Por: André | 15 Janeiro 2014
Os dois cardeais africanos anunciados pelo Papa Francisco no domingo provêm da zona ocidental do continente. No caso do arcebispo de Abidjan, Jean-Pierre Kutwa, trata-se de uma “confirmação” da Costa do Marfim como sede cardinalícia (pois haviam recebido a púrpura seus dois predecessores). Ao contrário, o caso do arcebispo de Ouagadougou, Philippe Nakellentuba Ouédraogo (foto), é diferente: com ele, Burkina Faso volta a contar com um cardeal, depois de quase 15 anos. O único purpurado deste país da história havia sido Paul Zoungrana, padre conciliar criado cardeal por Paulo VI no histórico Consistório de 1965 (quando o país ainda se chamava Alto Volta) e que faleceu em 2000.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no sítio Vatican Insider, 13-01-2014. A tradução é de André Langer.
Fonte: http://bit.ly/1hPWva3 |
Jean-Pierre Kutwa nasceu em Blockhauss (Costa do Marfim) no dia 22 de dezembro de 1945. Foi ordenado sacerdote em 1971 e foi eleito por João Paulo II como bispo de Gagnoa em 2001. Foi delegado da Costa do Marfim para o Sínodo dos Bispos de 2005 e no ano seguinte, por vontade de Bento XVI, sucedeu o cardeal Bernard Agré como guia da arquidiocese de Abidjan, a capital do país. Neste ministério teve que enfrentar o difícil desafio de um país que viveu a primeira década do século XXI submerso em uma guerra civil. Monsenhor Kutwa é um religioso que se preocupa enormemente com a dimensão do diálogo ecumênico e inter-religioso, tema delicadíssimo na África atual, onde os enfrentamentos políticos correm o perigo de assumir conotações confessionais. Entre as curiosidades da sua biografia destaca em seu corriculum um título de compositor musical.
Philippe Nakellentuba Ouédraogo, arcebispo de Ouagadougou, nasceu em Konéan no dia 25 de janeiro de 1945 e foi ordenado sacerdote em 1973. Em 1996, João Paulo II o nomeou bispo de Ouahigouya, diocese na qual impulsionou com vigor o nascimento de dois mosteiros contemplativos: o masculino Jesus Salvador de Honda (vinculado à espiritualidade do beato Charles de Foucauld, tão importante para o novo cardeal) e o feminino das clarissas de Saye. Representam duas sedes importantes, pois Ouahigouya encontra-se no norte do país, na fronteira com o Mali, em uma zona de maioria islâmica. Em 2010, Ouédraogo foi chamado por Bento XVI para dirigir a arquidiocese de Ouagadougou, na qual se destacou por suas posturas a favor dos últimos em um dos países mais pobres da África. Como indicou a revista Missioni Consolata, que o entrevistou em seu número de dezembro, durante o verão do ano passado, em companhia de outros bispos de Burkina Faso, publicou uma dura carta na qual denunciava uma “crise de valores” que leva ao aumento da pobreza e da corrupção na sociedade de Burkina Faso.
Em particular, a Igreja criticou fortemente a ideia do presidente Blaise Compaoré de criar o Senado, como estratégia para garantir a possibilidade de modificar a Constituição e poder reeleger-se. “Em um contexto de enorme pobreza e necessidades essenciais nas áreas da saúde, educação, trabalho, moradia, alimentação, que valor agregado poderia ter o Senado?”, escreveram os bispos de Burkina Faso, rechaçando inclusive os postos oferecidos para representar as comunidades religiosas.
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Do oeste africano, dois novos cardeais do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU