04 Mai 2022
Como parte dos esforços do Papa Francisco para acabar com a guerra na Ucrânia, o Vaticano propôs uma nova "Conferência de Helsinque", referindo-se à série de reuniões entre 1973 e 1975 que reuniu o Vaticano, países europeus, a então União Soviética, Estados Unidos e Canadá a acordar sobre inviolabilidade territorial, limites ao uso da força militar e respeito à soberania dos signatários.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 03-05-2022.
O pontífice tem afirmado que está disposto a "fazer qualquer coisa" para impedir a invasão russa, mas até agora todos os esforços diplomáticos reservados feitos pelo Vaticano não deram resultados. Neste quadro, o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, D. Paul Gallagher, estava programado para ir a Kiev no início de abril, mas contraiu COVID e agora Francisco está pensando em enviá-lo nos próximos dias. "Hoje é necessária uma nova Conferência de Helsinque", propôs o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, neste fim de semana em reuniões na Santa Sé, informaram fontes diplomáticas.
Parolin, considerado o "número dois" da Santa Sé e negociador do Papa para questões internacionais como a relação com a China ou a crise na Venezuela, lançou o primeiro apoio do Vaticano a uma conferência internacional com a qual o diálogo entre Ucrânia e Rússia terminará o conflito que começou no final de fevereiro.
O apoio do Vaticano a uma mesa de negociações que inclua a Rússia e, na prática, os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), veio horas antes de o Papa Francisco levantar publicamente suas dúvidas sobre a eficácia das atuais negociações de paz para resolver o conflito.
“Ao assistirmos a uma regressão macabra da humanidade, pergunto-me, junto com tantas pessoas angustiadas, se realmente buscamos a paz; se há vontade de evitar uma escalada militar e verbal contínua; se fazemos o possível para silenciar as armas”, levantou o Papa neste domingo ao recitar a oração Regina Coeli do Palácio Apostólico do Vaticano.
No domingo passado, entretanto, quase ao mesmo tempo que o pontífice pedia corredores humanitários na zona de Mariupol, as tropas de invasão russas começaram a abrir passagens seguras para evacuar os civis.
Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, o Papa já se referiu publicamente à guerra 38 vezes, com fortes críticas às ações de Moscou, e focou em pedidos para acabar com a violência, garantir corredores humanitários para civis e retomar o diálogo entre os partes com ajuda internacional.
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Vaticano propõe conferência multilateral para restaurar a paz na Ucrânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU