08 Setembro 2020
Uma encíclica com três focos está a caminho: a fraternidade humana universal, a solidariedade necessária após a pandemia, o diálogo com Islã. Terá o título de Fratelli tutti e o subtítulo "sobre a fraternidade e amizade social". Como já a Laudato si' (que data de 2015), esta nova encíclica também estará sob o signo de Francisco de Assis e Bergoglio a assinará em Assis no dia 3 de outubro. O Papa que tomou o nome do "Pobrezinho" escolhe novamente o título de uma encíclica a partir de um vocativo do Santo de Assis: Laudato si' foi tirado do Cântico das Criaturas, Fratelli tutti é a tradução de um vocativo usado por São Francisco nas “Admoestações” (escritas entre 1216 e 1221): “Consideremos, irmãos todos, o bom pastor, que para salvar suas ovelhas sofreu a paixão da cruz”.
A reportagem é de Luigi Accattoli, vaticanista italiano, publicada por Corriere della Sera, 06-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
A visita a Assis – a quarta do Pontificado – será curta e austera, como manda o Covid.
Bergoglio chegará à Basílica inferior de Assis às 15 horas do dia 3 de outubro, véspera da festa de São Francisco, celebrará a missa no túmulo do Pobrezinho e no final da celebração assinará a encíclica. “Por causa da situação sanitária – disse o porta-voz vaticano, anunciando o documento – é desejo do Santo Padre que a visita seja realizada em particular, sem a participação dos fiéis”.
Assim que a assinatura for concluída, Bergoglio retornará a Roma.
O texto da encíclica, que será entregue aos meios de comunicação no mesmo dia da sua assinatura, até o momento ainda não é conhecido, mas o seu conteúdo pode ser indicado por várias indiscrições que circularam nas últimas semanas. O tema da fraternidade universal retorna continuamente na pregação de Bergoglio. Assim o recordou na quarta-feira na audiência geral: “São Francisco de Assis bem sabia [que a fraternidade é o coração do cristianismo] e animado pelo Espírito deu a todas as pessoas, aliás, criaturas, o nome de irmão ou irmã. Até o irmão lobo, lembremo-nos”.
Quanto à fraternidade necessária para sair da pandemia, assim falou a respeito ontem na mensagem que enviou ao Fórum de Cernobbio: “A virada dos acontecimentos obrigou-nos a reconhecer que pertencemos uns aos outros, como irmãos e irmãs que vivem em uma casa comum". Por fim, convém recordar – como lembrete dos conteúdos da encíclica – a Declaração de Abu Dhabi do ano passado, que foi um documento sobre a "fraternidade humana" nascido no diálogo com o Islã dos Emirados Árabes e da Universidade Egípcia de Al Azhar. A fraternidade, dizia Francisco na ocasião, "nasce da fé em Deus Pai de todos e Pai da paz".
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Vírus, solidariedade, Islã. A encíclica de Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU