19 Mai 2021
Nos últimos anos, a comunidade católica do território se dividiu entre ativistas pela democracia e submissos - senão favoráveis - à supremacia de Pequim. Esta situação tem levado muitos jovens a se distanciarem das comunidades cristãs. Mons. Chow quer “voltar” a caminhar junto com os jovens. Lembrar ao governo que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental.
A reportagem é de Paul Wang, publicada por AsiaNews, 18-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O bispo preferiu não falar da "supressão" das comunidades cristãs na China. Sobre a eliminação das cruzes nas igrejas, ele disse que prefere ser "prudente". Ele lembrará dos mortos de Tiananmen, pelo menos em sua primeira entrevista coletiva como novo bispo de Hong Kong, Mons. Stephen Chow destacou hoje que suas prioridades serão reconstruir a relação entre a diocese e os jovens e defender a liberdade religiosa. No encontro com os jornalistas, estava presente o card. John Tong, ex-bispo e depois administrador apostólico da diocese, e Mons. Joseph Ha, bispo auxiliar, por muito tempo um suposto candidato à sé diocesana.
Padre Stephen Chow Sau-yan (Foto: Vatican News)
O empenho de muitos jovens no movimento democrático, a consequente repressão causada por Pequim com a lei sobre a segurança nacional, a prisão e condenação de vários líderes democráticos católicos, deu a muitos jovens a esperança de que a Igreja de Hong Kong e o Vaticano se posicionassem com clareza ao seu lado. Em vez disso, a comunidade católica na região se dividiu entre ativistas pela democracia e submissos - senão favorável - à supremacia de Pequim. Esta situação tem levado muitos a se afastarem das comunidades cristãs. Para Mons. Chow - que tem considerável experiência no campo da educação - os jovens estão entre os grupos mais esquecidos da sociedade. “Não há necessidade de concordar com eles - disse - mas devemos compreendê-los e sentir com eles”.
Essa empatia, acrescentou, "nos unirá novamente". O novo bispo também disse que continuará defendendo a liberdade religiosa no território. “A liberdade religiosa - disse ele - é um direito humano fundamental. Gostaríamos de lembrá-lo em nossos diálogos com o governo, para que não seja esquecido”. Mons. Chow, no entanto, foi mais evasivo nas perguntas relativas à China.
Manifestações populares em Hong Kong (Foto: Vatican News)
Questionado se acredita que os católicos na China estão sendo reprimidos, ele disse que não queria usar a palavra "repressão", mas espera que haja mais compreensão e harmonia no futuro. Questionado sobre a sua opinião sobre a destruição de cruzes nas igrejas da China popular, ele respondeu: “Não acredito que seja sábio para mim comentar esses temas ligados à China, que não entendo muito ... não tenho informações e conhecimento suficientes”.
E acrescentou: “Não é porque eu tenha medo. Acredito que ser prudente é uma virtude”. No ano passado, Mons. Chow disse que havia participado das manifestações em Hong Kong em memória do massacre de Tiananmen (4 de junho de 1989). Um repórter perguntou se ele participaria este ano. No momento, a polícia está discutindo com os organizadores da vigília e parece não querer dar permissão por motivos sanitários ligados à pandemia. Mons. Chow respondeu que não sabe se será ou não legal participar da comemoração deste ano. E depois acrescentou: “Há muitas formas de comemorar: no passado, eu fui a um encontro público. Mas teve ocasiões em que eu não pude ir ... Então, eu rezo pela China e por todos aqueles que morreram em 1989”.
Praça Tiananmen (Foto: Wikimedia Commons/Derzsi Elekes Andor)
Mons. Chow também disse não saber se sua nomeação - como muitos suspeitam – tenha sido aprovada ou não pela China. “É algo entre a China e o Vaticano”. Personalidades do Vaticano, sob anonimato, disseram que a nomeação do bispo de Hong Kong estava livre de interferências de Pequim. A ordenação episcopal de Mons. Chow acontecerá no dia 4 de dezembro próximo.
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Jovens e liberdade religiosa: prioridades do novo bispo de Hong Kong - Instituto Humanitas Unisinos - IHU