Respira-se o odor da história à medida que se aproxima o Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica (6 a 27 de outubro), e com razão. Porque é pela sobrevivência da Amazônia, ou pela sua destruição alegremente retomada pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que passa o destino do planeta.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Jesus, 09-09-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Porque independentemente dos viri probati, o pontificado de Jorge Mario Bergoglio parece correr rumo a esse compromisso quase como se fosse o seu ápice.
Porque, a meio milênio das brigas furiosas em terras de missão, serão um jesuíta e um franciscano, um argentino e um brasileiro, sentados displicentemente lado a lado, que liderarão a assembleia: o presidente, o Papa Francisco, e o relator geral, o cardeal Claudio Hummes.
Mas há mais: como explica o historiador Philip Jenkins no livro “La storia perduta del cristianesimo” [A história perdida do cristianismo] (Ed. EMI), “a diferença fundamental que explica a sobrevivência” da fé é “o grau de profundidade com que uma Igreja se enraizou em uma comunidade em particular e a medida em que a religião se tornou parte da atmosfera respirada pelo povo”.
Nos séculos passados, “a Igreja egípcia demonstrou uma maravilhosa capacidade de enraizamento, enquanto as africanas não conseguiram exercer uma influência significativa fora das cidades. Enquanto os egípcios expressavam a fé cristã na linguagem das pessoas comuns, tanto nos centros urbanos quanto nos campos, os africanos se concentraram apenas em algumas categorias e em algumas raças. O cristianismo egípcio se indigenizou; a sua homóloga africana permaneceu colonial”.
E, assim, “quando a sociedade mudou, quando as cidades caíram em ruínas, quando chegou a perseguição, a fé continuou em uma região, mas não na outra”.
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