10 Agosto 2023
A pesquisa Reuters Digital News Report, realizada nos seis continentes abrangendo 46 países, constatou que 41% dos brasileiros e brasileiras evitam se informar, índice menor ao constatado em 2022, de 54%, quando o país passou pelo pico de polarização política motivada pelo processo eleitoral.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Grécia e Bulgária, com 57%, são os países onde a população menos procura se informar, seguidos da Argentina (46%), Polônia (44%) e Reino Unido (41%). Em contrapartida, japoneses com 11%, taiwaneses com 17%, e dinamarqueses com 19%, apresentam as menores taxas de população desinformada.
Finlandeses aparecem como os que mais confiam na imprensa, com 69%; em contrapartida, gregos ficam na outra ponta, com os índices mais baixos de credibilidade, com apenas 19%. A Grécia enfrentou discussões acaloradas sobre a liberdade de imprensa e a independência da mídia, concluiu a pesquisa.
Os consumidores on-line estão acessando sites com menos frequência e estão menos interessados em notícias que no passado recente. Em todos os 46 países pesquisados, em média, a maioria dos usuários on-line ainda prefere ler as notícias (57%), ao invés de assisti-las (30%) ou ouvi-las (13%). Consumidores mais jovens, com menos de 35 anos de idade, são mais propensos a ouvir notícias (17%).
Um outro fator que influencia essas tendências diz respeito a países com forte tradição de leitura, como a Finlândia e o Reino Unido, onde cerca de oito em cada dez usuários preferem ler as notícias on-line. Ao contrário da Índia e da Tailândia, onde cerca de quatro em cada dez disseram que preferem assistir notícias on-line. Nas Filipinas essa proporção chega a mais da metade (52%).
Em comparação a 2013, todas as mídias apresentaram queda de acessos na busca de notícias: as mídias on-line, incluindo as mídias sociais, que há dez anos chegavam a 90%, caíram para 79%; acessos à TV diminuíram de 75% a 51%; o impresso caiu de 50% a 12%, mas permaneceu estável nesse patamar no último ano.
Embora o Facebook ainda seja a mídia social mais acessada para qualquer propósito, sua procura caiu oito pontos percentuais desde 2017, enquanto Telegram cresceu cinco pontos percentuais, TikTok três e Instagram dois. O aplicativo chines TikTok já ultrapassa o Twitter e o Snapchat em acessos.
Quanto à busca por notícias, o Facebook ainda é a plataforma mais acessada por usuários de todas as idades. Mas enquanto foi indicada por 42% dos usuários em 2016, esse percentual cai, este ano, para 28%.
Bem mais da metade dos usuários das redes sociais disseram (56%) que se preocupam em identificar entre o que é real e falso na internet quando se trata de notícias.
A pesquisa da Reuters constatou níveis de desinformação percebida sobre mudança climática três vezes maior nos Estados Unidos (35%) do que no Japão (12%). “Alguns políticos proeminentes, opinião de escritores na mídia e grupos alinhados com os interesses dos combustíveis fósseis continuam desconsiderando o consenso científico” sobre alterações no clima, indica o texto da Reuters.
Outro fator interessante levantado pela pesquisa mostra quais tópicos são evitados segundo a orientação política dos usuários. Pessoas que se declaram de direita nos Estados Unidos evitam cinco vezes mais notícias sobre mudanças climáticas do que as de esquerda, e são três vezes mais propensas a evitar notícias sobre questões envolvendo justiça social, como gênero e raça. Já as pessoas que se identificam com a esquerda evitam notícias de crimes, negócios e finanças.
Segundo o levamento da Reuters, as evidências de que pessoas se afastam de notícias importantes, como a guerra na Ucrânia, assuntos que dizem respeito à política nacional, clima, são “extremamente” desafiadores para a indústria jornalística “e para aqueles que acreditam que a mídia jornalística tem um papel crítico em informar o público como parte de uma democracia saudável”. A questão é: como chegar às pessoas!
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Pesquisa da Reuters mostra maior desinformação em países politicamente polarizados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU