Por: Wagner Fernandes de Azevedo | 20 Mai 2020
Desde outubro de 2019 as ruas do Chile eram palco de massivos protestos diários. Com a chegada da pandemia de covid-19, a luta por uma nova constituinte necessariamente arrefeceu. No entanto, com a economia parada pela pandemia e a falta de assistência do Estado para os mais pobres, as ruas voltaram a ser ocupadas nessa segunda-feira, 18-05-2020. Panelaços desde as casas e prédios somaram-se aos manifestantes de bairros populares da capital chilena, que novamente estiveram em confronto com a polícia.
Passados seis meses desde a explosão das revoltas no Chile, o país deveria estar em processo de eleição da nova Constituinte, marcada para iniciar no início de maio. O adiamento ocorreu devido à pandemia. Do mesmo modo, os protestos, que eram diários, também pararam.
O primeiro caso de coronavírus no país foi detectado 03 de março, no dia 15 do mesmo mês o governo iniciou um toque de recolher em todo o país e decretou quarentena nas cidades mais afetadas. Assim como nas demais partes do mundo, esse processo resultou em graves consequências econômicas, somente os trabalhos essenciais seguiram funcionando normalmente no país. O governo calcula que o PIB retrairá 2% em 2020, e se estima que o desemprego já alcançou os dois dígitos no país e ainda devem somar os trabalhadores informais impossibilitados de trabalho.
Na segunda-feira, 18-05, os protestos foram massivos em Santiago, sobretudo na periferia metropolitana, na comuna de El Bosque. Os moradores saíram cobrar apoio econômico do governo, reconectando às manifestações por uma Constituinte que garanta proteção social e serviços básicos universais à população. O prefeito de El Bosque afirmou ao jornal El Mercurio que pelo menos 10% das comunas sofrem com extrema pobreza, em situação de fome, o que se dá pelo menos 5 mil famílias da capital.
A manifestação resultou em novos cenários de guerra – e aglomeração –, com pedras e paus atirados pelos manifestantes, e balas de borracha e bombas pelos Carabineros. Como mostram os vídeos abaixo:
Sebastián Piñera já havia anunciado medidas de auxílio, como a distribuição de 2,5 milhões de cestas básicas para os mais pobres e classes médias mais necessitadas. No entanto, depois dos protestos, afirmou que as ajudas chegarão a “70% das famílias do país”.
O Chile desde o final de abril já começava a reabrir o comércio. Mas constatou na última semana um aumento considerável nos casos de coronavírus, o que alarmou o governo para um lockdown ainda mais rígido. Na terça-feira foram identificados 4038 novos casos e 35 novas mortes, contabilizando ao todo, na tarde de quarta-feira, 20-05, 53.617 casos e 544 mortes, sendo 77% dos casos e 64% das mortes registradas na região metropolitana de Santiago.
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Chile. Em meio a avanço da covid-19, contra a fome e a pobreza, novos protestos e conflitos nas ruas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU