10 Janeiro 2023
“Pessoas de bem”, homens e mulheres, eleitoras do terrorista Jair Messias Bozo, escreveram no domingo, 8, mais uma página lastimável na história do Brasil. Em menos de dez dias do novo governo tivemos uma página memorável, com a entrega da faixa ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e uma página deplorável com a invasão de terroristas nos símbolos institucionais da República, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Fez muito bem o presidente Lula em não aceitar o pedido de escusas do governador do DF, Ibaneis Rocha, e melhor ainda fez o ministro do STF, Alexandre de Moraes, ao determinar o afastamento desse governador de suas funções pelo prazo inicial de 90 dias. Espera-se que seja afastado para sempre, ele, o Secretário de Segurança e o comando da Polícia do DF, com a devida identificação dos policiais que “acompanharam” a chegada dos terroristas e assistiram os atos de vandalismo como se assiste a uma partida de futebol.
O presidente Lula está com alguns abacaxis na mão. A começar com a situação da ministra do Turismo. Mas muito mais preocupante, agora, é a posição do ministro da Defesa, que chegou a afirmar que a manifestação de bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército era “pacífica”. E o que dizer da informação da repórter Maria Cristina Fernandes, do jornal Valor, que denunciou a passividade do Regimento de Cavalaria de Guarda e o Batalhão da Guarda Presidencial, estacionadas no Palácio do Planalto? Quando é que o Exército, aquela “sagrada” instituição garantidora da “ordem e da segurança”, vai sair de cima do muro?
Em matéria para o The Intercept Brasil, o repórter Rafael Moro Martins comentou a participação militar nos atos de vandalismo do domingo. “Eduardo Villas Bôas, Sérgio Etchegoyen, Hamilton Mourão, Walter Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Marco Antônio Freire Gomes, todos generais de quatro estrelas do Exército, sonharam reviver a ditadura de seus pares, mas passarão à história como cúmplices da destruição da capital federal. Terão a seu lado os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior”, escreveu.
Em nota divulgada pelo portal Migalhas, a Defensoria Pública da União frisou que “as autoridades públicas possuem o dever de adotar todas as medidas necessárias a garantir a segurança pública para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, como determina o artigo 144 da Constituição Federal”.
Destacou, ainda, que “as liberdades de expressão e de manifestação é o respeito à divergência política. As liberdades de expressão e de manifestação, duramente conquistadas pelo povo brasileiro, não albergam a vida da violência, tampouco tolerância ou leniência e atos antidemocráticos que pretendem atacar as instituições democráticas e a Constituição Federal”.
Também a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), a primeira a se manifestar, pede, em nota pública, “a acurada apuração e responsabilização das pessoas envolvidas”. A igreja luterana defende “a liberdade de expressão e manifestação, valores inquestionáveis da democracia. Mas a liberdade de expressão e manifestação não autoriza a barbárie e o vandalismo com a dilapidação do patrimônio público”.
Ao mesmo tempo em que não pactua com a violência, o ódio, armamentos, a IECLB defende a democracia “como a mais bonita e justa forma de exercício de poder”, e anseia poder “voltar a conviver de forma tranquila e pacífica com as pessoas ao nosso lado, mesmo que defendam posições diferentes”.
Esses bolsonaristas patridiotas parados desde novembro em frente a quartéis mostravam cartazes indicando que o povo é soberano, mas não aceitam a soberania do povo manifestada nas urnas. São antidemocratas fanáticos – palavra que tem sua origem latina fanaticus, aquele que se diz inspirado pelos deuses, vinculada a fanum, que em latim significa templo. Onde estão os Malafaias da vida para explicarem a fúria fanática de “cristãos” baderneiros?
A cada breve período da recente história da República brasileira aparece uma figura política para integrar a galeria dos execráveis. Já tivemos Temer, Jucá, Augusto Nardes, general Heleno, Damares, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Anderson Torres, e agora se desnuda um novo personagem: o governador Ibaneis. Sem falar, é claro, no pior presidente da República que o Brasil já teve, um sujeito minúsculo, cuja especialidade é matar. E matou por omissão na compra de vacinas em tempo hábil para combater a covid-19, dilapidou patrimônio da Nação, arrebentou instituições, introduziu o fascismo no país.
Quem vai pagar a conta dos recentes estragos realizados no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional, no prédio do Supremo? Idiotas, turrões, manifestantes toscos destruíram inclusive peças culturais – rasgaram uma tela de Di Cavalcanti avaliada em 8 milhões de reais, afora o seu valor simbólico – peças históricas, como um relógio de mais de 200 anos que pertenceu a Dom João VI, além da galeria das fotos dos presidentes brasileiros. Quebraram computadores, câmeras de segurança, gabinetes... tudo sob o manto complacente da polícia do DF. Mandem a conta pro Ibaneis, esse político hipócrita que sentindo a água no pescoço veio a público com o pedido de desculpas esfarrapado.
Fica claríssima, assim, a “democracia” que bolsonaristas querem, a República personalista, fascista, “patriotas” que defendem a volta de um político que mamou por mais de 28 anos nas tetas do Legislativo, praticou rachadinhas, comprou imóveis com dinheiro vivo, apesar de ser “o inventor do Pix”, um larápio dos cofres públicos. E há quem queira anistiar o capitão para que o ovo da serpente continue procriando.
Enquanto isso, o ministro Haddad deve providenciar, com urgência, recursos para a construção de um novo presídio na capital federal para abrigar tantos terroristas. Sem perdão, sem anistia. E que o Osama Bozo seja extraditado dos Estados Unidos, como querem alguns deputados democratas por lá.
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Brasil, um país perplexo com o fanatismo de terroristas golpistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU