24 Outubro 2022
Convencido de que a pobreza, a desigualdade e os sistemas econômicos estão matando milhões de pessoas a cada ano e ameaçando a dignidade de muito mais pessoas, o Papa Francisco nomeou uma economista para a Pontifícia Academia para a Vida.
A reportagem é de Cindy Wooden, publicada em National Catholic Reporter, 20-10-20212. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mas a nomeação de Mariana Mazzucato, professora de Economia da Inovação e Valor Público na University College London, levantou preocupação em alguns setores por causa de seus retuítes ou comentários positivos em tuítes que criticavam a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de anular a sentença Roe v. Wade. Segundo tais setores, não há um direito constitucional ao aborto nos Estados Unidos.
A nomeação de Mazzucato, assim como a nomeação de outros seis novos membros, foi anunciada pelo Vaticano no dia 15 de outubro.
No rastro das críticas, o arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da academia, disse ao Catholic News Service no dia 20 de outubro que todos os membros, incluindo Mazzucato, “trazem no coração o valor da vida humana em sua área de expertise”.
“Eles não são todos católicos e não professam todos os princípios da fé católica”, disse o arcebispo. “E sabemos que existem diferenças no nível da ética, mas eles defendem a vida na sua totalidade.”
Uma declaração da academia no dia 19 de outubro dizia: “A Pontifícia Academia para a Vida é um órgão de estudo e pesquisa. Assim, o debate e o diálogo ocorrem entre pessoas de diferentes origens”. No entanto, acrescentou, quando um documento é preparado para publicação pela academia, é primeiro revisado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé.
Além disso, observou o comunicado, depois que os acadêmicos recomendam novos membros e antes de estes serem nomeados pelo papa, eles são examinados por meio de uma consulta ao núncio apostólico e à conferência dos bispos dos países onde vivem e trabalham.
“Isso ocorreu neste caso também e não houve problemas”, disse o comunicado.
Os estatutos da academia dizem que os membros são nomeados “com base em suas qualificações acadêmicas, integridade profissional comprovada, competência profissional e serviço fiel na defesa e na promoção do direito à vida de cada pessoa humana”.
“A academia é definitivamente contra o aborto. Absolutamente”, disse Paglia ao CNS.
Ele e a academia também são “contra a eutanásia, contra o suicídio assistido, contra as desigualdades sociais, contra a pena de morte, contra o armamento de crianças, contra a violência, contra todo poder coercitivo e contra todas as formas de totalitarismo”.
“A escolha de Mazzucato veio das recomendações de vários acadêmicos para enfrentar os ataques à vida que vêm da desigualdade”, disse o arcebispo, lembrando que, segundo a Save the Children, cerca de dois milhões de crianças morrem de desnutrição a cada ano.
“Obviamente, a Pontifícia Academia para a Vida não pode ignorar essa situação trágica”, disse ele.
Questionado sobre sua opinião sobre a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, Paglia disse: “Qualquer decisão que favoreça a proteção da vida é absolutamente algo bom”.
Ao mesmo tempo, disse ele, embora a Igreja Católica se oponha ao aborto, ela reconhece que, em algumas situações, pessoas de boa vontade podem apoiar leis e políticas públicas destinadas a reduzir o recurso ao aborto, permitindo o procedimento em alguns casos.
Embora os comentários de Mazzucato no Twitter tenham criticado a decisão do tribunal, ele disse que “a nossa verificação mostrou que, em seu trabalho científico, ela nunca se posicionou contra a vida. Você não pode julgar as convicções mais profundas de uma pessoa a partir de quatro tuítes”.
Os tuítes dela podem ter sido “pró-escolha”, disse ele, mas não eram “pró-aborto”.
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Presidente da Academia para a Vida defende nomeação da economista Mariana Mazzucato - Instituto Humanitas Unisinos - IHU