09 Outubro 2023
Mais um capítulo da tragédia entre Israel e a Palestina começou no sábado, quando o Hamas iniciou ataques e incursões a partir de Gaza. Dezenas de mortos e capturados para fins de troca.
Tal como o Hezbollah no Líbano, o Hamas tem uma longa tradição de sequestros de soldados e civis israelenses, que só liberta depois de muito tempo, inclusive os corpos.
A reportagem é de Mario Giro, publicada por Domani, 08-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Autoridade Palestina de Ramallah (AP) foi apanhada de surpresa tanto quanto as instituições de defesa israelense. A surpresa é tal que imprensa internacional já estão comparando o ataque de sábado com a Guerra do Yom Kippur de 1973.
A novidade é que além dos milhares de foguetes lançados da Faixa de Gaza, há também uma ofensiva coordenada por equipes militares e de incursão que entraram em Israel.
Terroristas do Hamas sequestraram civis israelenses. Isso é um crime contra a humanidade. pic.twitter.com/Ce3Zi1btjr
— André Lajst (@AndreLajst) October 7, 2023
“É uma guerra”, afirma o primeiro-ministro Bibi Netanyhau, já acusado por muitos de estar despreparado. O seu governo enfraqueceu tanto Israel internamente, com a polêmica sobre os poderes do Supremo Tribunal, que os seus inimigos se aproveitaram da situação.
É natural que Israel esteja agora se unindo na defesa do seu território e dos seus cidadãos, apoiado por grande parte pela comunidade internacional. Isso não significa que não haverá muito a ser explicado entre os israelenses mais tarde. Não há esperança de que o Hamas possa “vencer” qualquer forma de conflito contra Israel.
Contudo, esse não é o objetivo do movimento islâmico que tem outras finalidades. Em primeiro lugar, quer demonstrar que não é apenas de um grupo terrorista (como parecia até agora), mas um verdadeiro exército nacional palestino (que usa o terrorismo como técnica), para derrubar definitivamente seus concorrentes internos da AP.
A ideia é conquistar poder também na Cisjordânia e estabelecer-se como único interlocutor palestino. Em segundo lugar, o Hamas quer demonstrar que não pode haver segurança sem uma negociação (por enquanto ainda por vir) que o veja como protagonista absoluto.
Finalmente, o Hamas também tem um objetivo internacional mais amplo: estabelecer-se como entidade político-militar dentro do mundo árabe-muçulmano para interromper o idílio entre os árabes do Golfo e os israelenses que foi se concretizando com os Acordos de Abraão.
Com o ataque direto a Israel, certamente se afasta a hipótese de um pacto com a Arábia Saudita, muito mais significativo do que aqueles com os Emirados, etc.
Ou seja, o Hamas está tentando quebrar a normalização em curso entre árabes muçulmanos (especialmente sunitas) e israelenses com a aprovação dos EUA. Resta saber se a violência das últimas horas será capaz de mudar as dinâmicas geopolíticas no Médio Oriente.
Resposta de Israel ao Hamas atinge hospitais e mata 198 pessoas https://t.co/jQQ2irHqiG
— Luis Nassif (@luisnassif) October 9, 2023
O que é certo é que o clima reavivado pela guerra na Ucrânia faz com que muitos acreditem que a solução das disputas possa vir das armas.
A história do conflito entre Israel e a Palestina é, em vez disso, a melhor prova do contrário: sem um acordo baseado na troca de paz por territórios (até agora rejeitado ora de um lado ora do outro), a guerra nunca terminará.
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Um novo capítulo na tragédia entre Israel e Palestina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU