois cardeais da Cúria tivessem feito o mesmo com João Paulo II ou Bento XVI?
Seja como for, é certo que Sarah (que já 'enganou' o falecido Bento XVI ao divulgar falsamente um livro publicado 'a quatro mãos') critica "uma declaração recente do Dicastério para a Doutrina da Fé, publicada com a aprovação do Papa Francisco, (que) não conseguiu corrigir esses erros e estabelecer a verdade". "Além disso, por falta de clareza, só fez ampliar a confusão que reina nos corações e alguns até se valeram dela para apoiar sua tentativa de manipulação", destaca o cardeal guineense, que contrasta o magistério de Francisco "com o ensino magistral e definitivo de São João Paulo II" e com o do próprio Ratzinger.
Por via das dúvidas, acrescenta: "A Palavra de Deus transmitida pela Sagrada Escritura e pela Tradição é, portanto, o único fundamento sólido, a única base de verdade sobre a qual cada Conferência Episcopal deve ser capaz de construir uma pastoral de misericórdia e verdade em relação às pessoas homossexuais", diz Sarah, agradecendo "às conferências episcopais que já realizaram esse trabalho de verdade, especialmente as de Camarões, Chade, Nigéria, etc., cujas decisões e firme oposição à declaração eu compartilho e faço minhas. Devemos incentivar outras conferências episcopais nacionais ou regionais e todos os bispos a fazerem o mesmo". Alguns bispos na Espanha, como Sanz, Munilla ou Martínez Camino, já estão fazendo isso. Contrariando expressamente o indicado no Fiducia Supplicans.
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Pode um cardeal declarar herético ou blasfemo um documento assinado pelo próprio Papa? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU