06 Junho 2022
A informação é publicada por Agência Fides, 05-06-2022.
“Este ano celebramos Pentecostes em meio a muitos desafios. O ano de 2022 é marcado por uma escala de fome sem precedentes em todo o mundo, devido aos efeitos da pandemia de COVID-19, mudanças climáticas, guerras prolongadas e, em particular, a guerra na Ucrânia”, afirma o Cardeal Philippe Nakellentuba Ouédraogo, Arcebispo de Ouagadougou (Burkina Faso), em sua mensagem de Pentecostes como presidente do SECAM/SCEAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar).
Burkina Faso, país na África Ocidental, e sua capital, Ouagadougou. (Foto: Freepik | Crestive commons)
“De acordo com as conclusões do Relatório Global sobre Crises Alimentares (GRFC) 2022, cerca de 193 milhões de pessoas foram afetadas por grave insegurança alimentar e precisam de assistência urgente em 53 países/territórios em 2021, e espera-se que as perspectivas da insegurança alimentar aguda em 2022 piorem ainda mais do que em 2021”, lembra o Cardeal.
“A maioria dos países afetados pela fome estão na África”, destaca. De fato, segundo a FAO, os níveis de insegurança alimentar extrema na África “quase quadruplicaram entre 2019 e 2022”, e mais de 281 milhões de pessoas passaram fome em 2021.
O Presidente do SECAM lembra aos fiéis que, como “discípulos de Jesus hoje, somos convidados a quebrar a lógica do entesouramento egoísta dos bens e aprender a compartilhar com os outros”. “Os bens, de fato, são um dom de Deus para todos os homens e pertencem a todos”, sublinhou o Cardeal Ouédraogo, recordando o Concílio Vaticano II: “Deus destinou a terra e tudo o que ela contém ao uso de todos os homens e de todos os povos, e, portanto, os bens criados devem ser partilhados igualmente por todos, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade” (GS 69).
O presidente do SECAM lançou um apelo “aos governos e organizações humanitárias para que façam todo o possível para que ninguém morra por falta de alimentos. Também é necessário promover o desenvolvimento de políticas e programas eficazes que valorizem a produção local de alimentos e combatam o desperdício de alimentos, protejam as terras agrícolas e garantam o acesso dos agricultores. Porque a solução para a fome não será alcançada apenas com ajuda alimentar. A ajuda alimentar deve ser considerada como uma solução temporária e com o objetivo de permitir que uma determinada população sobreviva em situação de crise”.
O Cardeal Ouédraogo concluiu lembrando que “o Pentecostes é também a festa da paz. Foi com o sopro do Espírito Santo que Jesus disse: "A paz esteja convosco" (Jo 20,21). Rezemos, portanto, pela paz no mundo e especialmente em nosso continente. Que o Espírito de Pentecostes nos faça perceber que “a construção da paz social em um país nunca termina, mas é uma tarefa que nunca cessa e que exige o empenho de todos. Todos podemos ser instrumentos de paz e trabalhar pela paz!”
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Cardeal Ouédraogo: “A África tem fome e devemos superar a lógica do egoísmo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU