18 Março 2022
“Quando falamos da nossa pátria, que resiste, que luta, eu vejo diante dos meus olhos a imagem de uma mulher. Uma mulher como símbolo da Ucrânia. Uma mulher que carrega o fardo imensurável da guerra, que, em meio ao luto da morte, zela pela vida. Uma mulher que constrói e defende o futuro. A mulher hoje é o símbolo da força e da coragem da Ucrânia”.
Publicamos aqui a transcrição da videomensagem gravada por Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, Chefe e Pai da Igreja Greco-Católica Ucraniana, 17-03-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Hoje é o dia 17 de março de 2022 e já estamos vivendo o 22º dia de guerra. Estamos começando a quarta semana desta horrível e injusta agressão contra a Ucrânia.
Mas todas as manhãs eu posso lhes dizer que a Ucrânia resiste, a Ucrânia luta. Como diz nosso hino nacional: “A glória e a liberdade da Ucrânia não pereceram. Ó ucranianos, o destino ainda há de sorrir para nós”.
Mas quando falamos da nossa pátria, que resiste, que luta, eu vejo diante dos meus olhos a imagem de uma mulher. Uma mulher como símbolo da Ucrânia. Uma mulher que carrega o fardo imensurável da guerra, que, em meio ao luto da morte, zela pela vida. Uma mulher que constrói e defende o futuro.
Todos os dias, quando falamos com as pessoas que vêm às nossas paróquias, especialmente em Kiev, Kharkiv, Zaporizhya, Odessa, vemos acima de tudo mulheres. Mulheres que cuidam dos idosos e alimentam seus filhos. E quando cuidamos do nosso povo que se esconde em abrigos antiaéreos, vemos acima de tudo as mulheres.
A mulher hoje é o símbolo da força e da coragem da Ucrânia. Talvez essas palavras juntas – coragem e mulher – soem estranhas. Normalmente, a “coragem” sempre esteve associada ao homem, mas aqui vemos a força feminina que dá esperança à Ucrânia.
Hoje, em particular, agradecemos e rezamos pelas nossas meninas, pelas nossas mulheres nas Forças Armadas da Ucrânia, que hoje, com armas nas mãos, defendem a sua pátria.
Hoje, de modo especial, pensamos e rezamos pelas mulheres que são vítimas desta guerra nos territórios ocupados. Nos nossos vilarejos na região de Kiev, as mulheres estão se tornando as primeiras vítimas da ocupação, vítimas da violência, vítimas da humilhação, vítimas do estupro.
Uma foto deu a volta ao mundo da chamada “Nossa Senhora de Kiev”: uma jovem amamentando seu bebê recém-nascido nas escadas de um abrigo antiaéreo em Kiev. Mas hoje também estamos contemplando o rosto das mulheres que são forçadas a fugir com seus filhos da sua terra natal rumo ao exterior. Hoje, fala-se de mais de três milhões de refugiados da Ucrânia.
Até este momento, a Europa, especialmente a Itália, via mulheres ucranianas que viajavam por motivos de trabalho. O Santo Padre Francisco as chamou de heroínas, que mais uma vez levaram a fé e os valores cristãos às famílias italianas.
Hoje, a Europa vê mães levando seus filhos pela mão enquanto fogem da guerra, mas seus pais dão meia volta para defender a sua pátria com as armas.
Quem pode compreender plenamente a dor de uma mulher, de uma mãe que chora a morte do seu filho na guerra? Ou de uma mulher que perdeu seu marido, irmão ou irmã?
Mas, acima de tudo, estamos admirados com as mulheres que rezam diante de Deus, mulheres que são como a [Virgem de] Oranta de Kiev, o Muro Inquebrável, que dia e noite, com as mãos erguidas, reza pela sua cidade, pela sua nação.
Hoje, a mulher é símbolo de esperança para a Ucrânia, um símbolo de destemor, um símbolo de vitória da vida sobre a morte, um símbolo de que a Ucrânia resistirá, mesmo em circunstâncias tão desumanas.
Hoje, rezamos à Imaculada Virgem Maria, preparando esta consagração da Ucrânia e da Rússia ao Seu Imaculado Coração, conforme anunciado pelo Papa Francisco.
Hoje, queremos consagrar a Ucrânia e as mulheres ucranianas à proteção da Imaculada Mãe de Deus.
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“A mulher hoje é o símbolo da força e da coragem da Ucrânia”. Videomensagem de Sviatoslav Shevchuk, Chefe e Pai da Igreja Greco-Católica Ucraniana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU