21 Março 2023
Ainda polêmicas após a votação na assembleia do Caminho Sinodal. Após críticas de Parolin, dois cardeais pedem sanções.
A reportagem é de Nico Spuntoni, publicada por Il Giornale, 19-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
As águas dentro da Igreja Católica continuam agitadas depois que o Caminho Sinodal alemão passou por esmagadora maioria um texto destinado a dar luz verde às bênçãos de casais do mesmo sexo. Entre os delegados que votaram a favor estavam 38 bispos, enquanto apenas 9 prelados votaram contra e 11 se abstiveram.
A resolução, intitulada "Celebrações de bênção para casais que se amam", está em aberta contradição com o conteúdo do responsum da Congregação para a Doutrina da Fé publicado em março de 2021 com o consenso de Francisco. Mais de uma semana depois de o desafio ter sido lançado pela maior parte do episcopado alemão, ainda não houve nenhuma reação de Santa Marta. Se o Papa não comentou o voto da assembleia do Caminho Sinodal, ao contrário, palavras de reprovação vieram de seu número dois, o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin. O cardeal do Vêneto, por ocasião da apresentação do último livro do padre Antonio Spadaro L'atlante di Francesco - Vaticano e politica internazionale, disse que "o Caminho Sinodal tomou decisões que não correspondem exatamente ao que é atualmente a doutrina da Igreja".
Muito mais clara a condenação de dois cardeais que ocuparam cargos de responsabilidade na Cúria no passado e que atualmente se encontram há anos em repouso. Trata-se do cardeal estadunidense Raymond Leo Burke e do alemão Gerhard Ludwig Müller. Ambos falaram aos microfones de Raymond Arroyo na emissora EWTN, invocando sanções canônicas para os bispos que votaram o documento favorável às bênçãos de casais homossexuais.
"Deve haver um processo e devem ser condenados e devem ser destituídos do cargo se não se converterem e não aceitarem a doutrina católica”, trovejou o prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
O prefeito emérito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica compartilha da mesma opinião, acusando os 38 bispos alemães de se distanciarem de Cristo e de seu ensinamento na Igreja, acrescentando que "esses são pecados contra o próprio Cristo e obviamente de natureza mais grave. E o Código de Direito Canônico prevê sanções adequadas". Portanto, tanto Müller quanto Burke pediram implicitamente ao Dicastério para a Doutrina da Fé que agisse para garantir que houvesse consequências para o ato de desobediência contra Roma explicitado pela maioria do episcopado alemão na votação da semana passada.
Um apelo, aquele dos dois cardeais, que deveria ser acolhido pelo cardeal prefeito Luis Francisco Ladaria Ferrer que, no entanto, encerra seu mandato em julho, após ter completado o limite dos 78 anos em abril. Sobre a sua sucessão fala-se há meses dentro dos sagrados muros e a voz mais insistente é aquela que gostaria justamente de um alemão no seu lugar, Monsenhor Heiner Wilmer. Até agora, o bispo de Hildesheim provou ser um grande defensor do Caminho Sinodal e de sua agenda ultraprogressista, que a Santa Sé também até recentemente tentou travar com o pedido de uma moratória do cardeal Marc Armand Ouellet. Pedido rejeitado pelos líderes da Conferência Episcopal Alemã em visita ad limina ao Vaticano.
Os rumores sobre a possível nomeação de Monsenhor Wilmer para o cargo que já ocupou seu compatriota Joseph Ratzinger criaram um alvoroço em Roma, e mais de um cardeal, tanto quanto sabemos, expressou mais de uma perplexidade ao Papa sobre o nome do Dehoniano. Veremos se Francisco os ouvirá ou confirmará esses rumores que poderiam fortalecer a posição do episcopado alemão até agora rebelde contra as diretrizes da Santa Sé.
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“Punam aqueles bispos”! Embate na Igreja sobre os casais homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU