20 Outubro 2022
As Igrejas hoje "não devem jogar gasolina no fogo". “Pelo contrário, devemos fazer tudo ao nosso alcance para apagar o fogo. Nesse sentido, o Conselho Ecumênico de Igrejas tem uma função muito importante”. É o que disse o Patriarca de Moscou Kirill ao secretário geral interino do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), padre Ioan Sauca, durante um encontro realizado em 17 de outubro em Moscou, no centro do qual se discutiu "como as igrejas são chamadas a ser pacificadoras".
A reportagem é publicada por AgenSir, 19-10-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
É o CMI, órgão ecumênico que reúne igrejas de todo o mundo e de diferentes denominações, entre as quais a Igreja Ortodoxa Russa, que revela num comunicado divulgado hoje os detalhes do encontro que se realizou na Residência Patriarcal do mosteiro de São Daniel e que também contou com a presença do Metropolita Antonij de Volokolamsk, presidente do Departamento de Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou; o arquimandrita Filaret (Bulekov), vice-presidente do mesmo departamento, e dom Mikhail Gundyaev, representante do Patriarcado de Moscou junto ao CMI e outras organizações internacionais em Genebra.
De acordo com o comunicado do CMI, o Patriarca Kirill deu as boas-vindas aos convidados, dizendo: "Agradeço por terem vindo à Rússia nestes tempos difíceis para se encontrar comigo e com meu povo e falar sobre as difíceis relações internacionais em que vivemos e com as quais somos confrontados hoje, que naturalmente influenciam também as nossas relações intraeclesiais”.
O Padre Sauca agradeceu ao Primaz da Igreja Ortodoxa Russa pelo encontro e disse: "Os membros de nosso organismo aguardam esta visita com grande interesse e esperança", explicando que a delegação do CMI veio a Moscou atendendo solicitação do Comitê Central que pediu para visitar as igrejas membros do CMI com "feridas sangrando" e que essas visitas incluíram o Oriente Médio - Síria, Líbano, Israel e Palestina - Ucrânia e agora Rússia. "O senhor está ciente das preocupações" que as Igrejas membros do CMI têm em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, disse o padre Sauca, "e de nossas declarações condenando a guerra e a violência que fizemos em nossos órgãos de governo".
“A razão pela qual viemos aqui - acrescentou - é ver o que podemos fazer juntos para construir pontes de paz e reconciliação e parar o derramamento de sangue e o perigo de uma conflagração nuclear”. "Acredito - disse então, sempre se dirigindo ao Patriarca Kirill - que seria muito útil agora fazer a mesma afirmação, dizendo claramente ao mundo o que o senhor nos disse, aqui, hoje: parar o derramamento de sangue, parar as matanças, parar a destruição de infraestruturas, buscar a paz e a reconciliação”.
Isso ajudaria muito o mundo e também a Igreja Ortodoxa, disse o padre Sauca ao Patriarca Kirill, e também ajudaria a esclarecer "qual é sua posição pessoal em relação à guerra". Solicitado pelo secretário-geral do CMI, o patriarca afirmou que não acha que nenhuma igreja ou cristão possa ter uma posição favorável a guerras e mortes, e que as igrejas - assim lemos no comunicado do CMI - "... chamados a ser pacificadoras e a defender e proteger a vida”, acrescentando que “a guerra não pode ser santa”. Mas quando alguém tem que defender a si mesmo e sua vida ou dar a vida pela vida dos outros, as coisas parecem diferentes, afirmou o patriarca Kirill. "Temos tantos exemplos em nossa história cristã", disse ele. “No entanto, como pacificadores, devemos fazer todos os esforços para trazer a paz por meio do diálogo e evitar qualquer conflito ou violência”.
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Igrejas “não devem jogar gasolina no fogo”. “Devemos fazer tudo ao nosso alcance para apagá-lo.” “A guerra não pode ser santa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU