30 Setembro 2020
Uma mulher transgênero fazia parte de um grupo de oito mulheres que recentemente se candidataram a cargos na Igreja Católica reservados apenas para homens. O grupo, chamado Toutes Apôtres! (Todas as apóstolas) é parte de uma nova onda do feminismo católico francês.
A reportagem é de Madeline Foley, publicada por New Ways Ministry, 29-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O primeiro pedido ocorreu em 25 de maio, quando Anne Soupa, uma mulher cisgênero, enviou um pedido para se tornar arcebispa de Lyon, um cargo vago desde que o cardeal Philippe Barbarin renunciou após acusações de encobrir abuso sexual infantil, relatou o portal Crux.
Após o pedido de Soupa, mais sete mulheres, incluindo Loan Rocher, uma mulher transgênero, enviaram pedidos para se tornarem bispas, presbíteras, diáconas, núncias e pregadoras. Essas mulheres então formaram a nova coalizão: “Toutes Apôtres!”, que se descreve como:
“... promotoras da igualdade no catolicismo para todos os batizados, independentemente de sexo, estado civil, profissão ou orientação sexual, e a organização é composta por mulheres em toda a França e além”.
Em resposta às suas solicitações, o embaixador do Vaticano na França, o arcebispo Celestino Migliore, programou reuniões individuais com quatro das mulheres. As três que não receberam ofertas de reuniões não colocaram números de telefone em suas inscrições.
Em 29 de agosto, inspirada pelos esforços das mulheres francesas, Voices of Faith, uma organização internacional de mulheres católicas, organizou uma discussão online intitulada, “Empoderando mulheres para libertar suas vocações”, que apresentou as oito mulheres. A discussão incluiu uma variedade de pontos de vista e mais de 250 participantes de todo o mundo compareceram.
A maior inclusão da comunidade LGBTQ na igreja foi um dos tópicos discutidos, junto com a ordenação de mulheres e um aumento no número de mulheres na liderança católica. Crux relatou:
“Falando sobre sua experiência pessoal, Rocher disse que nos últimos 12 anos ela tem sido ‘uma mulher transgênero e crente’ e se esforça para ajudar as pessoas por meio da cura espiritual a aprenderem a amar umas às outras sem julgamento, ‘mas elas não encontram essa ausência de julgamento em sua Igreja’”.
“Posso manter minha fé em Cristo, mas para muitas como eu isso não é possível, porque elas não estão na Igreja. Quero construir pontes, laços, para que as fronteiras e paredes possam desaparecer”, disse ela.
“Há 12 anos sou uma mulher transgênero e quero dizer à Igreja para abrir todas as portas e janelas. A Igreja é universal. Existem paredes que dividem as pessoas em categorias”, disse ela, expressando seu desejo de ajudar outras a “espalhar o amor pelo mundo”.
Temas semelhantes de outras mulheres abundaram. Marie-Automne Thépot, que também se candidatou à diácona, disse que, uma vez ordenada, “quer participar na construção de uma Igreja alegre, plural e abrir espaço para que todas espalhem o Evangelho no mundo”. As mulheres na discussão expressaram uma “riqueza de diversidade”, já que muitas delas vieram de diferentes origens e tinham diferentes pontos de vista sobre o que exatamente deve ser feito para promover a inclusão das mulheres.
Soupa, que iniciou este movimento com a sua primeira candidatura, afirmou que espera que “este seja o início de algo grande”. Os encontros com Migliore, a discussão entre as mulheres católicas sobre o tema da inclusão das mulheres e a nova coalizão para promover a inclusão de “todas as apóstolas” são sinais esperançosos de determinação em direção a uma Igreja mais universalmente inclusiva. Por último, a candidatura de uma mulher transexual para diácona é um marco importante para a igreja, pois a inclusão universal não pode ser completa sem a comunidade LGBTQ.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Uma mulher transgênero entre as feministas católicas que se candidataram aos ministérios reservados aos homens - Instituto Humanitas Unisinos - IHU