15 Outubro 2020
"No mundo a pandemia continua avançando com média móvel superior a 300 mil casos por dia e mais de 5 mil mortes diárias", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 13-10-2020.
Eis o artigo.
A pandemia do novo coronavírus continua avançando e aumenta a morbimortalidade no mundo: já são cerca de 38 milhões de pessoas infectadas e 1,08 milhão de vítimas fatais. O Brasil já ultrapassou 5 milhões de casos e 150 mil vidas perdidas.
A China que foi o epicentro inicial da doença conseguiu controlar o SARS-CoV-2 e desde abril apresenta números diários próximos de zero. A Nova Zelândia – com a liderança inspiradora da primeira-ministra Jacinda Ardern – conseguiu eliminar o vírus e zerar a curva epidemiológica. O Butão barrou a entrada do novo coronavírus e registrou zero mortes. A Oceania e o continente africano apresentam baixos coeficientes de incidência e de mortalidade.
Porém, os casos de sucesso são poucos e a maioria dos países estão sendo fortemente impactados pela pandemia. Até o dia 10 de outubro, havia 105 países com mais de 10 mil casos acumulados e mais de 190 países com, pelo menos, uma morte pela covid-19. Alguns países tiveram apenas uma onda de casos e mortes, outros tiveram uma segunda onda e, inclusive, há casos de terceira onda.
O Irã se encaixa nesta terceira categoria. O herdeiro da antiga Pérsia foi um dos primeiros países mais afetados após a China e teve um grande crescimento do número de casos em março de 2020. O pico da primeira onda ocorreu no dia 02 de abril com a média móvel de 7 dias indicando 3.009 casos. Estes números caíram até 03 de maio com média inferior a 1 mil casos. Mas ai começou a segunda onda que teve o pico no dia 05 de junho com média de 2.927 casos. Estes números caíram até 05/09 com média de 1.836 casos. Mas a partir daí começou a terceira onda – que ainda não chegou no pico – com média de 4.019 casos no dia 11 de outubro. No total, o Irã, com uma população de 84 milhões de habitantes, já atingiu mais de 500 mil casos, com um coeficiente de incidência de 5,9 mil casos por milhão.
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Os primeiros casos da covid-19 no Irã foram registrados no dia 19 de fevereiro e as primeiras mortes no dia 21 de fevereiro. O pico da primeira onda ocorreu no dia 06 de abril com a média móvel de 7 dias indicando 141 vítimas fatais. Estes números caíram até 17 de maio com média de 49 óbitos. Mas ai começou a segunda onda que teve o pico no dia 26 de julho com média de 216 mortes. Estes números caíram até 02/09 com média de 111 vidas perdidas. Mas a partir daí começou a terceira onda – que ainda não chegou no pico – com média diária de 221 fatalidades, no dia 11 de outubro. O número de mortes no dia 11/10 foi o recorde do ano com 251 óbitos em 24 horas. No total, o Irã já atingiu quase 30 mil mortes, com um coeficiente de mortalidade de 339 óbitos por milhão. A terceira onda foi a mais letal.
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Para efeito de comparação, o coeficiente de mortalidade das mortes diárias no Irã está em 2,7 óbitos por milhão, segundo o gráfico abaixo do Financial Times. A Argentina apresenta o maior coeficiente com 9 óbitos diários por milhão e a Índia o menor coeficiente com 0,7 óbito diário por milhão. O Brasil tem coeficiente de 3 óbitos por milhão, os EUA com 2,1 óbitos por milhão e a Rússia com 1,2 óbito por milhão.
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No mundo a pandemia continua avançando com média móvel superior a 300 mil casos por dia e mais de 5 mil mortes diárias. A produção de vacinas está caminhando em ritmo acelerado, mas ainda falta muito para que toda a população mundial possa ser imunizada e a pandemia possa ser vencida.
O caso do Irã serve de alerta para outros países, como o Brasil, pois nenhuma nação está imune de uma segunda onda ou até mesmo uma terceira onda.
Referências:
ALVES, J.E.D. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. Presidente quinta-coluna não combate a pandemia e instala o Necroceno no Brasil, Ecodebate, 08/06/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. América do Sul se consolida como epicentro da pandemia, Ecodebate, 10/06/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. O novo coronavírus já infectou mais de 1 pessoa em cada 1 mil habitantes do mundo, Ecodebate, 15/06/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. O Brasil é o país do BRICS mais afetado pela pandemia qualquer que seja o critério, Ecodebate, 24/06/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. A covid-19 no primeiro semestre de 2020 e o Brasil e a América Latina como epicentros, Ecodebate, 03/07/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. O Butão conseguiu vencer a covid-19, Ecodebate, 08/07/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. A Índia é o novo epicentro da pandemia global, Ecodebate, 14/09/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. A Argentina ultrapassa o Chile e ocupa o 10º lugar no ranking global dos casos da covid-19, Ecodebate, 31/08/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. Peru: maior proporção de casos e óbitos da covid-19 pela dimensão demográfica, Ecodebate, 21/09/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. A segunda onda da covid-19 em Cuba, na Jamaica, na França e outros países, Ecodebate, 09/09/2020. Disponível aqui.
ALVES, J.E.D. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020 . Disponível aqui.
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O Irã vive uma terceira onda da Covid-19 e com aumento de vítimas fatais. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU