07 Julho 2020
Diante da iminente anexação israelense do território palestino da Cisjordânia, foram gerados múltiplos comunicados e protestos em todo o mundo contra a persistência da política colonial do governo de ultradireita de Benjamin Netanyahu, que parece estar se aproveitando desse contexto de emergência sociossanitária da Covid-19 para aprofundar o negacionismo histórico sionista da catástrofe (Nakba) sofrida pela população palestina, em 1948.
A reportagem é de Andrés Kogan Valderrama, publicada por OPLAS, 04-07-2020. A tradução é do Cepat.
Uma catástrofe que gerou a expulsão de 750.000 palestinos e que afetou os descendentes desses refugiados nascidos na diáspora, sendo negada sistematicamente pelos setores mais conservadores do mundo, que usam instrumentalmente uma tragédia como o Holocausto (Shoah) para justificar a construção de um Estado Uninacional Judeu expansionista, que nos últimos 70 anos se dedicou a ocupar terras, apropriar-se da água, construir assentamentos ilegais e até a construir um muro de 721 quilômetros, que nada mais faz do que evidenciar um sistema de Apartheid.
É por isso que, entre as muitas iniciativas contra essas políticas coloniais do Estado de Israel, aparecem algumas inclusive do próprio mundo judeu, que questiona um nacionalismo que foi capaz de pactuar com setores da ultradireita, que historicamente fomentaram a judeofobia e levaram finalmente ao Holocausto. Não é por acaso que pessoas como Donald Trump e Jair Bolsonaro, fervorosos negacionistas do racismo, classismo, antropocentrismo e androcentrismo imperantes, sejam fortes apoiadores do governo Netanyahu e promotores do chamado “Acordo do Século”.
Daí a necessidade de tornar visível a proposta dos judeus do mundo de intercambiar retornos com a denominada Troca de Lei de Direito: Um acordo diferente, impulsionada por Silvana Rabinovich, que, diante dessa catástrofe invisilibizada pelo negacionismo nacionalista, propõe a renúncia desses judeus à sua potencial cidadania israelense em troca da restituição do direito ao retorno dos palestinos ao seu local de origem.
Uma proposta que busca renunciar privilégios e abrir um novo horizonte político, longe de qualquer tipo de nacionalismo segregador, para abrir caminho para a possibilidade de construir um novo Estado Plurinacional na Palestina ou uma Confederação de Comunidades Autônomas, onde o encontro entre judeus, cristãos, muçulmanos e outras comunidades seja verdadeiramente democrático e sustentável territorialmente.
A solução de dois estados das últimas décadas fracassou, pois está ancorada na negação do outro, o que trouxe consigo mais ódio, perseguição e morte. Portanto, o que é necessário no momento são gestos pela vida e nos vermos como um todo, não apenas entre os humanos, mas também como parte da Terra.
Para aqueles que queiram assinar esta proposta pela vida, clique aqui.
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Intercâmbio de retornos frente ao negacionismo da Nakba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU