18 Agosto 2022
O mais importante: a economia chinesa está em séria dificuldade.
A reportagem é de Francesco Guerrera, publicada por Outlook Repubblica, 17-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 15 de agosto, o banco central de Pequim cortou as taxas de juros de repente. A razão? Uma série de dados econômicos terríveis mostrando que a política "Covid-Zero" do presidente Xi Jinping está travando o gigante econômico do Leste. Gianluca Modolo escreveu sobre isso para nós neste artigo.
O dado mais preocupante é sem dúvida aquele sobre o desemprego juvenil que atingiu incríveis 19,9% - um recorde absoluto e quase ao nível italiano. Por questões de política interna - e com um importante Congresso do Partido Comunista que deveria lhe conceder um terceiro mandato - Xi não pode se dar ao luxo de "perder" os jovens e/ou arriscar problemas sociais naquele segmento da população.
O problema econômico para a China: Apesar do clichê da China como a "fábrica do mundo", a economia do Dragão sempre foi impulsionada pelos consumidores. Desta vez, porém, uma crise no mercado imobiliário, as políticas restritivas contra o Covid decretadas por Xi e o desemprego galopante fizeram com que cada vez menos chineses colocassem a mão na carteira.
O problema econômico para a economia mundial: sem a China, é difícil crescer por duas razões: o enorme mercado chinês é fundamental para as exportações de países como Alemanha, Itália, mas também EUA e França, e a força da economia chinesa empurra o restante do PIB mundial. Em ambos os casos, as tendências não são positivas. O volume de importações chinesas está em forte queda e os líderes chineses já praticamente abandonaram a meta de crescimento de 5,5% para este ano.
Conclusão: No passado, quando a economia estava paralisada, Pequim injetava enormes quantias de dinheiro estatal para colocá-la de volta nos trilhos. Normalmente, essas ajudas chegam de duas formas: por meio de gastos bilionários nas infraestruturas (basta olhar para a malha rodoviária na capital chinesa ou para os aeroportos de cidades menores), e com empréstimos facilitados aos consumidores para alimentar despesas nas casas, carros e eletrodomésticos. Hoje, porém, Xi não tem as capacidades financeiras nem a vontade política para copiar seus antecessores. O presidente chinês decidiu que suas prioridades são erradicar o vírus e aumentar o peso geopolítico do país. A economia chinesa será a primeira a sofrer, e depois o resto do mundo.
Atenção também para: A lição do Walmart para os bancos centrais
O Walmart, o maior varejista do mundo, é um indicador valioso para entender o nível de saúde da economia dos EUA. O balancete trimestral do gigante do varejo, que foi publicado ontem, oferece três lições importantes para o Fed. Aqui estão:
1. Os consumidores estão gastando mais nas lojas por causa da inflação (os preços estão mais altos), mas também porque consideram que seja melhor comprar agora do que no futuro, quando as notas fiscais poderiam ser ainda mais salgadas. Lição para o Fed: a inflação está começando a influenciar as escolhas dos consumidores. Se não cair logo, essas mesmas expectativas poderiam alimentar uma nova inflação.
2. Os compradores estão muito interessados nos descontos que o Walmart e seus rivais estão fazendo em muitos produtos. Os descontos são causados por um excesso de mercadorias acumuladas pelas lojas nos meses de "reabertura" após o Covid. Lição para o Fed: alguns setores já estão demonstrando estar em deflação (ou seja, queda nos preços). Continuar a aumentar as taxas para combater a inflação poderia colocá-los em séria dificuldade.
3. Com o custo de vida subindo rapidamente, alguns consumidores decidiram fazer menos compras. Foi visto ontem no resultado trimestral da Home Depot - gigante do setor faça-você-mesmo - que registrou queda no número de visitantes. Lição para o Fed (e a Casa Branca): o verdadeiro perigo de uma espiral negativa é precisamente este: que a inflação mantenha os consumidores em casa, reduzindo seus gastos e criando problemas para empresas e produtores.
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A China está sacudindo a economia mundial. A lição do Walmart sobre a inflação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU