04 Junho 2022
Apesar de precisar usar cadeira de rodas, o Papa Francisco está levando adiante sua visita à República Democrática do Congo e o Sudão do Sul nos dias 02 a 07 de julho. Veja aqui seu itinerário.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix, 02-06-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Papa Francisco, que está fisicamente enfraquecido e em ritmo mais lento por conta de dores no joelho, decidiu prosseguir com sua ambiciosa visita de seis dias à África no próximo mês.
Mapa da África, com destaque à RD Congo e ao Sudão do Sul. Fonte: Map Chart. Edição: IHU
O Vaticano confirmou que a viagem de 2 a 7 de julho à República Democrática do Congo (RDC) e ao Sudão do Sul acontecerá, apesar dos rumores de seu adiamento.
O papa de 85 anos, que esteve confinado a uma cadeira de rodas nas últimas semanas, viajará sete horas e meia de avião no sábado, 2 de julho, para a capital da RDC, Kinshasa.
Ele será levado imediatamente ao Palais de la Nation para se encontrar com o presidente Felix Tshisekedi. O líder da RDC, eleito em dezembro de 2018, conheceu o papa em janeiro de 2020 durante uma visita ao Vaticano.
Diante das autoridades e do corpo diplomático, Francisco fará então um primeiro discurso, como é costume no início de suas visitas, antes de seguir para a Nunciatura Apostólica, onde passará três noites.
Na primeira noite, ele se reunirá em particular com os jesuítas da região, como já fez em suas viagens anteriores.
Nas últimas décadas, a Igreja Católica tem sido uma das instituições mais críticas do governo da RDC. Assim, as pessoas estarão ouvindo com muita atenção as primeiras palavras do papa quando ele chegar.
O atual arcebispo de Kinshasa, o cardeal Fridolin Ambongo, é considerado particularmente próximo de Francisco e é um dos membros do Conselho de Cardeais de elite do papa.
No segundo dia de sua visita, o papa celebrará uma missa de domingo de manhã no aeroporto de Ndolo. Em seguida, ele se dirigirá à Catedral de Nossa Senhora do Congo, na capital, para se dirigir aos bispos, padres, religiosos e seminaristas do país.
Mapa da República Democrática do Congo. Fonte: Enciclopédia Global
O dia incluirá apenas dois encontros. Mas o dia seguinte será mais intenso, começando com um voo de 2h30min para Goma, no leste da RDC.
Goma é a capital da província de Kivu do Norte, uma área afetada pela alta insegurança e marcada pela onipresença de grupos armados.
O papa começará sua visita com uma missa pública no acampamento de Kibumba antes de visitar um centro de acolhimento administrado pela Diocese de Goma. De acordo com o programa oficial da viagem papal, essa visita dará a Francisco a oportunidade de falar com “vítimas da violência em Beni e no leste do Congo”.
Kivu do Norte (Fonte: Wikimedia Commons)
De volta a Kinshasa, o papa encerrará a etapa congolesa de sua viagem na terça-feira, 5 de julho, com um encontro com os jovens e catequistas do país, antes de seguir para o aeroporto.
Lá, ele será acompanhado pelo Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e o moderador recém-eleito da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, reverendo Iain Greenshields.
Os dois líderes religiosos acompanharão o papa em sua viagem ao Sudão do Sul.
O país, que é independente desde 2011, viu sua população se separar entre 2013-2018 em uma guerra sangrenta que deixou quase 400 mil pessoas mortas e vários milhões de deslocados.
A Santa Sé, que há muito está envolvida em negociações no país marcado pela guerra civil, organizou uma reunião entre as partes beligerantes locais no Vaticano em abril de 2019.
No final deste “retiro espiritual” de 24 horas para esses homens em guerra, o papa se ajoelhou e beijou os pés dos líderes rivais, implorando que fizessem a paz.
Mapa do Sudão do Sul. Fonte: Institute of Peace US Government.
O gesto dramático deixou dois rivais atordoados e a imagem correu o mundo.
Foi então que o papa, o arcebispo de Canterbury e o moderador da Igreja da Escócia (então Martin Fair) prometeram visitar seu país.
A parte sul-sudanesa da viagem, descrita pelo Vaticano como uma “peregrinação ecumênica de paz à terra e ao povo sul-sudanês”, começará na terça-feira, 5 de julho, com uma visita ao palácio presidencial em Juba.
O papa será saudado pelo presidente Salva Kiir e, 30 minutos depois, pelos cinco vice-presidentes do país.
Após esses encontros privados, Francisco dirigir-se-á às autoridades e ao corpo diplomático.
No dia seguinte, 6 de julho, o papa visitará os deslocados internos do país em um campo perto da capital, onde fará um discurso.
Então, no final da manhã, ele terá um encontro privado com os jesuítas no país.
No final da tarde, Francisco se reunirá com os bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral de Santa Teresa em Juba, antes de participar no final do dia de uma oração ecumênica no Mausoléu de John Garang.
Gerang foi um herói da guerra de independência do Sudão do Sul; morreu em um acidente em 2005.
É neste mesmo local que o Papa Francisco celebrará uma missa na manhã de 7 de julho, seu último dia na África.
Está programado para ele deixar Juba às 11h15min e chegar a Roma às 18h05min.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A ambição do Papa Francisco na visita de seis dias à África - Instituto Humanitas Unisinos - IHU