03 Mai 2022
“Jesus era claramente contra o desarmamento”, afirmou em vídeo postado há três anos pelo pastor e teólogo Yago Martins. O assunto veio a tona mais uma vez agora, com o episódio do disparo acidental da arma do pastor Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, quando se encontrava no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, ferindo uma pessoa.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Talvez você seja contra o armamento civil. Jesus não foi! Talvez vocês fique chocado: ‘ah, mas esse não é o meu Jesus’. Mas é o Jesus da Escritura”, retrucou Yago. Ele justificou o uso da violência para “diminuir a violência”, pois “esse é o princípio da Escritura”. Quando a cultura da paz não é suficiente para pacificar o mundo, “vale o exercício da força”.
No vídeo, o pastor destacou o Deus da guerra que se apresenta no Antigo Testamento, e que Ele permite a autodefesa. Já percorrendo o Novo Testamento, reportou-se a Jesus que se “armou” de um relho para expulsar os vendilhões do templo, embora admitisse que Jesus não bateu em ninguém. Também mencionou a ordem de Jesus para que seus discípulos pegassem uma bolsa ou sacola, “e quem não tem espada deve vender a capa e comprar uma”. E concluiu: “Jesus quer que missionários andem armados!”.
Lembrou ainda que todo governo ditatorial recorre ao desarmamento do povo civil. “Hitler fez isso”, para justificar, assim como o presidente da República o faz: “Uma nação sem armas está debaixo da ira de Deus”, e “autodefesa não é assassinato”. “Somos pacificadores, não pacifistas”.
O pastor defende que cristãos andem armados. Mas a nação ainda não entendeu por quê um pastor presbiteriano, educador, com doutorado, ex-ministro da Educação precisa andar armado, demonstrando, de forma inequívoca, que não tem qualquer habilidade para o manuseio de um revólver, colocando em risco pessoas ao seu lado.
O pastor Yago também esquece o mandamento de Jesus – amai-vos uns aos outros. O Messias sequer demonstrou alguma reação, de autodefesa agressiva, quando interrogado pelo Sinédrio, por Pilatos, ou conduzido pelas ruas de Jerusalém até o Gólgota. Ao ser preso, ele mandou o seu discípulo, que decepara a orelha de um dos soldados, guardar a espada, além de curar o ferido.
Como Jesus usou o relho como arma, e nunca pecou, portanto o cristão andar armado não é pecado, concluiu o teólogo “pacificador”.
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Pastor argumenta que Jesus apoia posse de armas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU